Fósforo: solubilidade x biodisponibilidade

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O alto custo da mistura mineral usada na alimentação de bovinos está diretamente ligado à grande quantidade de fósforo presente. Depois da liberação do uso de fontes não convencionais de fósforo na nutrição animal, avaliar o desempenho delas se tornou uma tarefa essencial.

A legislação brasileira vigente até 2000 determinava que a solubilidade do fósforo em ácido cítrico (a 2% de concentração) deveria ser de, no mínimo 90%, para as fontes de fósforo utilizadas em misturas minerais.

Com a publicação da Portaria SDR n° 06, de 04/02/2000, esta obrigatoriedade foi suspensa e o uso de fontes não convencionais de fósforo passou a ser permitido para a alimentação animal. Uma dessas fontes é, por exemplo, o fosfato de rocha.

Pesquisas nacionais e internacionais revelam uma profunda relação entre a absorção de fósforo dos fosfatos inorgânicos e sua solubilidade em ácido cítrico 2%. No entanto, apesar de estarem diretamente ligados, esses parâmetros não querem dizer a mesma coisa.

A solubilidade em ácido cítrico é maior que 90% para todos os chamados bons fosfatos, sendo menor que 50% para os fosfatos de baixa disponibilidade. Alguns fosfatos indisponíveis, como o pirofosfato de cálcio e os de alumínio ferroso são considerados insolúveis em ácido cítrico 2%. Lembrando que a solubilidade não deve ser confundida com absorção. Essa é uma maneira simples de classificar os fosfatos alimentares bons, médios e ruins.

Como os fatores que interferem na biodisponibilidade (isto é, quantidade acessível de uma determinada substância aos organismos vivos) de um mineral são muito complexos, é muito difícil fazer afirmações sobre a relação entre sua solubilidade e a biodisponibilidade. No entanto, é sabido que fosfatos que possuem solubilidade maior que 90% em ácido cítrico 2%, possuem alta biodisponibilidade.

A biodisponibilidade pode ser definida como sendo a capacidade do fósforo ser absorvido e utilizado pelo animal. Nesta análise quanto maior o valor, mais utilizado e menos excretado é o mineral ingerido pelo animal. Ela costuma variar principalmente com a forma da molécula do fosfato, mas outros fatores como a proporção Cálcio/Fósforo (Ca:P) e a interação com outros elementos também podem afetá-la. Dessa forma, dois fosfatos podem ser equivalentes no teor de fósforo, mas diferentes na biodisponibilidade do elemento.

Para compreendermos o processo de produção dos fosfatos bicálcicos, inicialmente temos que conhecer as matérias-primas usadas em seu processo de fabricação. O fosfato bicálcico é obtido através do ácido ortofosfórico, que por tem origem nas rochas fosfáticas.

Quanto mais pura for a rocha, então, maior será a qualidade do ácido produzido à partir dela. Sabe-se que as rochas ígneas (originadas do resfriamento de magma) são mais puras que as metamórficas (resultados de transformação de outra rocha) que, por sua vez, são mais puras que as sedimentares (formadas pela compactação e cimentação de fragmentos de rocha e matéria orgânica). Alguns exemplos dessas rochas são:

  • Ígneas: Rocha de Cajati, Araxá e Tapira (Mosaic);
  • Metamórficas: Rocha de Patos de Minas;
  • Sedimentares: Rochas do Continente Africano e EUA.

No processo de fabricação de fertilizantes com fósforo, quando ocorrem temperaturas acima das recomendadas, há a formação de outras duas formas de fosfatos: o pirofosfato (resultado de aquecimento brando) e o metafosfato (resultado de aquecimento forte). Essas duas formas apresentam biodisponibilidade inferior ao fosfato bicálcico e, por isso, a avaliação dos fosfatos pelo método da solubilidade em ácido cítrico 2% é tão importante e essencial para avaliarmos a qualidade da matéria-prima utilizada. Nesses dois casos, a solubilidade fica abaixo de 90%.

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