A adubação de pastagem é essencial para o cenário brasileiro, onde a maioria da carne é produzida em sistema extensivo.
Mas, como exatamente esse processo de adubação ocorre? E de que maneira ele contribui para a intensificação da produção animal, a redução da sazonalidade, a prevenção de áreas degradadas e o aprimoramento da eficiência operacional? Exploraremos essas questões à medida que avançamos no tema. Confira.
O que é adubação de solo e como funciona?
A adubação de solo é um processo que visa suprir as necessidades nutricionais das plantas, cobrindo a diferença entre o que o solo pode fornecer naturalmente e as demandas específicas de cada cultura.
Quando a exigência das forrageiras é maior do que a capacidade do solo, a adubação se torna necessária para garantir um crescimento saudável e uma produção adequada.
Geralmente o processo começa com um inventário detalhado dos recursos do solo, identificando seus componentes e características.
Em seguida, é feita a emissão de um diagnóstico que avalia as necessidades nutricionais das plantas e as deficiências do solo. Com base nisso, é elaborado um plano de metas que orienta a aplicação dos fertilizantes.
A análise de viabilidade técnica e econômica (VTE) é realizada para avaliar a adequação do projeto, considerando aspectos práticos e financeiros. E só aí, o processo conclui-se com um planejamento detalhado da adubação.
Importância da Adubação de Pastagem
O desempenho dos animais a pasto está intrinsecamente ligado à quantidade e qualidade da forragem disponível. No Brasil, onde 95% da carne é produzida em pastagens, abrangendo cerca de 167 milhões de hectares, a adubação se torna uma prática vital para a produção animal.
Uma ferramenta estratégica que pode fornecer:
- Intensificação da produção animal;
- Redução da sazonalidade de produção;
- Prevenção e recuperação de áreas degradadas;
- Aumento da eficiência operacional;
- Diluição de custos.
Esses benefícios fortalecem a sustentabilidade e a rentabilidade das operações pecuárias.
Preparando o Solo para a Adubação
Ao escolher as áreas a serem manejadas, é crucial conduzir uma amostragem de solo para fundamentar o planejamento de correção e adubação. O teste de solo não apenas identifica parâmetros físico-químicos e biológicos, mas também revela potenciais contaminações.
Antes da adubação ou da escolha do adubo para pastagem, é recomendado seguir com as práticas corretivas: calagem e a gessagem.
A calagem, eleva o pH do solo, promovendo a aeração e o desenvolvimento radicular da forrageira, além de estimular a atividade microbiana. Beneficia, também, a estrutura da planta e neutraliza o alumínio.
Não é necessário realizar a calagem anualmente. A decisão de aplicá-la ou não é baseada em análises criteriosas específicas para a calagem, que são incluídas na análise de solo. Fatores determinantes incluem o pH do solo, a saturação por base na Capacidade de Troca Catiônica (CTC), os níveis de cálcio e magnésio no solo e a presença de alumínio tóxico.
Sua aplicação é ideal no período chuvoso, de 60 a 90 dias antes da semeadura, com distribuição em área total, combinado com aração e gradagem.
Já a gessagem, destinada a camadas mais profundas, utiliza sulfato de cálcio, neutralizando o alumínio em profundidade e fornecendo cálcio e enxofre. A aplicação é ideal antes do período chuvoso. Pode ser feita antes, junto ou após a calagem, ou até mesmo com a semeadura, sem necessidade de incorporação.
Escolha dos Fertilizantes Adequados
Os elementos essenciais a serem observados são o nitrogênio (N), fósforo (P), e potássio (K), conhecidos como NPK. O pecuarista pode adquiri-los separadamente e misturá-los, se compatíveis, ou optar por já formulados.
No mercado brasileiro, encontramos diversas opções de fertilizantes NPK, como 4–14–8, 10–30–10, 20–5–20, entre outros. Se as quantidades recomendadas e aplicadas via adubos compostos diferirem em mais de 20%, ajustar a fórmula é indicado. A complementação pode ser feita com fertilizantes simples.
Cada elemento desempenha um papel específico no crescimento das forrageiras:
- Nitrogênio (N): Essencial para formação de proteínas, favorece crescimento vegetativo vigoroso.
- Potássio (K): Importante para controle da perda de água, contribui para resistência a doenças e estresse.
- Fósforo (P): Responsável pelo transporte de energia, melhora produção de massa verde e, consequentemente, a qualidade da forragem.
Além dos macronutrientes, micronutrientes essenciais, em quantidades menores, desempenham funções reguladoras cruciais para garantir desenvolvimento vegetal completo.
Técnicas de Aplicação de Fertilizantes
A escolha da época, forma de aplicação, dosagem correta e tipos de fertilizantes são essenciais, e devem se adaptar às particularidades regionais, da forrageira e do solo.
A adubação de pastagem deve ser realizada em épocas que ofereçam maior potencial de resposta das plantas, considerando também a disponibilidade de água e clima para a solubilização e absorção eficiente dos nutrientes.
A dosagem adequada, baseada na análise do solo, é crucial, assim como a incorporação, especialmente para elementos pouco móveis como o fósforo.
Devido à complexidade dos fatores envolvidos e à extensa quantidade de informações necessárias para abordar o tema, recomendamos a consulta a boletins técnicos, como aquele elaborado por professores e doutores da USP/Pirassununga, para obter detalhes sobre época, forma de aplicação e dosagem correta.
Monitoramento e Manutenção das Pastagens
Mesmo seguindo todos os passos anteriores, a avaliação periódica é essencial para assegurar a constância dos resultados e os benefícios da adubação das pastagens para os animais.
Recomenda-se realizar análises de solo anualmente, não ultrapassando o intervalo de três anos entre cada avaliação.
Ao realizar o monitoramento, caso seja identificada a presença de solo exposto, degradação da pastagem ou forrageiras com baixo potencial, é crucial avaliar se uma nova aplicação de nutrientes se faz necessária.
Essa prática proativa permite antecipar problemas e corrigi-los antes que comprometam significativamente a produção.
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