Vantagens e desvantagens da Integração Lavoura-Pecuária

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Você já ouviu falar sobre o conceito de Integração Lavoura-Pecuária (ILP)?

O sistema de produção pecuário brasileiro possui grandes extensões de terra cobertas por gramíneas tropicais e subtropicais e temperadas, as quais são responsáveis por grande parte da produção pecuária do nosso país. 

De acordo com dados da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne, cerca de 87% dos animais em fase de cria, recria e engorda são criados em sistemas de pastejo, sendo somente 13,4% provenientes de confinamento.

Boa parte desse resultado se deve à maior competitividade econômica dos sistemas de produção baseados em pastagens, frente aos confinamentos.

Com a maior demanda por alimentos e a pressão do mercado interno e externo acerca de segurança alimentar e produção ambientalmente sustentável. 

Muitos trabalhos foram e vêm sendo desenvolvidos com o intuito de aumentar a produção de alimentos por área visando o mínimo de degradação ambiental e reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas para a exploração agrícola/pecuária. 

Nesse cenário, os Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária vêm se destacando dia após dia.

O que são os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária?

A resposta é simples, os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária ou ILP como são popularmente conhecidos, são sistemas de produção que incentivam o consórcio entre a agricultura e pecuária, através de rotação e sucessão de culturas possibilitando dessa forma, a produção de grãos e o cultivo de pastagens em uma mesma área sendo possível a exploração da terra de forma sustentável e economicamente viável através do manejo racional do solo ao longo de todo o ano. 

O tipo de cultivo agrícola que será consorciado com as pastagens irá depender da região e do tipo de solo, e do poder de investimento do produtor. 

Por que realizar a Integração Lavoura – Pecuária?

Em função do sinergismo que existe entre as culturas de grãos e pastagens, teremos melhores condições físicas, químicas e biológicas no solo, quebra do ciclo de doenças e a redução de plantas daninhas, aumentando significativamente a disponibilidade de nutrientes, água para as plantas e produtividade. 

Com esse aumento na produtividade, teremos um incremento na produção de grãos, leite e/ou carne, melhorando a renda e a qualidade de vida das famílias que desenvolvem esse sistema.

Além disso, os solos que são ocupados por pastagens em geral são mais pobres em nutrientes quando comparados àqueles usados pela produção de grãos. Por esse motivo, é de se esperar que a produtividades nessas áreas sejam abaixo das ideais. 

No Brasil, antes do uso de pastagens cultivadas na região do Cerrado por exemplo, a lotação animal era de 0,3 a 0,4 animal/ha e a idade de abate ultrapassava os 48 meses (Arruda, 1994), e dentre as causas da redução de produtividade ou até mesmo da degradação das pastagens, temos a baixa fertilidade do solo devido à exportação dos nutrientes pela produção animal, processos erosivos, lixiviação que na grande maioria das vezes se deve ao manejo incorreto realizado nessas pastagens.

Melhorias nas pastagens degradadas

Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária têm-se mostrado uma alternativa muito promissora quando o assunto é renovar as pastagens degradadas. Uma vez que, esses sistemas agregam práticas de manejo e conservação do solo já conhecidos e muito utilizados pelos agricultores. 

O uso de fertilizantes químicos e a correção do pH para o cultivo agrícola, levam ao aumento da oferta de nutrientes residuais para a pastagem. 

Essa correção possibilita melhor desenvolvimento do sistema radicular das plantas forrageiras, aumentando a produção de massa de folhas, melhorando significativamente o valor nutritivo e consequentemente a produção animal/área.

Outro fator é a melhoria nas condições biológicas e físicas do solo promovidas pela pastagem em áreas de lavoura, uma vez que, as forrageiras deixam grande quantidade de resíduo sobre o solo (palhada), aumentando a matéria orgânica no sistema e minimizando problemas com erosão. 

Além disso, possuem raízes longas que ficam no perfil do solo, melhorando a aeração, movimentação de nutrientes e da água o que leva a uma melhoria significativa com impactos substanciais para a agricultura.

Os sistemas ILP contribuem para a redução dos custos da atividade agrícola e pecuária através do sinergismo entre as culturas, além de reduzir os riscos de se trabalhar com monocultura.

Como implantar um sistema lavoura-pecuária?

Antes de qualquer coisa, o produtor deve ter em mente que toda mudança de sistema de produção dentro de uma propriedade ou de uma determinada área necessita de investimento e ter um bom planejamento para cada fase. 

Quando se pensa em implantar um sistema ILP, é importante ter em mente a necessidade de maquinário específico para a implantação das culturas agrícolas e a necessidade de cercas, troncos de manejo dos animais, bebedouros, saleiros para a atividade pecuária. 

É necessário entender a demanda pelos produtos produzidos dentro da região e de que forma será feito o escoamento desses produtos. 

Outro fator de grande importância é planejar em qual momento cada uma das culturas destinadas a consorciação será implantada de acordo com as características climáticas da região. Esse planejamento deve ser feito inicialmente com a escolha da área em que se iniciará o trabalho. 

Realizar uma análise de solo com antecedência e corrigir as demandas de nutrientes. Atentar-se aos tipos de doenças e pragas que comumente ocorrem na região e estar preparado para combatê-las.

A escolha da planta forrageira que será utilizada no sistema de integração é de grande importância e deve-se levar em consideração as caraterísticas da região (solo, clima, relevo) e os objetivos do produtor. De maneira geral uma boa forrageira para o sistema ILP deve apresentar facilidade de semeadura em sistemas consorciados, baixa competição com as culturas, apresentar tolerância ao sombreamento e boa produção de massa seca, proporcionar uma boa palhada e proteção do solo.

A implantação da forrageira pode ser feita na forma a lanço ou na linha e poderá acontecer juntamente com a semeadura dos grãos, nesse caso é importante trabalhar com culturas agrícolas de crescimento acelerado para que a forrageira não limite o seu desenvolvimento inicial. Ou trabalhar com implantação da forrageira após a semeadura dos grãos, reduzindo a competição entre as espécies. 

O que se tem visto no campo e na literatura é que apesar da técnica exigir mais cuidado e atenção ao manejo por parte do produtor, o uso dos sistemas de integração ILP tem beneficiado o solo e a recuperação de pastagens degradadas com aumento de renda para os produtores. 

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Artigo escrito por Eliana Geremia | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic Fertilizantes

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