Sistemas de ordenha e automação: eficiência na produção de leite

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Os sistemas de ordenha revolucionaram a indústria leiteira, proporcionando maior eficiência e conforto para os animais, garantindo assim a produção de leite de alta qualidade.

A ordenha automatizada tem gerado redução do tempo e dos custos de atividades como remoção e tratamento de dejetos, alimentação e ordenha dos animais.

Já na ordenha convencional, o processo está associado a uma atividade laboral intensa, mesmo após aquisição dos sistemas de ordenha mecânicos. Contudo, a robotização dos sistemas de ordenha tornou o processo mais flexível e menos laborioso.

A ordenha robotizada dá a possibilidade de oferecer e formular uma dieta diferente para cada vaca, apenas com um simples ajuste a quantidade de ração que pode ser fornecida no robô para cada grupo de animais. Esse é um fator de relevância, pois podemos incluir a oferta de uma ração de qualidade e a promoção de um excelente manejo nutricional, podendo melhorar ainda mais o rendimento das vacas.

Com o aumento das demandas de consumo de leite, exigências dos consumidores mais elevadas e a maior agilidade dos sistemas de produção, tem sido necessária a adoção de tecnologias de automação para conseguir aumentar a eficiência. Sendo assim, abordaremos neste conteúdo sistemas de ordenha automatizada para a produção de leite.

Cenário do mercado de leite no Brasil e no mundo

O mercado do leite no Brasil durante o período de pandemia resultou em efeitos regionais, porém, com rápido ajuste e poucas interrupções.

Em nível mundial, diversos países adotaram medidas de confinamento no sistema de produção leiteira, ocasionando variação no consumo fora de casa e, consequentemente, alterações em grande parte dos produtos lácteos. No entanto, esse volume foi compensado com a elevação do consumo doméstico (mercado varejista), gerando, de forma geral, ajustes rápidos.

Todas as culturas populacionais do mundo fazem o consumo de leite ou alguns de seus derivados, com isso sua produção global foi estimada em 929,9 milhões de toneladas em 2022, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos).

Confira os 7 maiores produtores de leite do mundo em 2022:

  1. Índia – 221 milhões de toneladas;
  2. União Europeia – 158,7 milhões de toneladas;
  3. Estados Unidos – 102,9 milhões de toneladas;
  4. Paquistão – 64,2 milhões de toneladas;
  5. China – 39,7 milhões de toneladas;
  6. Brasil – 34,8 milhões de toneladas;
  7. Rússia – 33 milhões de toneladas.

A pecuária leiteira está presente em 99% dos municípios brasileiros, o que a torna uma das atividades mais tradicionais do país e de destaque para a segurança alimentar.

O crescimento da produção de leite nacional entre 1990 e 2019 foi de 139%, passando de 14,48 para 34.84 bilhões de litros ao ano. Isto torna o Brasil autossuficiente na produção de leite, sem a necessidade de importar.

Como é a ordenha e o beneficiamento do leite?

Quando nos referimos a beneficiamento do leite, nos referimos ao seu tratamento tecnológico, se iniciando na seleção (ordem de entrada no estabelecimento) até o acondicionamento final, envolvendo operações como:

  • Seleção;
  • Filtração;
  • Pré-resfriamento;
  • Pré-aquecimento;
  • Pasteurização;
  • Refrigeração industrial;
  • Envase;
  • Acondicionamento;
  • E outras práticas.

Na ordenha deve respeitar o horário que permita a entrada de leite no estabelecimento de destino, dentro dos prazos previstos na legislação; cuidados com as vacas como limpeza, descanso, úberes higienizados e cauda presa; roupas limpas, braços lavados e unhas cortadas do ordenhador; descarte dos primeiros jatos de leite, realizar a mungidura total e ininterrupta com esgotamento das quatro tetas.

O resfriamento do leite deve ocorrer rapidamente após a ordenha a temperaturas inferiores a 5°C em tanques de aço inox com dupla camisa (onde circula fluído refrigerante) e sistema mecânico de mistura do leite, para melhor eficiência das trocas térmicas.

Do produtor à indústria deve ser realizado por meio de transporte em caminhões-tanque isotérmico ou em latões.

O sistema de recepção, quando transportado em latões, sai do caminhão para uma esteira, sendo separado no trajeto automaticamente e o leite pesado, registrado armazenado em tanques para ser processado.

Quando em tarros, este serão lavados para retornarem às fazendas. E por fim, em caminhões-tanque, estes chegam à indústria e são recebidos em local onde o leite é medido por peso ou volume.

Através da clarificação, as impurezas do leite (partículas vegetais, pelos, terra, células somáticas, bactérias etc.) são removidas por clarificador centrífugo (de 2000 a 3000 rpm). O separador centrífugo faz também a clarificação do leite e a padronização da gordura por menor densidade, variando o grau de separação da gordura de acordo com a velocidade de rotação.

Posteriormente, o leite é direcionado para um tanque de regulação, que elimina alguns problemas associados ao transporte do produto, através da linha de processamento. Com a homogeneização consegue-se diminuir o diâmetro dos glóbulos de gordura do leite, para atrasar ou impedir a separação da fase de gordura.

A pasteurização ocorre no sistema HTST (High Temperature Short Time), que é um equipamento trocador de calor de placas. As placas alternadas circulam o fluido a ser tratado termicamente (leite) e o fluido de troca de calor (água quente ou fria) na temperatura desejada.

Por fim, o leite é embalado em aparelhos específicos para cada produto. Leites pasteurizados podem ser embalados em filmes plásticos, garrafas plásticas, garrafas de vidro ou caixas de cartão e polietileno

Como a ordenha mecanizada facilita a extração do leite?

A ordenhadeira é o equipamento a vácuo utilizado para se realizar a ordenha mecânica. Com ele é possível simular a mamada de um bezerro, através de pressão e sucção, o que resulta na ejeção do leite.

No tipo de ordenha com balde ao pé, o leite é ejetado pela ordenhadeira e enviado a um taro de leite que fica móvel junto com o animal, ao se encher, esse taro despeja o leite dentro de um resfriador.

No tipo de ordenha mecânico canalizado, conforme o leite é ordenhado, já é direcionado de forma canalizada para o sistema de resfriamento, reduzindo a mão de obra e tornando a operação de trabalho mais fácil.

Na ordenha mecânica canalizada do tipo carrossel, os animais adentram a plataforma giratória, onde serão realizados os manejos de limpeza e ordenha com o carrossel girando e após o término do manejo os animais saem do sistema giratório.

E quando se tem o sistema de ordenha canalizada robotizada, não é preciso a presença de ordenadores, pois o equipamento realiza todo o trabalho sozinho.

Funciona da seguinte maneira: o animal chega próximo ao sistema de ordenha, o chip dele é identificado, fazendo a liberação da porta do sistema e direcionando o animal para a coleta. Por si só, o equipamento faz a limpeza e o encaixe das teteiras diretamente nos tetos do úbere.

Quais são as vantagens da ordenha mecanizada?

São diversas as vantagens das ordenhas mecanizadas para os produtores de leite. Entre elas, podemos destacar a maior flexibilidade para a realização de outras tarefas, de acordo com as necessidades da propriedade.

Além disso, há uma melhora na mão de obra e na qualidade de vida do produtor ou funcionário, devido a uma rotina de trabalho reduzida. Ainda, a possibilidade de executar mais do que duas ordenhas diárias, a substituição de mão de obra manual e a obtenção de relatórios detalhados no computador são benefícios importantes.

O monitoramento da saúde do úbere, a produção de leite, o status reprodutivo do rebanho, o consumo de matéria seca, as mudanças no escore corporal, a rápida adaptação dos animais ao sistema e um retorno de investimento garantido também são aspectos relevantes.

Quais são os 4 pontos importantes da higiene de ordenha?

Quando se pensa em higiene na ordenha, o objetivo principal é obter leite de qualidade, com menor contaminação por microrganismos, além de reduzir a ocorrência da mastite, uma doença que afeta o úbere das vacas.

A sala de ordenha das vacas deve estar sempre limpa e organizada, garantindo a higiene das botas e dos equipamentos utilizados, além de atenção ao descarte adequado dos materiais de consumo, como toalhas de papel, luvas, seringas, agulhas, embalagens, entre outros.

Não deve haver substâncias nocivas que possam afetar a qualidade do leite produzido, garantindo higiene, protegendo-o de excretas, secreções ou resíduos de origem animal. Muito importante se preocupar com a qualidade da água dos locais onde os leites são produzidos, eliminando riscos à saúde do consumidor.

Com objetivo de evitar contaminação e garantir boa conservação do produto, os equipamentos e utensílios utilizados na ordenha devem ficar fora do alcance do piso para que não ocorra sujidades, contato com animais/insetos e excesso de umidade.

As instalações e todo o conjunto de ordenha têm a exigências de serem limpa com detergentes apropriados, e posteriormente, com o uso de um detergente alcalino clorado de uso diário, e se atentando com a faixa de temperatura ideal de 43°C a 77°C e para o detergente ácido, a água pode ser fria ou levemente aquecida (35°C – 43°C).

Quais são os tipos de ordenha?

A ordenha pode ser realizada de duas maneiras, sendo de forma manual (com ou sem a presença da cria) e de forma mecânica (do tipo balde ao pé ou circuito fechado).

Na ordenha manual o leite é retirado com a mão, onde é exercida pressão com os dos dedos de cima para baixo, sendo este o predominante método de ordenha no mundo e de qualidade desde que passos sejam seguidos:

– Realizar a movimentação tranquila das vacas em direção à sala de ordenha, procurando seguir uma ordem prioritária em relação à saúde do úbere.

– Colocar os primeiros jatos de leite em uma caneca de fundo escuro com o objetivo de estimular a descida do leite, observar a presença de mastite e eliminar os jatos contaminados por microrganismos.

– Para melhor eficácia do desinfetante, recomenda-se lavar apenas a parte inferior dos tetos com água potável.

– Mergulhar os tetos em um dos seguintes desinfetantes (clorexidina a 0,3%, iodo a 0,3% ou hipoclorito de sódio a 2%), aguardando 30 segundos para que ajam.

– Em seguida, utilizar papel toalha descartável para secar os tetos.

– Ao iniciar a ordenha, é importante prosseguir até o final, pois o hormônio ocitocina, responsável pela ejeção do leite, tem uma duração de ação de seis a sete minutos. Durante esse período, cerca de 70% do leite da vaca é ejetado, principalmente nos primeiros minutos após o início do processo de ordenha.

– Após a conclusão da ordenha, é fundamental proceder à completa desinfecção dos tetos utilizando princípios ativos presentes em determinados produtos, tais como iodo livre a uma concentração de 0,5%, iodophor a 1%, gluconato de clorexidina a 0,5%, cloro na forma de hipoclorito a 3% e ácido sulfônico a 2%.

– Após a ordenha, é importante fornecer alimento imediatamente aos animais de pé, por um período de aproximadamente duas horas, para evitar a entrada de microrganismos em contato com o esfíncter aberto.

– Começar imediatamente a higienização e esterilização da sala e do equipamento de ordenha.

A ordenha do tipo mecânica é realizada por uma máquina chamada de ordenhadeira. O equipamento é o único que terá contato direto com a vaca de leite pelo menos duas vezes por dia.

A ordenhadeira gera um vácuo ou pressão negativa em volta do teto, o que produz um efeito de sucção que vence o fechamento do teto (esfíncter), permitindo a saída do leite. É importante que o aparelho de ordenha retire a maior quantidade de leite presente no úbere, em menor espaço de tempo possível, sem causar prejuízos a saúde da glândula mamária.

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