Potenciais Aditivos Utilizados na Alimentação de Ruminantes

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A inclusão de aditivos na dieta de animais ruminantes é considerada uma das estratégias utilizadas dentro da nutrição e tem o objetivo de melhorar o aproveitamento de nutrientes ingeridos através da modulação da fermentação ruminal e otimização dos processos digestivos, maximizando a eficiência da produção animal. Sabemos que os aditivos mais utilizados são em sua maioria substâncias com atividades antimicrobianas, tendo destaque os diversos ionóforos disponíveis no mercado.

No entanto estes aditivos sofreram algumas restrições em relação a sua utilização, sendo que em alguns países o seu uso foi totalmente banido devido ao risco de seleção de resistência cruzada a medicamentos usados ​​para tratar infecções bacterianas.

Mesmo que a maximização da eficiência na produção animal seja algo fundamental, devemos também dar atenção a sustentabilidade e a segurança alimentar. Produzir é importante mais buscar informações recentes e promissoras é primordial dentro de um sistema produtivo. É fácil compreendermos também que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de carne bovina, e frente a este cenário o nosso país vem acompanhando as mudanças do mercado em relação a aditivos alternativos com efeitos similares a aqueles já utilizados.

Podemos perceber nos últimos anos que houve uma intensificação das pesquisas buscando novas opções alimentares. Diversos aditivos naturais estão sendo estudados, e entre eles temos a quitosana e o líquido da casca da castanha de caju (LCCC).

A quitosana é considerada um polímero natural, derivado da desacetilação da quitina que é uma substância presente no exoesqueleto de crustáceos e fungos. Há muitos anos este produto vem sendo explorado ganhando cada vez mais atenção, por se tratar de um produto natural biodegradável, abundante e não tóxico.

Alguns estudos realizados in vitro e a campo com a quitosana observaram que a sua inclusão na dieta de ruminantes pode influenciar alguns parâmetros fermentativos no rúmen, apresentando atividade antimicrobiana. Além disso também são encontrados resultados relacionados com a ingestão de matéria seca e digestibilidade dos nutrientes, apontando a quitosana como um possível modulador da fermentação ruminal.

O LCCC é outro aditivo que vem sendo avaliado com efeitos similares aos antibióticos ionóforos. Este produto é extraído da casca da castanha de caju e é considerado um óleo funcional devido as suas funções. Trabalhos realizados com o LCCC observaram seus efeitos sobre consumo e a digestibilidade dos nutrientes.

Assim como a quitosana o LCCC tem ação antibacteriana contra bactérias ruminais, principalmente as gram positivas, ou seja, selecionam microorganimos presentes no rúmen do animal e o seu modo de ação está ligado à interação e a ruptura da estrutura da parede/membrana celular da bactéria com estes aditivos. A diminuição das bactérias gram positivas que são produtoras de ácido lático podem levar a redução de acidose lática e timpanismo, beneficiando as bactérias gram negativas produtoras de propionato e geradoras de energia, melhorando assim a eficiência nos processos fermentativos.

Resultados encontrados com pesquisas realizadas com quitosana e LCCC pelo Grupo de Estudos em Nutrição e Produção de Ruminantes (Universidade Federal da Grande Dourados), mostraram que estes aditivos podem ter efeitos satisfatórios. Jacaúna (2016) avaliou o efeito da inclusão de níveis de quitosana sobre a digestibilidade in vitro dos nutrientes em dietas para ruminantes e observou que o aditivo altera os parâmetros avaliados mais eficientemente na dose mínima de 1722 mg/kg de MS. Dias et al. (2017), analisando diferentes níveis de quitosana, observaram que houve aumento na concentração ruminal de propionato e alterações na produção microbiana de proteína bruta, recomendando a dosagem de 900mg/kg de MS para novilhos em pastagens tropicais. Os aditivos também foram analisados separadamente e em associação usando dosagens fixas de quitosana (900mg/Kg de matéria seca) e LCCC (600mg/kg de matéria seca) para bovinos suplementados a pasto, podendo observar que o LCCC se mostrou eficiente sobre a digestibilidade e a síntese de proteína microbiana, já a associação dos aditivos promoveu um maior consumo de suplemento e balanço de nitrogênio (Silva, 2019).

A utilização de aditivos alternativos na alimentação de ruminantes tem ganhado maior atenção nos últimos anos, buscando princípios ativos que possam substituir os ionóforos. O conhecimento das vantagens de novos produtos associados com o animal, dieta e seus efeitos faz parte das tecnologias inseridas dentro do mercado. Mantenha-se informado e busque de forma segura respostas as mudanças dentro do sistema de produção animal.

Escrito por Nayara Gonçalves da Silva | Doutoranda em Produção Animal pela Universidade Federal da Grande Dourados.

Escrito por Dr. Rafael Henrique de Goes | Zootecnista e professor Associado da Universidade Federal da Grande Dourados.

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