Colostro bovino e os fatores que afetam a absorção pelo bezerro

3 min de leitura

O que é o colostro?

Por definição, colostro é o leite secretado imediatamente na primeira ordenha após o parto e é fundamental para o desenvolvimento dos bezerros.

Esse liquido é rico em vitaminas (A, E e B12), minerais (como cálcio, fósforo, magnésio e sódio), proteínas e imunoglobulinas, que são anticorpos que integram o sistema de defesa do organismo do neonato.

É importante diferenciar o colostro do leite de transição, que é a secreção que aos poucos vai perdendo as características de colostro e vai se assemelhando gradualmente ao leite integral.

Para que serve o colostro?

Durante o período gestacional, não há passagem de anticorpos da vaca para o bezerro através da placenta e, por esta razão, o colostro adquire importância vital para as fases iniciais. Além da passagem de anticorpos, células de defesa são transferidas e atuam contra diversos tipos de infecções.

A transferência dessas imunoglobulinas para os bezerros tem o papel de estabelecer a imunidade passiva, principal barreira do sistema imune no início da vida dos bovinos.

Como funciona a transferência de imunidade passiva que o colostro oferece?

 Os anticorpos – ou imunoglobulinas – são proteínas encontradas normalmente na circulação sanguínea e compõem uma parte importante do sistema imune dos bovinos. Elas atuam identificando e destruindo bactérias e outros micro-organismos assim como na proteção de membranas de alguns órgãos, como o intestino, por exemplo.

Acontece que o colostro contém vários tipos destas proteínas que protegem os animais como por exemplo: IgG, IgM e IgA. 

Por isso, em rebanhos onde ocorre falha nessa transferência de imunidade passiva é muito comum observar maiores incidências de doenças como diarreia, onfalites, artrites, doenças respiratórias e até mesmo um menor ganho de peso.

Fatores que afetam a absorção do colostro por bezerros

Para maximizar a eficácia do colostro, é necessário garantir o suprimento adequado de colostro em relação à quantidade e qualidade e atentar-se aos fatores que podem afetar a absorção:

Tempo da ingestão do colostro

O que pouca gente sabe é que existe uma janela de tempo onde acontece a máxima absorção dos componentes do colostro. Isso acontece porque as células intestinais do bezerro apresentam melhor capacidade absortiva nas primeiras horas de vida.

Passado este período, a absorção fica comprometida e a eficácia dos constituintes do colostro diminui drasticamente. A regra de ouro é que o bezerro seja colostrado dentro de, no máximo, 6 horas de vida.

Método de colostragem

A colostragem na fazenda pode ser feita por diferentes métodos, dentre os quais podemos citar: sonda esofágica, mamadeira e até mesmo a colostragem natural, que consiste em deixar o bezerro mamar o colostro à vontade na mãe.

Porém, observam-se maiores taxas de falhas de transferência passiva em bezerros que são colostrados pelo método natural.

Volume fornecido

Normalmente recomenda-se que seja administrado o correspondente a 10% do peso vivo. O ideal é que o colostro seja fornecido por sonda ou mamadeira, já que é praticamente impossível certificar a quantidade de colostro que o bezerro mamou direto na vaca.

Concentração de imunoglobulinas

É um ponto que se relaciona diretamente com a qualidade e nada mais é do que a indicação da quantidade de anticorpos na composição do colostro. Existem ferramentas que podem ser empregadas rotineiramente para estimar essa quantidade, como o refratômetro e o colostrômetro.

Idade da vaca

As vacas de primeira lactação costumam produzir o colostro em menor volume. Já as multíparas, por terem tido mais contato com microorganismos ao longo da vida produtiva e enfrentado mais desafios sanitários, produzem um colostro com concentração superior e maior diversidade de anticorpos.

Genética da vaca

Vacas com maior potencial produtivo podem expressar essa característica logo após o parto. Ou seja: vacas de alta produção tendem a produzir um maior volume de colostro.

Escrito por Thais Camargos | Médica Veterinária formada pela UFMG, atualmente trabalha como Consultora Comercial do PRODAP Smartmilk.

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