Para que serve a silagem de milho?

6 min de leitura

A silagem de milho é um alimento volumoso essencial na nutrição de ruminantes, obtido por meio da fermentação anaeróbica da planta inteira do milho. Seu alto valor nutritivo, especialmente o elevado teor de energia, torna esse recurso indispensável para sistemas produtivos voltados à produção de leite e carne.

Contudo, para que a silagem de milho realmente contribua com níveis nutricionais adequados e maximize o desempenho animal, é fundamental observar uma série de fatores técnicos durante sua produção.

Neste artigo, você encontrará informações essenciais para garantir uma silagem de alta qualidade. Vamos explorar como esse processo funciona, desde a escolha do híbrido até os cuidados com o armazenamento, destacando os pontos críticos que influenciam diretamente o valor nutricional do alimento. Continue a leitura e saiba como produzir silagem eficiente e nutritiva!

A escolha da cultivar e época de plantio

Atualmente, o mercado oferece diversas cultivares de milho desenvolvidas especificamente para a produção de silagem, com características que favorecem tanto o rendimento quanto a qualidade nutricional do alimento.

Um bom híbrido deve ser capaz de produzir grande quantidade de massa verde (MV), apresentar alta porcentagem de grãos, folhas verdes e excelente digestibilidade da matéria seca (MS).

Segundo Neumann e outros autores, alguns indicadores agronômicos importantes para a escolha de híbridos para silagem incluem:

  • Menos de cinco folhas secas na parte inferior da planta;
  • Altura entre 1,9 a 2,6 metros;
  • Produção de MV acima de 55.000 kg/ha e MS superior a 18.000 kg/ha;
  • Menos de 25% de colmo;
  • Mais de 15% de folhas;
  • Menos de 20% de palha e sabugo na espiga;
  • Mais de 40% de grãos na composição da silagem.

O período de plantio para híbridos destinados à produção de silagem é, em geral, o mesmo utilizado para cultivares voltadas à colheita de grãos.

A adubação também deve ser planejada especificamente para silagem, uma vez que toda a planta é colhida, sem deixar material residual no solo. Por isso, é essencial realizar uma análise de solo e considerar as necessidades nutricionais do híbrido escolhido, garantindo uma fertilização eficiente e sustentável.

Como é feito o processo de silagem?

O processo de produção da silagem é denominado ensilagem. Embora seja tecnicamente simples, exige precisão para que o valor nutritivo do material colhido no campo não se perca dentro do silo. Por isso, é fundamental que os produtores sigam cuidadosamente alguns pontos críticos durante a ensilagem

Ponto de colheita

A colheita do milho para silagem deve ser realizada com atenção ao teor de matéria seca (MS) e ao enchimento dos grãos, pois esses fatores influenciam diretamente a qualidade nutricional e a eficiência da fermentação. O ponto ideal ocorre quando a planta apresenta entre 33% e 35% de MS, e os grãos estão com 2/3 da linha do leite em estágio farináceo e 1/3 em estágio leitoso. Nesse estágio, há uma combinação favorável entre produção de matéria seca, acúmulo de amido nos grãos e concentração adequada de açúcares solúveis, que favorecem o processo fermentativo.

A colheita antecipada, por sua vez, pode comprometer a produção de massa verde (MV), aumentar as perdas de nutrientes por efluentes — fenômeno conhecido como “silo chorando” — e reduzir a concentração de amido, devido ao enchimento incompleto dos grãos. Além disso, quando o teor de MS está abaixo do ideal, há maior risco de ocorrência de fermentações indesejadas, como a acética e a butírica, que deterioram o material ensilado e reduzem o consumo pelos animais devido ao odor desagradável.

Já a colheita tardia, com MS superior a 35%, embora possa aumentar a produção de MV e a concentração de amido, dificulta a compactação do silo, prejudicando a expulsão do ar e, consequentemente, a fermentação. Também há aumento na proporção de folhas mortas, o que reduz a digestibilidade da silagem.

Outro ponto crítico é a quebra dos grãos. À medida que a planta amadurece, os grãos passam do estágio farináceo para o estágio de grão duro. Se não forem devidamente quebrados durante o processamento, há aumento da taxa de passagem dos grãos pelo trato gastrointestinal dos animais, o que pode ser observado pela presença de grãos inteiros nas fezes. Isso representa uma perda direta de nutrientes e reduz a eficiência produtiva, tanto na produção de leite quanto no ganho de peso na pecuária de corte.

Altura do corte e forma de colheita 

A altura de corte da silagem varia conforme os objetivos de produção e a estrutura da propriedade em relação ao estoque de alimentos. Em geral, recomenda-se cortar o milho entre 20 e 40 cm de altura. Estudos conduzidos por Podó et al. (2009) avaliaram diferentes alturas de corte para silagem de milho safrinha (20, 45, 70 e 90 cm) e constataram um aumento de 20% no teor de matéria seca (MS) entre os cortes mais baixos e mais altos. Além disso, o aumento da altura de corte de 20 para 95 cm resultou em uma redução de 38,5% no teor de lignina, o que melhora a digestibilidade do material ensilado.

Na prática, observa-se que o aumento da altura de corte concentra mais energia na silagem, devido à maior proporção de grãos, e reduz a quantidade de fibra, resultando em um alimento com melhor qualidade nutricional em comparação às silagens cortadas mais próximas ao solo. Por outro lado, quanto maior a altura de corte, menor o rendimento de matéria seca por hectare. Por isso, a definição da altura ideal deve considerar as necessidades da propriedade e da categoria animal que será alimentada.

Quanto à forma de colheita, os métodos mais comuns envolvem o uso de ensiladeiras de arrasto, acopladas ao trator, e ensiladeiras autopropelidas com rolo processador de grãos. As autopropelidas oferecem a vantagem de melhor processamento dos grãos, o que contribui significativamente para o aproveitamento nutricional da silagem pelos animais.

Independentemente do tipo de ensiladeira utilizada, o tamanho ideal das partículas deve estar entre 0,5 e 2,0 cm. Essa granulometria favorece a acomodação do material dentro do silo, facilita a expulsão do ar e melhora a fermentação e conservação da massa ensilada.

Para garantir esse padrão de picado, é essencial que o produtor mantenha sua máquina ensiladeira em boas condições. Isso inclui verificar se as facas estão devidamente afiadas e realizar os ajustes das contrafacas sempre que necessário ou quando houver alteração no tamanho de picado ou no nível de processamento dos grãos.

Compactação e vedação do silo

Para que o processo de fermentação da silagem ocorra de forma eficiente, é fundamental que a compactação do silo seja bem executada. O material ensilado deve ser distribuído em camadas de aproximadamente 20 cm dentro do silo, e compactado com o uso de trator, com o objetivo de eliminar o máximo de ar e criar as condições ideais para a fermentação em ambiente anaeróbio — ou seja, sem presença de oxigênio.

De acordo com estudos de Ruppel (1997), o equipamento utilizado na compactação deve ter peso igual ou superior a 40% da massa que chega ao silo. O uso de máquinas mais leves pode prolongar o tempo necessário para compactar adequadamente e aumentar os custos operacionais, especialmente com combustível.

Após o enchimento e a compactação da massa, o silo deve ser vedado com lona específica, preferencialmente com espessura entre 150 e 200 µm, de dupla face e com alta resistência mecânica. É imprescindível que essa lona seja de boa qualidade, resistente à ação do sol e bem fixada ao solo, com as bordas enterradas, garantindo o isolamento completo do ambiente interno.

Esses cuidados são essenciais para preservar as condições ideais de fermentação e assegurar a conservação da massa ensilada, evitando perdas nutricionais e garantindo a qualidade do alimento oferecido aos animais.

Quanto tempo dura a silagem de milho ensilada?

Silagem de milho sendo colhida.
Harvesting silage corn maize

 O processo fermentativo da silagem leva, em média, de duas a três semanas (21 dias). Após esse período, o material já pode ser utilizado. No entanto, o ideal é que o silo permaneça fechado por pelo menos três meses, pois esse tempo adicional promove melhoras significativas na qualidade e na digestibilidade da silagem, especialmente no que diz respeito ao teor de amido.

De modo geral, quanto mais tempo o silo permanecer fechado, maior será o aproveitamento dos nutrientes pelos animais. Desde que sejam mantidas as condições adequadas de conservação — ou seja, sem entrada de ar ou água na massa ensilada — o silo pode permanecer fechado por anos, sem prejuízo à qualidade do material.

Valor nutricional da silagem de milho

O valor nutricional da silagem de milho depende diretamente do ponto em que a planta foi colhida. É importante destacar que o processo de conservação da forragem não melhora sua qualidade; como o próprio nome indica, ele apenas preserva o que veio do campo.

Assim, silagens colhidas de forma antecipada tendem a apresentar maior digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN), embora apresentem menores teores de amido. Em contrapartida, silagens colhidas tardiamente concentram maior teor de amido, mas com menor digestibilidade da FDN, além de correrem o risco de perda de amido caso os grãos não sejam devidamente processados.

Por isso, é essencial considerar os pontos técnicos abordados ao longo deste texto. Na prática, observa-se que silagens com teores de FDN entre 37% e 45% na matéria seca (MS) proporcionam maior ingestão de alimento e melhor desempenho animal, tanto na pecuária de corte quanto na produção de leite.

Além disso, busca-se silagens com teores de amido superiores a 32%, acompanhados de digestibilidade acima de 80%, garantindo um alimento de alta qualidade e excelente aproveitamento pelos animais.

Em suma, o processo de produção de silagem é relativamente simples, porém deve ser muito bem feito para que o pecuarista não tenha prejuízos futuros. E foi pensando nisso, que a Mosaic lançou no mercado a linha MPasto, uma linha de fertilizantes específica para a produção de silagens e pastagens que auxilia o produtor a atender as necessidades nutricionais do solo, refletindo em maior qualidade dos volumosos e garantindo maior ganho para os animais.

mpasto

Artigo escrito por Eliana Geremia | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic

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