A importância do fósforo na nutrição de aves e suínos

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Os minerais constituem normalmente de 4 a 6% do peso total do animal, destes, 1% corresponde ao fósforo, encontrado principalmente no tecido esquelético e nos dentes, em torno de 80%, onde proporcionará o apoio estrutural de que o animal necessita, além de participar da formação e manutenção do sistema ósseo e dos dentes, o restante se encontra nos tecidos moles. Desta forma, podemos afirmar que o fósforo está presente em todas as células do corpo do animal.

A avicultura e a suinocultura são segmentos do agronegócio brasileiro de importância consolidada, pois representam a maior parte do total de carnes produzidas no país. Os ingredientes que compõem as rações para aves e suínos representam a porção mais onerosa da produção e o adequado fornecimento de nutrientes é essencial para o máximo crescimento e deposição de tecido muscular pelos animais, ou seja, carne magra. A proporção destes custos pode variar entre sistemas de criação, onde a eficiência produtiva dos sistemas vai depender dentre outro fatores do potencial genético destes animais.

No caso da suinocultura, a redução na quantidade de gordura nas carcaças dos suínos, além de atender as exigências dos consumidores de carne, proporciona melhor eficiência produtiva, uma vez que animais de alto potencial genético e com menos gordura na carcaça normalmente são mais eficientes na transformação da ração em ganho de peso. No entanto, esta maior eficiência de transformação podem implicar em alterações na ingestão de ração e também nas suas necessidades nutricionais.

Sendo o fósforo, um dos nutrientes necessários nas transformações metabólicas de energia nas células, além de ser o segundo mineral mais abundante no organismo animal, comumente encontrado no tecido ósseo, onde juntamente com o cálcio formam e mantém a estrutura óssea destes animais. Justamente por estar envolvido no metabolismo da energia é que o fósforo é também considerado importante para o crescimento de tecido muscular, sendo este a segunda maior reserva orgânica desse mineral, em termos quantitativos.

Logo, por se tratar de um elemento essencial, o fósforo deve ser ofertado aos animais através da alimentação. O fósforo presente nas rações de aves e suínos pode ser proveniente dos alimentos de origem vegetal, fontes de origem animal ou fontes de origem rochosa. No entanto, a maior parte do fósforo proveniente dos alimentos de origem vegetal encontra-se na forma de fitato ou ácido fítico, que é pouco aproveitado por estes animais e considerado um fator antinutricional.

Como no Brasil a alimentação destas espécies tem como base principal a mistura de ingredientes vegetais em maior proporção, estes contêm quantidades reduzidas de fósforo disponível, sendo necessária a adição de ingredientes nestas rações que forneçam as quantidades suficientes desse mineral para o crescimento e a adequada mineralização óssea destes animais.

O fosfato bicálcico e o fosfato monocálcico são ass principal fontes minerais inorgânicas suplementares de fósforo nas rações com predomínio de ingredientes vegetais, para aves e suínos, uma vez que os monogástricos têm baixa eficiência na utilização de fósforo orgânico e a forma inorgânica é mais facilmente absorvida pelas células intestinais, sem a necessidade de prévia hidrólise por ação enzimática como a que necessita o ácido fítico. Os estudos de biodisponibilidade de fósforo em diversos ingredientes indicam que o fósforo de origem mineral do fosfato bicálcico e monocálcico, tem sido usado como referência e considerado altamente disponível, ou seja, a proporção ingerida capaz de ser absorvida pelo intestino e estar disponível tanto para uso metabólico quanto para o armazenamento nos tecidos animais e, por isso, amplamente utilizados na alimentação animal, não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Quando a suplementação mineral de fósforo é baixa, há um aumento na eficiência absortiva intestinal e na reabsorção renal desse mineral pelos animais, podendo nestas condições, ocorrer também a mobilização de fósforo dos ossos e tecidos moles, de forma a manter os níveis sanguíneos do mesmo. Desta forma, um fornecimento de fósforo aquém das exigências nutricionais destes animais pode comprometer o seu crescimento, uma vez que o desempenho zootécnico vai variar conforme o nível de fósforo nas rações. Quando as exigências nutricionais não são atendidas, além da redução no desempenho zootécnico, há uma piora na eficiência de utilização dos alimentos, crescimento lento, redução na produção de ovos e na sua eclodibilidade, além de uma mineralização óssea inadequada, discondroplasia tibial e raquitismo. Além disso, à medida em que a deficiência progride, o apetite desaparece, levando a uma baixa ingestão de alimento, reduzindo a sua eficiência, levando a um crescimento retardado e distúrbio reprodutivo em animais adultos.

Somado a isto, no caso de frangos, estas deficiências podem levar a ossos fracos, que quebram durante o processamento destas aves, gerando prejuízos econômicos. Pois, o aumento na incidência de ossos quebrados causa acúmulo de fragmentos de tecido esquelético, devido à sua maior porosidade e fragilidade óssea.

Por outro lado, quando o fósforo é oferecido em excesso em relação às exigências destes animais, há uma redução na eficiência absortiva intestinal e um aumento na excreção renal desse mineral, levando a um aumento na concentração de fósforo nas fezes e urina.

 Logo, torna-se importante conhecer e atender plenamente as exigências em fósforo destes animais, nas diferentes fases de produção e reprodução, através do fornecimento de rações balanceadas e sem margem de segurança excessivamente ampla, é a forma mais eficaz de maximizar o desempenho dos animais e reduzir a quantidade de fósforo excretado, minimizando assim problemas ambientais pelo acúmulo de fósforo no solo e na água pelo seu alto poder poluente. Estas margens de segurança podem ser eficientemente reduzidas, com o emprego do fósforo disponível em detrimento ao fósforo total na composição dos ingredientes utilizados nas rações.

No caso dos suínos, a exigência de fósforo depende da quantidade necessária desse mineral a ser suprida para atender suas necessidades de mantença e também a taxa e o tipo de tecido que será produzido. Como o músculo consiste na segunda maior reserva orgânica desse mineral, sendo cinco vezes maior que no tecido adiposo, logo à medida em que estes animais se desenvolvem menor quantidade de fósforo disponível é exigida por quilo de ganho de peso. Porém, nas fases de crescimento, quando estão em pleno desenvolvimento tanto de tecidos ósseo quanto muscular, eles têm maior exigência em fósforo disponível, do que na fase de terminação. Com a evolução genética dos suínos para maior deposição de proteína em detrimento a deposição de gordura na carcaça, justifica a maior retenção de fósforo por estes animais atualmente.

Logo, a quantidade de fósforo exigida para crescimento está intimamente relacionada com a capacidade de deposição de carne magra na carcaça pelas aves e pelos suínos. À medida em que se desenvolvem, menor será a quantidade de fósforo disponível exigida por quilo de ganho de peso, como reflexo das mudanças na taxa de deposição de tecidos com elevado e baixo conteúdo de fósforo. No caso, dos suínos jovens predomina o crescimento ósseo, já nos animais de recria o crescimento muscular e nos animais em terminação a deposição de tecido adiposo. Há várias razões para utilizar de estratégias alimentares que garantam eficiência na utilização dos alimentos para uma maior produção de carne magra, como: o aumento na demanda pelos consumidores por carne magra e de alta qualidade; a produção de carne magra que é mais concentrada em proteína e água, é mais eficiente do que a produção de gordura pelo animal, podendo reduzir os custos com alimentação; e em áreas com alta densidade animal, o aumento na eficiência alimentar contribui para a redução nas perdas de nutrientes para o ambiente.

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