Pecuária de corte: desafios de produtividade no contexto brasileiro

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A pecuária de corte é uma das atividades mais tradicionais e estratégicas do agronegócio brasileiro. Com um rebanho bovino que ultrapassa os 230 milhões de cabeças, o Brasil se destaca como um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo. Essa relevância econômica, no entanto, vem acompanhada de uma série de desafios que impactam diretamente a produtividade e a sustentabilidade do setor.

Em um cenário cada vez mais competitivo e tecnológico, os pecuaristas precisam lidar com questões desafiadoras para garantir o bem-estar dos animais e a qualidade da produção. Continue a leitura para se aprofundar no assunto!

Principais desafios da pecuária de corte no Brasil

O agronegócio brasileiro continua sendo um dos pilares fundamentais da economia nacional. Em 2024, por exemplo, o setor foi responsável por cerca de 23,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, demonstrando sua relevância e capacidade de geração de valor.

Além disso, o setor tem apresentado um crescimento constante, consolidando o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo. Um dos grandes diferenciais da produção nacional é o sistema de criação a pasto, que não apenas contribui para a qualidade da carne, mas também fortalece a imagem sustentável do produto brasileiro no mercado internacional.

No entanto, apesar dos avanços tecnológicos e da valorização crescente do setor, os produtores ainda enfrentam diversos desafios que impactam diretamente a produtividade nas fazendas. Um dos principais obstáculos é a dificuldade cada vez maior em manter mão de obra qualificada no campo. Isso ocorre, sobretudo, devido ao êxodo rural, que vem se intensificando ao longo dos anos e reduzindo a disponibilidade de trabalhadores dispostos a permanecer em áreas rurais. Paralelamente, a modernização da agropecuária exige profissionais capacitados para operar tecnologias avançadas e tomar decisões estratégicas que influenciam diretamente o desempenho dos rebanhos.

Outro ponto crítico está relacionado ao modelo de produção baseado em pastagens. Em um país de clima tropical como o Brasil, a produção de forragem é altamente sazonal. Durante os períodos de estiagem — que podem durar de três a seis meses, dependendo da região — a oferta de alimento natural para os animais se torna insuficiente. Mesmo em áreas com boa luminosidade e temperaturas adequadas, a distribuição da produção de pasto ao longo do ano é irregular, o que compromete a continuidade da engorda e o desempenho dos animais.

Diante desse cenário, os pecuaristas têm adotado estratégias para garantir a alimentação do rebanho durante os períodos críticos. Entre as principais práticas utilizadas estão:

  • Produção de feno, que permite o armazenamento de forragem seca para uso posterior;
  • Silagem, que conserva o valor nutricional da planta por meio da fermentação;
  • Pré-secado, uma alternativa que combina características do feno e da silagem;
  • Suplementação alimentar, com o fornecimento de concentrados e minerais para suprir as deficiências da dieta natural.

Essas medidas são fundamentais para manter a produtividade, preservar a saúde dos animais e garantir a sustentabilidade da atividade ao longo do ano.

Qual é o impacto da qualidade nutricional do pasto na eficiência da produção da pecuária de corte?

A qualidade nutricional das pastagens desempenha um papel fundamental na produtividade da pecuária de corte. Quando bem manejadas e devidamente adubadas, essas pastagens oferecem altos níveis de nutrientes essenciais, como proteínas e minerais. Além disso, apresentam fibras de melhor qualidade, com menor teor de lignina, o que favorece a digestibilidade. Como resultado, os bovinos se desenvolvem de forma mais saudável, com maior ganho de peso e melhor conversão alimentar.

Por outro lado, quando o solo não recebe os nutrientes necessários ou o manejo é inadequado, a pastagem sofre deficiências nutricionais. Isso compromete o crescimento das plantas, que demoram mais para atingir a altura ideal para o pastejo. Consequentemente, surgem problemas como o aumento da incidência de pragas e doenças, o que impacta negativamente a produção.

Entre os componentes mais valorizados em uma forrageira está a produção de folhas, pois elas concentram o maior valor nutritivo para os animais. No entanto, em áreas com pastagens degradadas ou mal formadas, observa-se uma queda significativa na produtividade por hectare e por animal. Esse cenário também afeta a eficiência reprodutiva das fêmeas, eleva a mortalidade de bezerros e contribui para o surgimento de doenças, devido à redução da imunidade do rebanho.

A seguir, destacam-se algumas formas pelas quais a degradação das pastagens pode comprometer os índices produtivos da fazenda:

  • Redução da qualidade nutricional: pastagens degradadas tendem a apresentar menor concentração de nutrientes essenciais. A fibra disponível também costuma ser de baixa qualidade, o que resulta em dietas menos eficientes e, por consequência, em menor ganho de peso e produtividade;
  • Menor disponibilidade de forragem: com menor volume de massa verde, os animais têm acesso limitado ao alimento volumoso, o que reduz a ingestão e impacta diretamente a produção;
  • Aumento da competição por recursos: em áreas mal formadas, os animais disputam espaço e alimento, o que gera estresse e reduz ainda mais o desempenho do rebanho.

Portanto, investir no manejo adequado das pastagens é essencial para garantir a sustentabilidade e a eficiência da pecuária de corte ao longo do tempo.

Como problemas de saúde comuns no rebanho podem afetar a produtividade?

Na pecuária de corte, diversos problemas de saúde podem comprometer significativamente a produtividade dos rebanhos. Entre os mais comuns, destacam-se as doenças respiratórias, parasitárias, metabólicas e os distúrbios digestivos. Esses problemas afetam o desempenho dos animais de várias formas, como a redução do ganho de peso, a queda na eficiência alimentar, o aumento da mortalidade e os custos adicionais com tratamentos veterinários.

Por exemplo, doenças respiratórias, como a pneumonia bovina, costumam provocar sintomas como tosse, dificuldade para respirar e perda de apetite, o que naturalmente leva à diminuição do ganho de peso. Da mesma forma, parasitas intestinais podem causar anemia, diarreia e perda de peso, enquanto distúrbios metabólicos, como a acidose ruminal, afetam o sistema digestivo e reduzem a ingestão de alimentos. Diante disso, manter o rebanho saudável é essencial para garantir uma produção eficiente e economicamente viável.

Para prevenir essas doenças, é necessário adotar um conjunto de boas práticas que envolvem manejo adequado, nutrição balanceada, controle de parasitas e vigilância sanitária constante. A seguir, destacam-se algumas medidas fundamentais:

  • Manejo sanitário adequado: é importante manter um calendário de vacinação atualizado, incluindo imunizações contra doenças como pneumonia bovina, clostridioses e febre aftosa. Além disso, garantir boas condições de higiene nos locais onde os animais são mantidos contribui para reduzir a incidência de enfermidades;
  • Controle de parasitas: a implementação de um programa eficaz de controle parasitário é indispensável. Isso inclui o uso estratégico de antiparasitários, a rotação de pastagens e a limpeza frequente das áreas de alimentação e bebedouros;
  • Nutrição balanceada: oferecer uma dieta equilibrada e de alta qualidade é outro fator essencial. Isso envolve o fornecimento de água limpa e fresca, suplementação com minerais e vitaminas, além de evitar mudanças bruscas na alimentação, que podem desencadear distúrbios como a acidose ruminal;
  • Monitoramento da saúde: é fundamental observar constantemente os animais em busca de sinais clínicos, como perda de apetite, alterações comportamentais, secreções anormais e dificuldades respiratórias. A realização de exames periódicos e a consulta imediata com um médico veterinário ao menor sinal de problema são práticas recomendadas;
  • Manejo do estresse: por fim, reduzir o estresse dos animais também é crucial. Isso pode ser feito por meio da oferta de um ambiente confortável, evitando superlotação nas pastagens, garantindo espaço adequado para alimentação e movimentação, e protegendo os animais de condições climáticas extremas.

Em resumo, a adoção dessas medidas contribui diretamente para a prevenção de doenças, promovendo o bem-estar animal e assegurando uma pecuária de corte mais produtiva e sustentável.

Tecnologias e práticas a serem implementadas para aumentar a eficiência na produção de carne bovina

Atualmente, existem diversas tecnologias — desde as mais simples até as mais avançadas — que podem ser aplicadas para aprimorar a pecuária de corte. Quando bem implementadas, essas soluções contribuem significativamente para aumentar a eficiência dentro da fazenda e melhorar os índices produtivos do rebanho. A seguir, destacam-se algumas das principais inovações e práticas adotadas no setor:

Para começar, a rastreabilidade e a gestão de dados têm ganhado destaque. O uso de sistemas que acompanham o histórico de cada animal, desde o nascimento até o abate, permite um controle mais preciso da cadeia produtiva. Além disso, a coleta e análise de informações sobre desempenho, nutrição, saúde e manejo possibilitam identificar pontos de melhoria e tomar decisões mais estratégicas.

Em paralelo, a gestão de pastagens também se mostra essencial. Técnicas como a rotação de piquetes, adubação, controle de plantas invasoras e o manejo integrado de pragas ajudam a aumentar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção a pasto.

Outro avanço importante está no melhoramento genético. A seleção de animais com características desejáveis — como maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e resistência a doenças — tem sido potencializada por tecnologias como a inseminação artificial e a genômica. Com isso, é possível obter resultados expressivos em menos tempo, elevando a qualidade da carne produzida.

Além disso, as tecnologias de alimentação têm contribuído para otimizar o desempenho dos animais. O uso de dietas balanceadas, suplementação nutricional e sistemas automatizados de alimentação permite melhorar a conversão alimentar, reduzir custos e aumentar a eficiência produtiva.

No que diz respeito à gestão da saúde animal, a adoção de programas preventivos é indispensável. Vacinação, controle de parasitas e monitoramento constante da saúde do rebanho ajudam a reduzir a incidência de doenças e, consequentemente, a manter a produtividade em alta.

Por fim, o uso de tecnologias digitais tem transformado a forma como as fazendas são geridas. Sensores de monitoramento, plataformas em nuvem e aplicativos móveis facilitam o acompanhamento em tempo real do bem-estar animal e da operação como um todo, tornando a tomada de decisão mais ágil e eficiente.

Em resumo, essas são apenas algumas das ferramentas e práticas que podem ser adotadas para impulsionar a pecuária de corte no Brasil. Quando utilizadas de forma integrada, elas não apenas aumentam a produtividade e reduzem os custos, como também contribuem para a sustentabilidade e a competitividade do setor a longo prazo.

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