O manejo de gado leiteiro irá variar conforme o sistema de produção adotado na fazenda (compost Barn, Free Stall, Semi Confinado ou Sistema de Pastejo), grau de tecnificação desse sistema e raça do rebanho. Vacas leiteiras são “animais de hábito”, ou seja, qualquer mudança na rotina poderá refletir de maneira negativa o seu desempenho produtivo.
O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo, com uma produção anual que gira em torno de 34 bilhões de litros.
Atualmente, o Brasil possui mais de um milhão de propriedades que produzem leite. De acordo com projeções da Secretaria de Política Agrícola do Agronegócio, a tendência é que, até 2030, se mantenham no mercado somente os produtores mais eficientes, que adotam tecnologias modernas, aprimoram a gestão e aumentam a eficiência técnica e econômica.
Para manter a qualidade e a produtividade da produção de leite no país, é fundamental que os produtores adotem boas práticas de manejo de vacas leiteiras. Dentre as principais medidas, destaca-se a alimentação adequada, a higiene das instalações, o controle sanitário e o manejo correto do rebanho.
Independente do sistema de produção, no geral, é necessário preocupar-se com diversos fatores que contribuem para o sucesso do manejo de gado leiteiro, quer entender mais sobre este tema? Continue a leitura e saiba mais!
Como manejar vaca de leite?
Antes de fazer um panorama geral sobre como manejar vaca de leite, é importante ressaltar que independente do sistema de produção de gado de leite, é necessário cuidar dos seguintes pontos:
• Sala de ordenha com piso impermeável;
• Cochos para fornecimento de alimentos;
• Água de boa qualidade;
• Tronco para o manejo sanitário;
• Inseminação;
• Silos para armazenamento de volumoso;
• Galpão para os animais confinados;
• Piquetes com pastagens bem adubadas e de boa qualidade para os sistemas semi-confinados e extensivos.
O manejo de gado leiteiro inicia desde a gestação, para que os animais possam parir em boas condições físicas e para a bezerra nascer saudável, as vacas devem receber um manejo nutricional adequado, especialmente nos dois últimos meses de gestação.
O ideal é que esses animais sejam afastados dos demais e colocados em um piquete separado. Além disso, devem receber uma dieta volumosa e equilibrada. Nos 21 dias antes do parto, esses animais devem receber uma dieta aniônica que consiste no fornecimento de sais aniônicos com base em sulfatos e cloretos.
Esse manejo de gado leiteiro previne casos de Hipocalcemia clínica (febre do leite), ou subclínica que podem comprometer o desempenho produtivo dos animais logo no início da lactação. Esse manejo, além de prevenir a hipocalcemia, previne casos de retenção de placenta, metrite e deslocamento de abomaso.
Manejo de gado leiteiro no pós-parto
Após o parto, os animais devem ser conduzidos para a sala de ordenha de maneira tranquila para iniciar o seu ciclo produtivo junto ao rebanho. É muito importante realizar um manejo de socialização no caso de vacas de primeiro parto ou ressocializadas quando já são animais de segundo parto.
Após o parto o manejo nutricional deve ser específico para o nível de produção esperado. Uma atenção especial deve ser dada às vacas nas primeiras semanas após o parto, pois esses animais não conseguem consumir o volume de alimento suficiente para atender a demanda nutricional para a demanda crescente da produção de leite, isso até atingir o pico de lactação (por volta dos 40 a 60 dias pós-parto). Por esse motivo, é importante realizar um manejo de gado leiteiro que facilite a ingestão de nutrientes adequadamente e influenciar positivamente a produção de leite.
Após esse período, deve-se ofertar volumoso de qualidade somado a suplementação, com mistura mineral e concentrados equilibrados. Animais de alto desempenho produtivo demonstram consumo de matéria seca igual a 4% do seu peso vivo, no auge do consumo. Em sistemas de produção que utilizam pastagens, estas devem ser de excelente qualidade para que a ingestão de matéria seca seja maximizada.
Outro fator do manejo de gado leiteiro de extrema importância para a produção de leite é a quantidade e qualidade de água consumida. Devemos manter os cochos de água sempre limpos e com água à disposição do rebanho, especialmente quando a temperatura do ambiente se eleva (meses mais quentes do ano). Na grande maioria das vezes, a queda na produção de leite do rebanho se dá pelo baixo consumo de água, seja pela falta dela ou pela falta de limpeza dos cochos.
Ao se aproximar do fim do período de lactação, que quando bem manejados dura em média 305 dias (10 meses), iniciamos o manejo de secagem e preparo para a nova lactação.
Esse manejo pode ser feito de duas maneiras:
- no método abrupto, ocorre a interrupção da ordenha de forma definitiva 60 ou 45 dias antes da data prevista para o parto;
- secagem intermitente, que consiste na redução da frequência de ordenha por uma semana (ex. uma ordenha ao dia), para que o animal reduza a produção de leite.
É fundamental que vacas leiteiras sejam submetidas ao período seco (60 a 45 dias), para a glândula mamária regenerar os tecidos secretores de leite e aumente a qualidade e quantidade de colostro produzido para o bezerro que está para nascer, dessa forma teremos um aumento de anticorpos que irão ser absorvidos pelo bezerro.
Como é feito o manejo de ordenha de vacas leiteiras?
Para produzirmos um leite de alta qualidade, o manejo de ordenha deve ser feito de tal forma que possa reduzir a contaminação microbiana do produto.
Um manejo muito recomendado pelos técnicos, mas que nem sempre é feito, é a separação dos animais em lotes conforme a saúde da glândula mamária, independente do sistema de ordenha utilizado (manual ou mecânica).
O ideal é dividir as vacas em:
- grupo de vacas sadias ou com baixa contagem de células somáticas (CCS). Esse grupo deve ser ordenhado primeiro;
- vacas que já apresentaram algum tipo de problema e foram tratadas;
- vacas que apresentam grumos no CMT (Califórnia Mastite Teste ou na caneca de fundo preto). Esse manejo evita a contaminação dos animais saudáveis através das mãos do ordenhador ou até mesmo pelo próprio equipamento da ordenha.
O ordenhador deve manter sempre as mãos bem lavadas, utilizar luvas e checar se os equipamentos utilizados na ordenha estão limpos. A ordenha deve ser iniciada com a condução dos animais para a sala de ordenha de maneira calma e tranquila, evitando qualquer tipo de estresse ou desconforto dos animais.
Ao iniciar o preparo dos animais, devemos SEMPRE retirar os três primeiros jatos de leite com o auxílio de uma caneca de fundo preto para diagnosticar quadros de mastite no rebanho. Os tetos devem ser lavados com água somente quando estiverem muito sujos e quando o uso de pré-dipping não for suficiente para a higienização adequada.
Antes de iniciar a ordenha, deve-se imergir os tetos em solução desinfetante e aguardar cerca de 30 segundos para secar com papel toalha descartável. Hoje no mercado, temos várias opções de desinfetantes para pré-dipping, os mais comuns são a base de iodo ou clorexidina.
Após a ordenha completa, devemos utilizar o pós-dipping que consiste na imersão de 2/3 dos tetos em solução desinfetante com proteção para o esfíncter do teto, impedindo dessa forma a entrada de patógenos que possam causar infecções e quadros de mastite.
Manejo sanitário de bovinos de leite
O manejo sanitário de bovinos leiteiros deve ser feito de maneira preventiva, e requer ações que controlem doenças (muitas delas com potencial de transmissão ao homem) e parasitoses dentro do rebanho. Práticas de manejo sanitário quando adequadamente adotadas, fornecem condições para altos ganhos produtivos, proporcionam bem-estar aos animais, elevados índices reprodutivos e garantem a saúde dos consumidores.
Podemos dizer que o manejo sanitário dos rebanhos leiteiros deve ser iniciado desde o nascimento com a cura do umbigo das bezerras e fornecimento de colostro nas primeiras horas de vida para que os anticorpos sejam absorvidos de forma eficiente e contribuam com o sistema imunológico.
O manejo sanitário dos rebanhos leiteiros consiste no controle e prevenção de quadros de mastite, com correto manejo de higienização na sala de ordenha; controle e prevenção de carrapato através do uso de carrapaticidas e manejo do rebanho dentro dos piquetes de pastagem. Controle de verminoses que é iniciado a partir dos três meses de idade dos animais, através do uso de vermífugos.
A vacinação dos rebanhos deve ser feita seguindo o programa sanitário vigente para brucelose; carbúnculo; raiva e febre aftosa (dependendo do estado brasileiro).
Atualmente, existe grande número de vacinas que agem sobre várias doenças, tais como: leptospirose, IBR, BVD, mamite e tantas outras. Nesses casos, devem ser indicadas e administradas sempre por um médico veterinário responsável pelo rebanho.
Manejo reprodutivo de bovinos leite
Para podermos ter alta rentabilidade dentro dos sistemas de produção leiteira, o manejo reprodutivo do rebanho é de extrema importância. A duração do cio nos animais é de apenas 8 horas, por esse motivo recomenda-se que os animais sejam monitorados por 2 a 3 vezes ao longo do dia, observando se existe animais montando em outras vacas, presença de muco, vocalização, urina frequente e inquietação.
Em fazendas leiteiras, é indicado o uso de inseminação artificial para melhoramento genético do rebanho. Por tanto, a identificação do cio é fundamental para definir o momento da inseminação.
De acordo com estudo do pesquisador Wolff, realizado em 2023, o manejo reprodutivo dos animais tem por objetivo estabelecer e restabelecer a lactação, manter elevada produção e porcentagem de vacas em lactação, minimizar os custos com animais improdutivos e maximizar a produção de leite ao longo do ano.
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