Saiba quais são as boas práticas na nutrição de aves

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O Brasil é o celeiro do mundo! Este título significativo reflete a grande responsabilidade do agronegócio brasileiro, especialmente na avicultura. Graças à nossa abundância de recursos naturais e ao uso de alta tecnologia, o setor se profissionalizou e alcançou um status sanitário diferenciado.

No texto de hoje, vamos nos aprofundar no pilar da nutrição de aves, destacando as boas práticas relacionadas às rações ofertadas, ao manejo alimentar e ao controle dos indicadores produtivos que impulsionam a evolução da cadeia avícola.

Cenário atual da avicultura no Brasil

Seja de corte ou de postura, os números da atividade surpreendem com o rápido avanço com ganhos em produtividade e competitividade mundial. De acordo com a ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, a produção brasileira de carne de frango cresceu de 1980 para 2023 mais de 1.087%, passando de 1,250 milhões de toneladas para 14,833 milhões de toneladas.

O país é o 2º maior produtor e 1º maior exportador do mundo (34,5% da produção é destinado para mais de 150 países). Já no ranking mundial de produção de ovos, em 2023 fomos o 5º maior produtor com um total de 52,4 bilhões de unidades, exportando 48,4%.

Figura 01: Estatísticas do setor Avícola – Produção, Exportação e Consumo per capita.
Fonte: ABPA – Relatório Anual 2024 e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

A modernização da cadeia iniciou-se nos anos 60 com a introdução da avicultura industrial com sistemas de integração e atualmente, a chamada “Avicultura 5.0” já é uma realidade.

Assim, a partir do uso de equipamentos de última geração, processos de automação, digitalização e interação do componente humano integrando essas tecnologias, as novas ferramentas ajudam a monitorar e alcançar excelência nos quatro pilares da avicultura: nutrição, genética, ambiência e mão de obra.

Qual é a nutrição das aves?

Diferentemente do sistema de criação de aves caipiras, onde os animais possuem acesso à piquetes de gramíneas para pastejo, na avicultura industrial os animais recebem são nutridos exclusivamente por rações.

Assim, os tipos de rações variam em sua composição e nível nutricional de acordo com a exigência da idade, raça e produtividade esperada. De forma geral, a nutrição de aves visa a melhoria da eficiência e conversão alimentar, onde os animais aproveitam ao máximo o que foi ingerido e o convertem em proteína de alto valor biológico para consumo humano.

Nutrição de aves de corte

O desenho do programa nutricional para aves de corte (conjunto de rações fornecido a lote) é definido antes do alojamento, podendo seguir diferentes modelos:

  • Programa de 3 fases: (ração inicial, crescimento e terminação)
  • Programa 4 fases: (ração pré-inicial, crescimento e terminação)
  • Programa 5 fases: (ração pré-inicial, inicial, crescimento I, crescimento II e terminação)

Por outro lado, existe a possibilidade do uso de programas de alimentação múltiplos (“phase-feeding”), nos quais um grande número de dietas é fornecido às aves durante sua criação, Porém, vale ressaltar que a divisão em muitas fases pode se tornar inviável economicamente.

Nutrição de aves de postura

Na avicultura de postura, os protocolos nutricionais estão de acordo com o manual da raça. Algumas de suas especificações são:

  • Ração pré-inicial: de 1 a 35 dias de idade,
  • Ração inicial: de 36 a 60 dias de idade,
  • Ração crescimento: de 61 a 90 dias de idade
  • Ração maturidade: de 91 a 105 dias idade,
  • Ração pré-postura: de 105 dias até o primeiro ovo,
  • Ração postura pico: do primeiro ovo até 32 semanas de idade,
  • Ração postura 1: de 33 semanas até 61 semanas de idade.

O uso de dietas pré-alojamento (alocada nas caixas transportadoras), tem sido uma alternativa viável para minimizar os efeitos negativos ocasionados pelo jejum durante o transporte. Assim, quanto mais cedo oferecermos ração aos pintinhos, maior é o estímulo ao desenvolvimento da mucosa intestinal, menor será a perda de peso e desidratação.

Farelo de soja: principal fonte de proteína para aves

A proteína inclusa na alimentação das aves é responsável por boa parte dos custos da ração. Assim, podemos citar o farelo de soja como principal fonte de proteína para aves. Este alimento é resultante da moagem dos grãos para extração do óleo e é a fonte mais utilizada em dietas de aves em todo o mundo.

Além de possuir um percentual alto de proteína em sua composição (pelo menos 45%), o farelo de soja possui um bom balanço de aminoácidos (principalmente lisina e metionina), boa digestibilidade, baixo teor de fibras e é fonte de energia devido ao seu teor significativo de lipídios.

Por outro lado, é importante citar que, apesar das qualidades nutricionais, a soja também contém diversos fatores antinutricionais em sua composição. Por este motivo, ela não deve ser utilizada crua. Assim, o tratamento térmico, transformando o grão em farelo deve garantir a utilização correta e segura deste ingrediente na nutrição de aves.

Assim, para testar a eficiencia do processamento térmico e, desta forma, a desnaturação dos fatores antinutricionais (FAN´s), é realizado o teste de atividade ureática que se baseia no princípio de que a urease, presente na soja, é desnaturada na mesma intensidade que os inibidores de tripsina (proteínas que interferem na atividade das enzimas responsáveis pela quebra das proteínas em aminoácidos durante o processo digestivo).

O resultado esperado fica entre 0,00 e 0,10 de Δ pH, sendo que quanto mais próximo de zero,  melhor a qualidade no processamento.

Quando não são inativados eficientemente, os FANs podem causar distúrbios gastrointestinais, comprometer a saúde, interferir no funcionamento de diversos tecidos e órgãos, prejudicando o desenvolvimento e o desempenho produtivo das aves.

Outras alternativas de proteínas para aves

Além do farelo de soja, farelo de algodão, farelo de girassol e farelo de amendoim são outras fontes proteicas que podem ser utilizadas na nutrição de aves, bem como as farinhas de origem animal, desde que sejam de boa qualidade e devidamente processadas.

O uso de aminoácidos industriais (metionina, lisina, treonina e triptofano) estão comercialmente disponíveis e se tornam a cada ano mais competitivos em relação aos custos dos aminoácidos presentes nos alimentos e, configuram uma alternativa às fontes proteicas quando o nutricionista trabalha com o conceito de proteína ideal e realiza um ajuste fino da dieta.

Essa prática permite reduzir o teor proteico em torno de 2 a 5 % nas rações evitando o aporte excessivo de aminoácidos (proteína), viabilizando reduções de custos e interferindo positivamente no ambiente sanitário dos animais por redução nos níveis de amônia no ar.

O que é bom para fortalecer as galinhas?

Ao manter uma alimentação balanceada e rica em nutrientes, garantimos que o plantel de aves se tornem  fortes, produtivas e saudáveis. Da mesma forma que para frangos de corte, é necessário lembrar que uma dieta balanceada para aves de postura  é composta por fontes de energia como:

  • Milho;
  • Sorgo;
  • Macro e microminerais;
  • Mitaminas e aditivos como enzimas (fitase);
  • Probióticos;
  • Anticoccidianos.

Conhecer os indicadores qualitativos específicos para cada ingrediente e qualificar fornecedores idôneos e é o princípio básico das boas práticas e de fato, nutrir os animais corretamente.

Para escolher as matérias-primas com melhor custo-benefício para compor a ração, é necessário uma análise aprofundada considerando-se a segurança (alimentos livres de contaminantes físicos, químicos ou biológicos) e de qualidade (alta biodisponibilidade) pois, de nada adianta atender os níveis da dieta se o animal não consegue absorver os nutrientes e transformá-los em ovos ou carne.

Por exemplo, quando falamos de fontes minerais de fósforo, as mesmas podem apresentar de 30 a 90% de biodisponibilidade dependendo da sua origem, processamento industrial e forma molecular.  Portanto, nem sempre o alimento mais barato é o melhor.

Boas práticas na nutrição de aves

Além dos itens mencionados acima sobre a nutrição das galinhas, destacam-se outras boas práticas que devem ser monitoradas continuamente:

  •  Ambiência: De nada adianta adquirir uma ração impecável para as aves se não há ingestão. Por serem animais homeotérmicos (que mantém sua temperatura corporal entre 39ºC e 42ºC, independentemente da temperatura ambiente para dissipar o calor), as aves adotam mecanismos como a abertura das asas e a ofegação. Assim, aves em stress térmico não consomem a ração. Portanto, o controle de temperatura e ventilação dos galpões gera condições de temperatura corporal ideal às aves, garantindo sua saúde, bem-estar e boa conversão alimentar;
  •  Processamento: Rações trituradas e peletizadas possuem diversos benefícios como facilidade de ingestão, redução de desperdício, diminuição da separação dos ingredientes, aumento da densidade da ração e melhora o valor nutricional de alguns alimentos. (Exemplo: gelatinização do amido do grão de milho);
  •  Uso de Aditivos: A inclusão de aditivos como enzimas, ácidos orgânicos, prebióticos, probióticos e simbióticos na ração contribuem para melhorar a saúde intestinal das aves, o desempenho  animal  e, até  mesmo,  possibilitar a maior  utilização de ingredientes  alternativos.
  •  Qualidade da água: Certifique-se de que a água fornecida seja de alta qualidade e esteja sempre limpa. A água é essencial para a digestão e a absorção de nutrientes. Para promover redução na temperatura corporal, a temperatura da água deve estar em torno de 20 ºC. Deve-se resfriar a água de bebida através de uma maior taxa de renovação da água dos bebedouros ou linhas menores de distribuição;
  •  Monitoramento dos índices zootécnicos: Semanalmente, realize o monitoramento dos principais índices da atividade: consumo de ração, conversão alimentar, percentual de mortalidade e ganho de peso médio. Compare sempre com os valores esperados para o lote. Em caso de desvios, busque pela causa raiz do problema.

Como os produtos Mosaic contribuem para a nutrição de aves?

Na Mosaic, ajudamos o mundo a produzir os alimentos de que precisa. Por isso, quando o assunto é avicultura, não poderia ser diferente. O Foscálcio 21, fosfato monobicálcico, produzido em nossa unidade de Cajati-SP, é utilizado como ingrediente fonte de fósforo e cálcio na nutrição de aves de corte e de postura. Ele é responsável por fornecer proteína animal de alto valor biológico, pronta para alimentar todas as famílias do mundo com segurança e qualidade!

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