Análise bromatológica: o que é e como fazer na produção de silagem?

6 min de leitura

O ponto central da produção de silagem é maximizar a preservação dos nutrientes presentes na forragem para posterior uso na alimentação animal. No artigo de hoje, vamos entender como a análise bromatológica pode contribuir neste processo.

Qual é o objetivo da análise bromatológica?

A análise bromatológica tem como principal objetivo detalhar os componentes químicos e quantificar os nutrientes presentes no material. Normalmente, comparamos a qualidade de uma silagem com parâmetros já estabelecidos na literatura.

Vale ressaltar que o valor nutritivo de uma silagem de milho pode variar co o tipo de híbrido, densidade de plantio, fertilidade de solo, condições de crescimento, maturidade e teor de umidade na colheita, altura de corte, tamanho de picado e processo de ensilagem (SATTER & REIS, 1997).

Informações essenciais em uma análise bromatológica

A seguir, listamos e explicamos cada uma das informações e índices essenciais dentro de uma análise bromatológica.

Matéria seca (MS)

Essa informação representa toda fração do alimento que não é água. Ou seja, todos os nutrientes descontando a água. No caso de silagens, o ideal é que o teor de MS gire em torno de 30 a 35%.

A MS é considerada o fator mais importante quando avaliamos uma silagem. Assim, a concentração dos nutrientes digestíveis totais está diretamente relacionada com o teor de matéria seca da massa.

Assim, silagens colhidas de maneira antecipada (teor de MS abaixo de 30%) reduzem o acúmulo de amido e a concentração de nutrientes digestíveis totais (NDT), além de comprometer o processo fermentativo pelo excesso de umidade, aumentando a lixiviação e a perda de nutrientes.

Além disso, quando o nutricionista formula uma dieta para animais, o consumo diário sempre será baseado em matéria seca.

Por exemplo, se compararmos uma silagem com 35% de MS e outra com 30% MS, com um fornecimento diário de 20 kg de silagem para vacas em lactação, estaremos ofertando 7 kg e 6 kg respectivamente (20*35% = 7 kg; 20*30%= 6kg), o que representa uma diferença de 20% na quantidade de nutrientes ofertados ao animais e consequentemente diferenças em produção de leite.

Amido e digestilibilidade do amido

O amido é um carboidrato não fibroso e representa a fração energética do alimento. Quando falamos em silagem, o amido é uma fração de grande importância para o sucesso da produção de carne e leite.

Então, quanto mais próxima de 100%, melhor é a digestibilidade do amido. Fatores como escolha de híbrido, colheita no ponto ideal, processamento do grão de forma adequada e tempo de vedação potencializam a digestibilidade e aproveitamento do amido pelos animais.

Fibra em detergente Neutro (FDN)

A FDN representa as frações fibrosas do alimento responsável por manter a função e saúde do rumem. Apesar de representar a fração fibrosa, parte dela é digestível e aproveitada para produção animal, como pectina, hemicelulose e frações de celulose.

Fibra em detergente ácido (FDA)

Por outro lado, a FDA representa as frações não digestíveis de um alimento, ou seja, frações fibrosas que não serão convertidas em leite ou carne. São representadas pela celulose não digerida, lignina e cílica. Portanto, quanto maior o teor de FDA de um alimento, menor será sua digestibilidade e qualidade.

Nutrientes Digestíveis Totais (NDT)

O NDT é o índice responsável por quantificar todos os nutrientes que serão digerido e aproveitados para produção de leite ou carne.

Proteína Bruta (PB)

A PB corresponde a fração proteica do alimento. Ou seja, o quanto de proteína um determinado alimento oferece ao animal. No geral a cultura do milho apresenta baixos teores proteicos por se tratar de um alimento energético.

Kg leite ou carne/tonelada de MS de silagem

Índice que representa a conversão de MS de silagem em produção de leite e/ou carne. Assim, quanto maior a qualidade da silagem consumida pelo animal, maior será sua produção. Esse parâmetro indica quantos quilos de leite ou carne é possível produzir em uma tonelada dessa silagem.

Ácidos

Se tratando de um alimento que passa por processo fermentativo, a silagem possui na sua composição. ácidos orgânicos como o ácido lático, ácido acético e ácido butílico. Sim, ao ser colhida, a planta forrageira traz junto para o silo bactérias, fungos e leveduras.

Mesmo depois de picadas, compactadas e muito bem vedadas, as células da planta continuam respirando, consumindo oxigênio restante no material, liberando gás carbônico. Isto suprime o desenvolvimento de bactérias aeróbicas, dependentes de oxigênio para viver (Neumann, 2010).

Assim, nesse processo inicial, a produção de gás carbônico, água e energia em forma de calor provoca o aumento da temperatura interna do silo acima de 45°C. Tais condições favorecem a produção de ácido acético. Quanto menor o teor de carboidratos solúveis do material ensilado, maior é o tempo gasto no abaixamento de pH da massa, fazendo com que ocorra maior produção de ácido acético.

Portanto, silagens com alto teor de ácido acético apresentam cheiro característico de vinagre, o que pode reduzir o consumo pelos animais. Já as silagens com adequado teor de carboidratos solúveis, apresentam rápido abaixamento de pH após o processo de vedação (3 dias); com o ambiente ideal e redução de pH, inicia-se a ação das bactérias ácido laticas que produzem o ácido lático, que contribuem ainda mais com o abaixamento do pH a níveis adequados (inferiores a 3,8), e a temperatura do silo se estabiliza e após 3 semanas todo o processo fermentativo foi concluído.

No entanto, se por algum motivo o ambiente for alterado (má compactação ou vedação), o abaixamento do pH e temperatura serão comprometidos e o ambiente se torna favoráveis ao crescimento e desenvolvimento de bactérias nocivas, produtoras de ácido butírico, o que torna as silagens de má qualidade com baixa aceitação pelos animais.

Assim, o ácido lático na silagem é responsável por manter pH e temperatura em níveis adequados. Sua concentração nas amostras de boa qualidade gira em torno de 6 a 8%. Já o ácido acético e butílico são produzidos em maior quantidade quando a fermentação não ocorre de maneira correta, sendo que, em silagens de boa qualidade, os valores de referência de ácido acético são de no máximo 2% e butírico menos de 0,1%.

tabela com a classificação da silagem de milho

Outros aspectos relevantes na avaliação da silagem

Além da análise bromatológica que pode ser feita no material ensilado após a abertura, existem outros parâmetros que podem ser avaliados para identificar se uma silagem de boa ou má qualidade, como a análise agronômica, sensorial e de desempenho animal.

Como exemplo, na análise agronômica podemos avaliar a porcentagem de grãos e colmo na planta, produção de MS/ha, altura de planta e número de fileiras de grãos na espiga. Abaixo são apresentados alguns parâmetros que podem indicar de forma agronômica a qualidade de uma silagem conforme o Núcleo de Produção Animal (NUPRAN), da Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná (Unicentro).

tabela de parâmetros da qualidade de silagem

A análise sensorial é outro parâmetro que podemos levar em consideração para avaliação da qualidade de uma silagem. Essa análise é considerada um recurso bastante didático que possibilita demonstrar aos produtores onde estão os pontos de melhoria no processo produtivo. Tal método foi desenvolvido em 1989 por Meyer e seus colaboradores, e está fundamentado na observação da coloração, textura, odor, presença de substâncias estranhas e contaminação por fungos e leveduras.

Como melhorar a qualidade da silagem?

Para podermos obter uma silagem de excelente qualidade, devemos levar em consideração alguns pontos no processo de implantação da ár,ea e ensilagem do material.

  • Adubação correta do solo: O milho destinado à confecção de silagem possui necessidades nutricionais distintas do milho destinado à colheita do grão, em função da forma de colheita. No milho silagem a planta é colhida totalmente, não tendo retorno de nutrientes via palhada, como ocorre na cultura destinada à produção de grãos. Em outras palavras, a extração e exportação de nutrientes no caso de milho silagem é elevada.

    Em função disso, o pecuarista deve ficar atento a análise do seu solo e fornecer os nutrientes de maneira adequada para atingir a produção desejada. Dentre os nutrientes com maior taxa de exportação do milho silagem está o potássio, muitas vezes negligenciado pelos pecuaristas em função de custo. Vale lembrar que esse nutriente é de extrema importância na formação e enchimento dos grãos de milho, que irá determinar o nível de amido e nutrientes digestíveis totais da silagem;
  • Escolha do híbrido que melhor se adequa a sua região;
  • Iníciar o corte da planta quando os grãos estiverem em ponto farináceo;
  • Realizar uma boa manuentenção e regulagem no implemento de colheita a fim de realizar um bom tamanho de picado (05 a 1,5 cm) e quebra dos grãos;
  • Altura de colheita do milho: Ao elevar a altura de colheita, melhoramos consideravelmente a qualidade da silagem, porém reduzimos a produção/ha. Por esse motivo, essa é uma decisão que deve ser tomada pelo pecuárista em conjunto com o responsável técnico da fazenda, buscando equilibrio entre qualidade e produtividade da lavoura;
  • Ajustar o peso do trator de acordo com a quantidade de material que chega até o silo, a fim de realizar uma boa compactação e expulsão do ar.
  • Realizar uma boa vedação, utilizando lonas de qualidade e uma boa cobertura do silo. Garantindo assim o ambiente adequado ára uma boa fermentação.

Seguindo de forma rigorosa as boas práticas de fabricação de silagem, o pecuárista terá um material nutritivo e que garantirá um boa produtividade do seu rebanho.

Como os produtos Mosaic são relevantes para plantas forrageiras?

A Mosaic possui uma linha exclusiva para a nutrição das plantas forrageiras e também de cultivares para produção de silagem, feno e pré secado.

A linha MPasto é uma linha de produtos formulada com tecnologias que atendem de maneira completa e eficiente as necessidades das plantas forrageiras. Além disso, a alta qualidade física dos grânulos melhora a eficiência no momento da adubação.

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