A exportação de carne é um dos pilares da economia nacional, com grande importância não só para o agronegócio, mas também para o crescimento do PIB e para o fortalecimento da posição do Brasil no mercado global como líder no fornecimento de alimentos.
Portanto, produzir proteína animal com alta qualidade, de forma segura e sustentável, é essencial para manter a saúde e a segurança alimentar de inúmeras famílias, tanto dentro quanto fora das fronteiras.
Em 2024, o Brasil manteve-se como o maior exportador mundial, enviando carne bovina para aproximadamente 157 destinos. Além disso, o volume de negócios tem mostrado uma tendência de crescimento significativo, mesmo diante de desafios econômicos e políticos.
Este artigo visa analisar o panorama atual da exportação de carne no Brasil, os fatores que impulsionam seu sucesso e as projeções para os próximos anos. Boa leitura!
O que leva o Brasil a ser um grande exportador de carne bovina?
O Brasil definitivamente possui características de um grande produtor de carne bovina. Fatores como qualidade, capacidade de produção em escala, rígidos controles sanitários e ambientais impulsionam o mercado de exportação, garantindo-nos uma posição de destaque no cenário global.
Além disso, possuímos o maior rebanho comercial bovino do mundo, com 238,6 milhões de cabeças (IBGE, 2023), o que representa cerca de 12% do total mundial. Também contamos com vastas áreas de pastagem (161 milhões de hectares) e um clima favorável que possibilita a atividade pecuária durante o ano inteiro.
Ademais, as tecnologias usadas nas últimas décadas permitem que se produza mais carne por animal e por área, além de possibilitar o abate de animais mais jovens, aumentando a sustentabilidade e a eficiência da pecuária brasileira. Algumas delas são:
- Restauração de pastagens;
- Sistemas de integração lavoura pecuária floresta (ILPF);
- Pecuária e agricultura de baixo carbono;
- Melhoramento genético;
- Práticas de bem-estar e saúde animal;
- Planejamento da suplementação nutricional de acordo com a época do ano e objetivos da propriedade.
Outros fatores que contribuem para o cenário de exportação de carne bovina
Nos últimos 30 anos, a área de pastagens utilizada diminuiu em 16% (27,9 milhões de hectares), sendo transformada em agricultura e outras atividades.
Ao mesmo tempo, a produção de carne continua subindo, com um aumento de 172% na produtividade. Estamos produzindo mais, usando menos recursos naturais e reduzindo emissões por quilo de carne produzida.
Quando comparado a outros países produtores, o custo de produção da arroba (U$/@) no Brasil é relativamente baixo e representa uma vantagem competitiva em relação a outros players do mercado, principalmente devido a uma combinação de fatores como baixo custo da terra, mão de obra mais acessível e diversidade de insumos para nutrição animal.
Além disso, devemos destacar que os produtores rurais e a indústria de carne nacional passam por rigorosos processos de fiscalização para comprovar o cumprimento de rígidos controles sanitários e ambientais, o que aumenta a confiança dos consumidores e permite que o país se mantenha competitivo no mercado global.
Embora o Brasil já possua um sistema de rastreabilidade através da Guia de Trânsito Animal (GTA), hoje ela é feita por lotes. Em dezembro de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) anunciou o Plano Nacional de Rastreabilidade Individual de Bovinos e Bubalinos, onde o controle passará a ser feito por animal, através de tecnologias como bottons e brincos eletrônicos, a fim de garantir um melhor controle da segurança alimentar e qualidade do produto acabado. O plano também visa potencializar a abertura de novos mercados e a manutenção dos já existentes para a carne brasileira.
Por fim, outro fator crucial para o sucesso da exportação é a infraestrutura logística, com portos como os de Santos, Paranaguá e Porto de Rio Grande, essenciais para escoar o produto para mercados internacionais. Além disso, o Brasil tem investido em melhorias contínuas nesse setor, o que facilita o transporte da carne de forma célere.
Qual é o maior produtor de carne do Brasil?
Por conta de um volume de 38,9 milhões de cabeças abatidas em 2024, o Mato Grosso figura no primeiro lugar do pódio como maior produtor nacional de carne bovina, com 6,6 milhões de cabeças (16,9%).
Além disso, o volume de animais enviados para o gancho representa um incremento de 19,36% em relação ao ano anterior, com destaque para a maior participação de animais jovens (menos de 24 meses), que representou 37,34% do total abatido.
Beneficiado por sua vasta área de pastagem e um clima favorável à criação de gado, o Mato Grosso tem registrado números impressionantes. Além disso, o estado também se destaca na produção de soja e milho, insumos essenciais para a alimentação do gado, o que torna sua cadeia produtiva mais robusta e eficiente.
Ademais, Goiás e Mato Grosso do Sul também são polos de produção de carne bovina, mantendo o Centro-Oeste como a principal região do país no fornecimento de carne para o mercado interno e externo.
Como está a exportação de carne do Brasil hoje?
Com recordes sucessivos mês a mês, o ano de 2024 entra para a história como o maior em exportações de carne bovina pelo Brasil. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), o volume total de exportações de 2,89 milhões de toneladas é 25,5% maior do que o do ano anterior e resultou em uma receita de US$ 12,8 bilhões (22% maior que 2023).
O resultado coloca o setor na dianteira dentre os demais que contribuíram para o saldo positivo de US$ 74,6 bilhões da balança comercial brasileira em 2024- Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)- compilados pela ABIEC.

A moeda brasileira desvalorizada frente ao dólar também favorece a competitividade da carne bovina brasileira no mercado internacional, tornando-a mais atrativa em comparação aos concorrentes globais.

Qual é o país que mais compra carne do Brasil?
Em 2024, a China foi o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, comprando um total de 1,33 milhão de toneladas (45% dos embarques) e gerando um faturamento de US$ 6 bilhões.
Estima-se que haja 1,411 bilhão de chineses (2023), com um consumo médio de 8,3 kg de carne por ano. A demanda crescente por carne deve-se principalmente à maior urbanização da população e ao desenvolvimento econômico, com uma classe média de 800 milhões de pessoas diversificando sua dieta e consumindo mais proteína animal.
A relação “Brasil & China” começou a tomar corpo em 2014 e, desde então, este importante parceiro comercial vem aumentando suas compras e batendo recordes ano após ano.
Além disso, outros mercados importantes incluem os Emirados Árabes, a União Europeia, o Chile e Hong Kong.

Tabela : Principais Destinos da Exportação Brasileira de Carne Bovina (tons) – Fonte ABIEC 2025
Quais as perspectivas da exportação de carne para os próximos anos?
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima um crescimento de 0,5% nos embarques brasileiros, mantendo-se competitivo no mercado internacional, mesmo com preços maiores em reais devido à expectativa do dólar na casa dos R$6,00 para 2025 (Boletim Focus).
Para este ano, as incertezas causadas pelas guerras, turbulências políticas e econômicas globais, somadas às políticas do novo governo americano, levarão a China a focar no fortalecimento de sua demanda interna, acelerar reformas regulatórias estruturais e ampliar a abertura econômica para sustentar seu crescimento, atualmente em 5%.
Além disso, a demanda por carne bovina dos EUA tende a aumentar em 2025 devido à forte queda no rebanho de animais daquele país e à consequente queda na oferta.
Conclusão
Embora China e EUA sejam importantes parceiros comerciais e devam continuar sendo nos próximos anos, especialistas destacam a importância de diversificar os destinos da carne brasileira com a abertura de novos mercados, buscando equilibrar a dependência principalmente do mercado chinês e reduzir os riscos comerciais.
Ademais, a expansão das exportações para novos mercados se dará especialmente em países do Oriente Médio, Ásia e África, graças ao esforço de associações como a ABIEC e o MAPA, que têm buscado melhorar as relações comerciais com diversos países, reduzir barreiras tarifárias e firmar acordos sanitários.
Contudo, o setor também terá que lidar com desafios relacionados à competitividade, questões ambientais, sanitárias e a necessidade de inovação em termos de qualidade e sustentabilidade para atender às demandas de governos e dos consumidores do futuro.
A pressão por práticas de produção mais responsáveis pode demandar investimentos em novas tecnologias e na melhoria das práticas agrícolas, especialmente no que se refere ao desmatamento e ao uso de recursos naturais.
Assim, a carne bovina é uma fonte nutricional essencial para dietas saudáveis, e o Brasil segue como grande fornecedor desta proteína para o mundo, considerando todos os fatores apontados e a contínua e crescente demanda impulsionada principalmente por países emergentes e pelo aumento da população mundial.
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