Um dos fatores essenciais para garantir que as vacas alcancem alta produção de leite é a nutrição adequada. Ela desempenha um papel crucial nos índices de produção da fazenda leiteira. Confira detalhes sobre a nutrição de vacas leiteiras!
A pecuária leiteira no Brasil enfrenta diversos desafios nos âmbitos mercadológicos, sanitários, reprodutivos e de custos de produção. Para manter-se na atividade, é essencial estar atento aos ‘segredos’ que conduzem a uma produção sustentável. Esses segredos incluem a genética e saúde do rebanho, nutrição adequada, matérias-primas com elevado custo-benefício, um produto com valor agregado e uma boa administração.
Dentre os pontos mencionados, a nutrição desempenha um papel crucial na produção leiteira, representando de 45% a 55% dos custos. Portanto, merece atenção redobrada, especialmente em períodos de margens reduzidas.
Neste texto, abordaremos tópicos importantes para o sucesso da pecuária leiteira, como o impacto da nutrição na saúde e produtividade do rebanho, a escolha de ingredientes, o manejo alimentar e práticas sustentáveis na atividade. Esperamos que, ao final, você possa aplicar os conceitos aprendidos.
Importância da nutrição adequada para cada fase da vida da vaca leiteira
É sabido que a nutrição das vacas leiteiras influencia diretamente na composição e qualidade do leite e impacta a saúde e reprodução dos animais e consequentemente, a sua produtividade.
Essa nutrição inicia-se antes mesmo do parto ainda na gestação e a cada fase da vida, particularidades devem ser consideradas para a formulação de uma dieta balanceada tais como: sistema de produção, desafios ambientais, raça, idade, curva de lactação e escore de condição corporal.
Um assunto relativamente novo, mas que vem ganhando destaque no meio produtivo é a programação fetal. A vaca gestante envia nutrientes para suprir o desenvolvimento do feto e em caso de restrição alimentar, órgãos e tecidos serão impactados causando danos que se estendem até a vida adulta do animal inclusive na sua saúde e capacidade de produção leiteira.
Essa interferência acontece em toda a gestação, mas especial atenção deve ser dada ao terço final da prenhez, onde ocorre de 70 a 85% do crescimento fetal e a vaca possui as maiores exigências nutricionais.
Das primeiras horas até o terceiro dia de vida do animal deve-se priorizar o fornecimento de 10% do peso corporal em colostro de boa qualidade.
Para avaliar a qualidade do colostro, emprega-se o colostrômetro (também conhecido como lactodensímetro), estimando sua qualidade com base na correlação entre a gravidade específica e a concentração de imunoglobulinas (Ig).
Essa avaliação é amplamente utilizada em fazendas comerciais, pois é rápida e prática. No entanto, é importante considerar a faixa de temperatura ideal para essa avaliação (entre 20°C e 25°C), uma vez que temperaturas fora desse intervalo podem afetar os resultados.
A leitura realizada nas faixas:
- Boa qualidade (cor verde; acima de 51mg/ml);
- Média qualidade (cor amarela; 21-50mg/ml);
- Baixa qualidade (cor vermelha; abaixo de 20mg/ml).
Em seguida, a alimentação da bezerra consistirá no consumo de 4 a 8 litros de leite por dia dependendo da raça, manejo e objetivos da propriedade e; ração com no mínimo 18% de proteína bruta à disposição. A partir do primeiro mês, oferecer feno e ração ao animal.
O desmame deve acontecer quando o consumo atingir ao menos 1,5 kg de concentrado por dia por volta dos 02 meses de idade. O período de cria se estende até os 06 meses de idade.
É chegada a fase de recria, muitas vezes negligenciada por se tratar de animais não produtivos e que, aparentemente, não traz benefícios ao produtor. Contudo, é necessário redobrar os cuidados adequando o aporte de nutrientes à velocidade de crescimento desejada visando ganhos condizente e precocidade reprodutiva.
Volumoso de boa qualidade e fornecimento de concentrado proteico para as novilhas garantem um pleno desenvolvimento e evitam diversos problemas futuros como retenção da placenta, abortos e distocia.
A suplementação com macro e microminerais são primordiais nessa fase pois, compõem estruturas de órgãos e tecidos, e fluidos corporais que podem ser catalisados em cofatores dos sistemas hormonais e enzimáticos.
O fósforo por exemplo, auxilia a novilha a ter uma boa fecundação enquanto o cálcio influencia o sistema imune e permite ao bezerro uma estrutura óssea adequada.
Falhas de manejo nessa fase causam prejuízos à criação devido ao aumento no tempo de permanência de animais não produtivos no rebanho. Somente um crescimento adequado irá permitir que as novilhas alcancem o peso ideal para concepção aos 13 ou 14 meses.
Nas 02 primeiras lactações, os animais continuam em desenvolvimento e, portanto, deve-se forneça alimentação adequada para sustentar o crescimento e as demandas da produção leiteira. A sugestão é que, aos pedidos de sustento sejam acrescentados 20% adicionais para novilhas de primeira parição e 10% para vacas de segunda parição.
Na fase adulta, podemos dividir a lactação em três períodos: do momento do parto até 100 dias de lactação; de 100 a 200 dias de lactação; de 200 a 305 dias de lactação e um período seco de 60 dias para recuperação. Este é o desenho de um cenário ótimo que garante ao produtor maior rentabilidade.
O manejo por lotes (alta e baixa produção) também deve ser considerado caso haja a possibilidade uma vez que, as exigências são distintas. Essa divisão é primordial para um adequado atendimento à capacidade produtiva do animal e melhor retorno financeiro.
Manejo alimentar de vacas leiteiras
É consenso entre os nutricionistas que desenvolver uma dieta que atenda aos requisitos de uma vaca em diferentes estágios de produção é muito mais fácil na teoria do que na prática.
São múltiplos os fatores a serem considerados, contudo, adequações ao período produtivo maximizam o potencial genético, garantem saúde e bem-estar proporcionando maior produtividade.
Para a formulação de dietas é necessário a compreensão básica dos ingredientes e dos principais nutrientes que a constituem: proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas e minerais.
A escolha dos ingredientes deve ser baseada considerando também características físicas e de contaminantes que podem levar o animal à seleção pois, se não há consumo, não há ingestão de nutrientes. Para minimizar esse risco, análises bromatológicas, de contaminantes químicos e biológicos devem ser realizadas previamente à aquisição dos ingredientes.
Feita a seleção, é aconselhável evitar ao máximo a troca dos ingredientes pois as vacas leiteiras são altamente responsivas e haverá novamente adaptação tanto de consumo quanto da microbiota ruminal o que pode causar queda na produção de leite.
O próximo passo a observar é o consumo:
- Os animais estão ingerindo a dieta?
- Existe redução ou relutância na ingestão (consumo por fome)?
- Há seletividade por ingrediente, tamanho de partícula ou fibra?
Todos esses pontos podem sugerir um problema com a dieta, com a escolha dos alimentos, com a qualidade da mistura ou tamanho de fibra. Matérias-primas contaminadas por fungos e micotoxinas por exemplo, são pouco palatáveis e diminuem a ingestão. Atenção quanto aos nutrientes: excesso de proteína sobrecarrega o fígado e os rins dos animais e excesso de carboidratos leva ao acúmulo de gordura com maior predisposição de problemas reprodutivos.
A suplementação vitamínica e mineral é fundamental visto que quase na sua totalidade, somente volumosos e concentrados não são suficientes para atender as exigências. Além disso, os minerais têm importância significativa na atividade ruminal como digestão da fibra e síntese de proteína microbiana. Fontes de fósforo com maior percentual monocálcico em sua composição, apresentam maior digestibilidade da matéria-seca (MS) ingerida.
Outro item que compõe a dieta, porém muitas vezes é subestimado, é a água pois sua disponibilidade e qualidade impactam diretamente no consumo de MS e volume de leite produzido. Uma boa prática é disponibilizar constantemente água fresca em torno de 25 a 30°C em bebedouros limpos e em quantidade suficiente (uma vaca consome em média 80 litros de água/dia podendo aumentar exponencialmente conforme a produção de leite). É estratégico manter bebedouros logo após a saída da ordenha, principal momento em que as vacas buscam água.
Como acontece o balanço energético negativo em vacas leiteiras?
O Balanço Energético Negativo (BEN) é um processo fisiológico que ocorre imediatamente após o parto. É caracterizado pelo período em que, principalmente vacas de alta produção, não são capazes de consumir a quantidade de alimento para suprir suas exigências nutricionais, ou seja, utilizam mais energia do que consomem.
É um momento desafiador para o animal pois, a ingestão de nutrientes neste período, em especial energia e proteína, são primordiais para a produção de leite que aumenta linearmente até atingir um pico entre 4 e 8 semanas pós-parto. Contudo, o pico da ingestão de MS será por volta das 10 a 12 semanas pós-parto e para compensar o déficit, as vacas leiteiras mobilizam suas reservas corporais, acarretando perda de peso.
Os impactos negativos desta mobilização são observados no âmbito reprodutivo (maior intervalo entre partos, atrasos na retomada da ciclicidade pós-parto) e produtivo (queda no volume de leite) que no fim do dia, gera menor rentabilidade para o sistema. Desta forma, manejos que visam minimizar os efeitos do BEN são imprescindíveis e o trabalho começa muito antes do parto.
Como a prevenção é o melhor remédio, o nutricionista deverá manipular a dieta utilizando estratégias para levar a vaca à uma condição corporal adequada no momento do parto.
Essa não é uma tarefa fácil pois biologicamente há a tendência de mobilização da gordura corporal contudo, um bom escore auxiliará o animal na sua rápida recuperação, melhora do consumo e produção de leite pelo restante da lactação.
No momento do parto as vacas leiteiras não devem estar nem gordas, nem magras pois nos dois cenários haverá prejuízos. Se estiver muito magra, afetará a reprodução atrasando a ovulação. Por outro lado, se parir gorda, a mobilização de gordura será alta podendo acarretar problemas metabólicos como cetose e deslocamento de abomaso.
O desejável é que o animal se encontre num escore 3,5 numa escala variando de 1 a 5 onde, 1 é extremamente magro e 5 extremamente gordo.
Nos primeiros 60 dias após o parto, a perda de peso deve ser inferior à 01 kg/dia para que não influencie no retorno da atividade reprodutiva. Após os 90 dias do parto, a vaca começará a recuperar condição corporal pois retomará a capacidade de ingestão de MS.
Outro manejo importante é a adoção do período seco para recuperação das vacas antes do próximo parto, o que consiste basicamente em interromper a lactação por volta de 60 dias antes do parto seguindo protocolos específicos.
Essa ação auxiliará o animal na regeneração das células da glândula mamária, propiciará o aporte de nutrientes para o feto e recuperação do escore corporal. No entanto, deve-se ter atenção para que os animais não extrapolem o escore para cima. Uma dieta composta por 70% de volumoso limitando a ingestão de energia, auxiliará neste objetivo.
Manejos como aumento da frequência de arraçoamento da dieta no dia, correta metragem linear de cocho, área de sombreamento e resfriamento condizentes com o rebanho, atenção a fibra detergente neutra e à diferença aniônica-catiônica da dieta podem contribuir para o sucesso neste período.
Práticas sustentáveis na nutrição de vacas leiteiras
Para fecharmos o assunto nutrição de vacas leiteiras e diante do cenário atual, com crescentes custos de produção, é preciso considerar fortemente as práticas sustentáveis na atividade da pecuária leiteira, em especial aquelas voltadas ao bem-estar-animal e compromisso com o meio ambiente.
Manejos considerando a melhora no bem-estar das vacas são um investimento que refletem positivamente na produção de leite muitas vezes sem custo adicional ao produtor.
Promover um ambiente climatizado investindo em ventiladores e aspersores em pontos estratégicos do galpão, diminuindo o estresse térmico, com espaço de cocho e de cama adequados para os animais ruminarem e descansarem faz total diferença na produtividade pois estimulam o consumo de MS. A resposta é o direcionamento da energia não para dissipar o estresse, mas sim para a lactação refletindo em mais leite no tanque.
Práticas como gestão de resíduos, redução do consumo de água e energia, adoção de tecnologias mais limpas e eficientes, como a produção de biogás a partir de resíduos orgânicos aumentam a eficiência operacional, beneficiam o meio ambiente ao mesmo passo que melhoram a imagem da cadeia produtiva e atraem consumidores preocupados com a sustentabilidade.
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