Forragem para animais: o que é e quais são seus benefícios

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A base da produção animal no Brasil é caracterizada pela produção em pastagens e a intensificação do uso desse recurso vem sendo apontada como alternativa mais sustentável, minimizando a necessidade de abertura de novas áreas de terra para a produção animal.

Hoje, o Brasil possui cerca de 160 milhões de hectares de pastagem e cerca de 180 milhões de cabeças bovinas, que tem como um dos principais alimentos a forragem. Neste artigo, descobriremos mais sobre o que é forragem e quais os principais tipos. Continue a leitura!

O que é forragem para animais?

Forragem ou forrageira é toda parte aérea (folhas e colmo), de uma população de plantas (gramínea ou leguminosa), utilizada como alimento pelo animal. O contato do animal com ela se dá por meio de pastejo ou quando fornecida diretamente no cocho para a sua alimentação.

Quais são os tipos de forragem?

Temos diversos tipos de forragem que se adaptam as diferentes condições climáticas do Brasil. Essas forrageiras são classificadas em dois grandes grupos: as espécies da família Poaceae (gramíneas) e Fabaceae (leguminosas).

Ambo são alimentos volumosos ricos em rico em fibras, porém, apresentam algumas diferenças que as tornam mais ou menos adaptadas a determinados ambientes.

  • Gramíneas tropicais: São grupos de plantas adaptadas a ambientes mais quentes e com maior incidência de luz. São plantas com alta produção de massa de forragem, porém com qualidade bromatológica menor quando comparada às gramíneas temperadas. Além disso, são plantas de média a alta exigência de nutrientes e se adaptam bem a solos de diversas regiões do Brasil. Dentro desse grupo podemos citar: Brachiaria (marandu, Piatã, Xaraes), Panicum (colonião, tanzania), Penissetum (capim elefante);
  • Gramíneas temperadas: São gramíneas adaptadas ao clima subtropical com verão mais ameno e inverno frio com presença de geada. Apresentam alta qualidade de forragem, demandam solos de boa fertilidade e são menos exigentes em horas luz (Cordova e Flaresco, 2025). Nessa categoria podemos citar: Aveia, azevém, cevada, centeio, trigo, Capim Sudão e milheto, Tifton, missioneira, hermátrica;
  • Leguminosas tropicais: São leguminosas fixadoras de nitrogênio no solo, adaptadas a climas mais quentes. Apresentam qualidade bromatológica elevada, por esse motivo são muito utilizadas em consórcios com as gramíneas tropicais ou como banco de proteína. Destacamos nesse grupo o amendoim forrageiro, estilosantes, Guandu, leucena, galapogônio, soja perene, crotalaria;
  • Leguminosas temperadas: São leguminosas adaptadas a climas mais amenos e frios (região subtropical do Brasil, ou tropicais de altitude). Apresentam alta qualidade de forragem, demandam solos de boa fertilidade e são menos exigentes em horas-luz (Cordova e Flaresco, 2025). Nessa categoria podemos citar: trevo-branco, trevo-vermelho, alfafa, ervilhaca, cornichão.

O que o produtor deve saber para estabelecer uma forragem?

O estabelecimento de uma área de pastagem envolve inúmeras etapas. Assim, é sempre importante identificar qual cultivar é a mais indicada para a região e os objetivos de produção que o produtor deseja.

O segundo passo é realizar uma coleta de solo para identificar possíveis correções. É importante sempre buscar a ajuda de um técnico capacitado para identificar os momentos corretos para entrada com corretivos agrícolas e identificar a melhor janela de plantio. Além disso, vale lembrar que cada cultura apresenta uma necessidade nutricional diferente e esse fator deve ser levado em consideração para a indicação do manejo de plantio e de fertilidade do solo.

O produtor deve utilizar-se do manejo do pastejo para extrair o máximo potencial de sua forrageira, sem prejudicar seu desenvolvimento e o desempenho dos animais em pastejo. Por esse motivo, o ajuste da taxa de lotação deve ser feito e monitorado constantemente.

Com a pastagem estabelecida e sendo utilizada como fonte de alimento pelos animais, é necessário repor os nutrientes extraídos e evitar que sua forragem perca produtividade. A adubação de cobertura tem por objetivo repor os nutrientes e manter a produtividade em dia.

Assim como na adubação de base, não existe uma receita de bolo para a adubação de cobertura. Cada solo, região, cultivar, sistema de produção apresenta suas particularidades. Por esse motivo, busque sempre a orientação de um profissional da área para auxiliar na recomendação de dose e tipo de fertilizante.

Quais os métodos de conservação de forragem?

Como o Brasil é um país onde a sazonalidade da produção de forragem é marcada por um período chuvoso com elevada oferta de alimento e, período seco onde temos baixa produção ou até mesmo escassez de alimento (Pereira et al., 2009), a utilização de técnicas de conservação de forragem se torna necessárias para mantermos os níveis produtivos ao longo de todo o ano.

Dentre as práticas de conservação de forragem, podemos destacar a produção de:

  • Silagem;
  • Fenação;
  • Pré-secado;
  • Vedação ou diferimento de pastagem.

Silagem

A silagem é o produto da conservação via fermentação anaeróbica da planta inteira de gramíneas, sendo um alimento bastante importante na nutrição de ruminantes, devido seu alto valor nutritivo.

Dentre as vantagens da utilização de forragem ensilada podemos destacar: 1) o processo de ensilagem pode ser realizado quando os valores nutritivos são elevados; 2) é uma fonte de alimento volumoso de baixo custo, permitindo em alguns casos a redução no uso de concentrado; 3) permite o aumento de produtividade animal por área.

Existe uma gama de variedade de forrageiras que podem ser conservadas na forma de silagem. Entre as mais indicadas estão: sorgo, milho, capim elefante, gramíneas de inverno (trigo, cevada, etc..), BRS Capiaçu, e algumas cultivares de brachiaria e panicum.

Para obtermos sucesso no processo de ensilagem e garantir um volumoso de qualidade sendo fornecido aos animais, alguns pontos devem ser levados em consideração, tais como:

  • Determinação do ponto de colheita e altura de corte;
  • Tamanho de picado;
  • Compactação e expulsão do ar contido na massa;
  • Correta vedação do material ensilado;
  • Evitar a entrada de ar durante o processo de fermentação da massa ensilada.

Independente da cultura ensilada, vale lembrar que uma boa silagem deve apresentar cheiro agradável e coloração clara (padrão de forragem conservada). A presença marcante de efluentes saindo do material ensilado (choro do silo), é provável que a fermentação foi inadequada e o produto perca sua qualidade e aceitabilidade pelos animais. Silagens ensiladas com teor de MS muito elevado também terão problemas com a fermentação, principalmente devido à dificuldade na compactação e expulsão do ar.

Fenação

Fenação é o processo em que a planta é cortada e passa por desidratação (perda de água), conservando assim suas características qualitativas na forma de feno.

Nessa técnica, é possível conservar praticamente todo o valor nutritivo da forragem por longos períodos (meses e anos), utilizando como alimento aos animais nos períodos de escassez ou como complemento da dieta ao longo do ano.

Para ser utilizada para a produção de feno, uma forrageira deve apresentar:

  • Boa produção de massa verde;
  • Boa resistência a cortes frequentes;
  • Caules finos e alto volume de folhas;
  • Ser adaptada às condições climáticas da região.

A colheita da forragem deve ser realizada quando a planta estiver em sua fase vegetativa, onde a produção/ha e a qualidade nutricional serão maximizadas.

A produção de feno inicia-se pelo corte da forrageira, que deve ser realizado o mais cedo possível (período da manhã). A etapa de maior importância nesse processo é a secagem, cujo objetivo é retirar a água da planta. Quanto mais rápido ocorrer a desidratação, melhor será a qualidade do feno. Saiba mais sobre o processo de fenação em: Fenação: um guia completo sobre a técnica

Pré-secado

O pré-secado é um “tipo de silagem”, em que as forrageiras sofrem desidratação para perca de água. Essa desidratação ocorre no campo após o via corte e exposição ao sol por algumas horas para atingir um teor de matéria seca próximo a 45%.

Assim, após ser enfardado, forma rolos compactos que garantem o mínimo de ar presente. Esses rolos são então plastificados para não ocorrer penetração de água e oxigênio, passando por um processo de fermentação semelhante ao que ocorre na confecção de silagem.

Portanto, podemos dizer que o pré-secado é um método de conservação de forragem intermediário entre a fenação e a ensilagem, gerando um alimento de alto valor nutricional para ruminantes.

Vedação ou diferimento de pastagem

Vedação ou diferimento de pastagem consiste em escolher uma área da propriedade e excluí-la do pastejo por determinado período, normalmente no final do verão. Também é conhecida como “feno em pé” em algumas regiões do Brasil. Essa prática visa garantir que o acúmulo de forragem que será pastejado nos períodos de escassez, reduzindo o efeito da sazonalidade.

Apesar da baixa qualidade nutricional e da necessidade de suplementação proteica, essa estratégia de planejamento forrageiro auxilia muitos pecuaristas a manter o desempenho dos animais ao longo do ano.

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