A importância da água para produção de bovinos

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A água é um dos elementos mais abundantes da Terra e fundamental na produção de bovinos. Ela ocupa aproximadamente três quartos de sua superfície.

Porém, isso não significa disponibilidade total dessa substância, menos ainda que podemos aceitar negligência quanto ao seu uso. Do total, 97,25% é água salgada dos mares e oceanos e apenas 2,75% é água doce, distribuída de modo desuniforme pelos continentes.

Nos animais, a água é o maior constituinte corporal e a manutenção estável de sua quantidade é rigidamente controlada nos mamíferos e aves. O indivíduo pode perder até 100% de seu tecido adiposo (gordura), mais de 50% da proteína corporal, que sobrevive, mas, se perder de 10% a 12% da água corporal, morre. A tabela abaixo mostra sua distribuição na composição corporal.

Distribuição da composição corporal

Gráficos de Distribuição da composição corporal com dados referentes à água, gordura, proteína e cinzas. Nascimento - 31.8 kg: 74.5%, 2.5%, 19% e 4.1%, respectivamente. Desmama - 204.1 kg: 69%, 9%, 18%, 4%, respectivamente. Crescimento - 294,8 kg: 60.3%, 18%, 17.2%, 4.5%, respectivamente. Terminação (Grau choice) - 204.1 kg: 53.5%, 26%, 17%, 3.5%.
Fonte: Adaptado de Esminger, et al.,1990

Devido à grande variedade de suas funções, a água pode ser considerada o nutriente essencial mais importante para os animais (depois do oxigênio). Ela é um constituinte ativo e estrutural nos organismos e suas principais atuações são como solvente das substâncias presentes no corpo; ser veículo dos nutrientes na digestão, absorção, transporte para as células e excreção; regular a temperatura corporal,  absorvendo o calor produzido nas reações e dissipando-o para a pele, pulmões e intestinos; regular osmolaridade das células e outros.

Quantidade de água exigida na produção de bovinos

A exigência diária de água varia de acordo com a categoria do animal, e é regulada por fatores como: condições climáticas (calor, umidade do ar, radiação solar, chuva, vento); tipo de alimentação oferecida, consumo de sal, nível de proteína na dieta, produção de leite, raça, tamanho corporal, e disponibilidade de bebedouros, podendo ser de 25l a 78l, de acordo com a temperatura, por exemplo. Sua exigência diária varia de acordo com a categoria animal, conforme mostra a tabela abaixo.

Tabela de requerimento de água para gado de corte com dados de ingestão de litros de água de acordo com as temperaturas de 14.4°C e 32.2°C. Animal de 2 a 6 meses: 25.0 e 48.1, respectivamente. Animal de 7 a 11 meses: 29.9 e 56.8, respectivamente. Animal de 12 meses ou mais velho: 40.9 e 78.0, respectivamente. Vacas em lactação: 54.9 e 61.3, respectivamente. Touros: 40.9 e 78.0, respectivamente.

A localização do bebedouro ou aguada no sistema de pastejo afeta a ingestão de água e alimento pelos animais. Ao se locomoverem em busca de água, os animais podem optar por determinada região do piquete, selecionando qual o melhor estágio ou parte da planta forrageira ingerir.

Grandes caminhadas até as aguadas têm efeito negativo sobre o consumo de água e de matéria seca, e consequentemente afeta a performance produtiva dos bovinos. Observações feitas com gado leiteiro criado extensivamente mostraram que o aproveitamento das pastagens (consumo de MS) teve relação inversa à distância percorrida até as aguadas.

O acesso e a disponibilidade de água devem ser facilitados para os bovinos, assim como a localização do cocho do suplemento, que deve estar próximo a ela para não ter seu consumo afetado também. Em regiões onde a água é salobra ou calcária, é necessário ajustes nas quantidades de NaCl e palatabilizantes dos suplementos minerais para que seu consumo seja adequado e atenda as exigências dos animais.

Além da disponibilidade, a qualidade da água ingerida na produção de bovinos também é de extrema importância para seu desempenho. Os próprios podem afetar a qualidade com a contaminação urinária e fecal. Em sistema de pastejo, por exemplo, podem afetar negativamente a qualidade da água em cursos d’água com a contaminação com patógenos, nitrogênio, fósforo e material orgânico. Já com animais em confinamento, a qualidade da água é ainda mais afetada devido à superpopulação e por seus bebedouros menores.

O gráfico abaixo mostra que, conforme mais a água vai se tornando suja com a presença de fezes, o consumo de matéria seca diminuí, comprometendo a produção.

Gráfico de Qualidade da água x Consumo. Conforme a qualidade da água decai, se tornando suja com a presença de fezes, o consumo de matéria seca também diminui.
 Fonte: Willms et al., 2002; Mader et al., 1997

Outro estudo avaliou os efeitos da qualidade da água sobre o desempenho de bovinos Hereford de sobreano e de vacas com bezerros em pastejo, com diferentes formas de fornecimento e de qualidade. Foram utilizados diferentes tipos de água: fresca e limpa (provenientes de rios, riachos ou poço artesiano, fornecida em bebedouros); em bebedouros (água de tanques de captação ou de arroios bombeados para bebedouros) e em tanques (acesso direto a tanque de captação hídrica ou arroio). Observou-se que o fornecimento de água de melhor qualidade (água fresca), propiciou melhores desempenhos do que os outros tratamentos, conforme tabela abaixo.

Tabela: efeitos da qualidade da água sobre o desempenho de bovinos Hereford de sobreano e de vacas com bezerros em pastejo, com diferentes formas de fornecimento e de qualidade. Foram utilizados diferentes tipos de água: fresca e limpa (provenientes de rios, riachos ou poço artesiano, fornecida em bebedouros); em bebedouros (água de tanques de captação ou de arroios bombeados para bebedouros) e em tanques (acesso direto a tanque de captação hídrica ou arroio). Observou-se que o fornecimento de água de melhor qualidade (água fresca), propiciou melhores desempenhos do que os outros tratamentos.
 Fonte: Willms et al., 2002

Medidas simples e práticas, como dimensionamento do uso de água no sistema de produção, posicionamento correto das aguadas nas pastagens, manutenção e limpeza de bebedouros evitam diversos problemas e favorecem o melhor desempenho dos animais.

Escrito por Fernando Kamada.

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