Quanto aos benefícios do sistema ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta) no componente forrageiro, além de promover os mesmos da ILP (Integração Lavoura Pecuária), devido à presença de árvores nas pastagens, esse tipo de sistema contribui no controle da erosão, na melhoria da fertilidade do solo, aumenta a produção e melhora o valor nutritivo das forragens, melhorando indiretamente a dieta dos animais.
E contribui ainda, para o acúmulo da matéria orgânica no solo, por meio da deposição de folhas e galhos, beneficiando a ciclagem de nutrientes. Além disso, as árvores proporcionam uma melhoria climática no ambiente da pastagem, o capim permanece verde e palatável por mais tempo, inclusive no período de baixa pluviosidade ou de seca.
E para os animais as árvores proporcionam conforto térmico, o que reflete em melhorias na qualidade da carcaça, no desempenho e evitam alterações negativas bruscas no comportamento.
Entretanto, ao implantar esse tipo de sistema, é importante levar em consideração a escolha do componente arbóreo, o qual deve apresentar crescimento rápido e arquitetura de copa que permita passagem de luz suficiente para o crescimento do sub-bosque.
O sistema ILPF no Brasil
No Brasil, o eucalipto (Eucaliptus spp.) tem sido o mais utilizado nos sistemas de ILPF devido a diversas características, tais como capacidade de adaptação a diferentes condições edafoclimáticas, rápido crescimento e por apresentarem árvores com arquitetura de copas adequadas para o desenvolvimento de culturas agrícolas e/ou forrageiras no sub-bosque.
Além disso, o espaçamento e o direcionamento das fileiras de árvores também são importantes, devendo ser implantadas na direção em que o sol se movimenta, ou seja, na direção leste-oeste.
O uso de espaçamentos e arranjos mais amplos nos plantios de eucalipto devem ser empregados com a finalidade de favorecer o consórcio com espécies agrícolas e/ou, pastagens, prevenindo que ocorram problemas de sombreamento excessivo no sub-bosque.
Quando isso ocorre, as principais alterações nas gramíneas são o aumento da relação parte raiz, alongamento de caules, pecíolos e entrenós, alongamento da lâmina foliar, redução da ramificação e do perfilhamento, aumento da área foliar específica e modificações na relação folha:caule e no ângulo de inclinação das folhas.
Em estudo conduzido na região dos Cerrados do Amapá, foi avaliada a taxa de acúmulo de massa de forragem em cinco gramíneas forrageiras do gênero Urochloa cultivadas sob três regimes de luminosidade: Pleno sol e sombreamento em sub-bosque de taxi-branco (Sclerolobium paniculatum) com densidades de 417 e 833 árvores.ha-1. O sombreamento intenso ocasionado pela maior densidade de árvores limitou o crescimento de todas as gramíneas estudadas, porém, o capim-marandu, uma das gramíneas avaliadas, apresentou maior capacidade produtiva e tolerância ao sombreamento proporcionado por 833 árvores.ha-1, destacando-se como opção para uso em sistemas de integração na região.
Por outro lado, a introdução de árvores e arbustos de uso múltiplo ou forrageiro em pastagens pode aumentar não somente a quantidade, mas também a qualidade da forragem disponível aos animais.
Valor nutritivo do pasto com o sistema ILPF
O valor nutritivo do pasto também é influenciado pela presença de árvores em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, principalmente em razão de adaptações morfofisiológicas. Diante dessas controvérsias, se faz necessário maiores informações sobre o comportamento das principais forrageiras tropicais como as do gênero Urochloa em sistemas de ILPF, os quais possuem luminosidade reduzida.
Contudo, é importante ressaltar que um dos grandes desafios da atualidade na questão ambiental é a adequação dos sistemas de produção às necessidades de eficiência econômica aliada à conservação de recursos naturais e, embora considerado inovador, os sistemas de ILPF já demonstrou solucionar essa questão, afinal, neste sistema mais do que produzir muito é fundamental produzir bem, com lucro, qualidade, respeito ambiental visando à melhoria e bem estar, sobretudo dos animais e, consequentemente, do produtor rural.
Artigo escrito por Vinicius Gomes | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic Fertilizantes
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