Altura de corte e suas inferências na qualidade da silagem

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Entre as alternativas para auxiliar na viabilização dos sistemas mais intensivos encontra-se o uso de forragens conservadas (silagem ou feno), que permitem maior  estabilidade de produção e diminuem os riscos de não haver volumoso de qualidade e quantidade suficiente nas estações desfavoráveis de crescimento das pastagens. Devido a estes fatores, a cultura do milho tem sido a forrageira de maior utilização no processo de produção de silagem.

De acordo com alguns autores a elevação da altura de colheita do milho de 20 para 42 cm também demonstrou, por intermédio da análise da qualidade da fração fibrosa dos componentes da fitomassa remanescente, que a porção basal do colmo concentrou maiores teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) (67,08% contra 65,57%) frente à porção mediana + apical ensilada, sendo de 62,17% na colheita de 20 cm de altura e 60,84% na colheita de 42 cm. Alguns autores avaliaram o efeito de duas alturas de colheita das plantas de milho para ensilagem (baixa: 15 cm ou alta: 39 cm do solo) e a maior altura de colheita promoveu maior participação dos componentes folhas (28,4% contra 28,9%) e espigas (39,6% contra 43,7%) e menor participação de colmo (27,8% contra 32,0%). 

Em avaliação de colheita das plantas a 5 cm acima do nível do solo e a 5 cm abaixo da inserção da primeira espiga, concluíram que a elevação da altura de colheita melhorou a qualidade da forragem, em decorrência da redução da participação das frações colmo e folhas, havendo como consequência a redução dos componentes da parede celular e aumento nas proporções de grãos, o que determinou o aumento nos valores de digestibilidade da matéria seca (MS) e dos nutrientes digestíveis totais (NDT). 

Colheita do milho safrinha

Alguns autores trabalhando com alturas de colheita de milho safrinha de 20 cm, 45 cm, 70 cm e 95 cm, observaram alterações na matéria seca, distribuição de carboidratos, com incremento de carboidratos não-fibrosos e redução do teor de fibra em detergente neutro, fibra insolúvel em detergente ácido e lignina. 

Os teores de MS variaram aproximadamente 20% entre a altura mais baixa (20 cm) e a mais alta (95 cm). Com o incremento da altura de colheita de 20 cm para 95 cm a fibra em detergente neutro (FDN) e a fibra em detergente ácido (FDA) tiveram uma redução de 12,8% e 42,1%, respectivamente, e foi possível uma redução de 38,5% no teor de lignina. 

Influência da altura de colheita na dinâmica dos nutrientes do solo em áreas destinadas à produção de milho silagem

Quando o milho é cultivado com a finalidade de produzir silagem, deve-se realizar o manejo de adubação e posterior condução da área de forma diferenciada às recomendações para a produção somente de grãos, pois além dos grãos, a parte vegetativa é colhida e removida do campo antes que a cultura complete o seu ciclo, fazendo com que a maior parte dos nutrientes que foram extraídos do solo durante o ciclo de vida da cultura seja exportada da área de cultivo, podendo causar desbalanço de nutrientes e empobrecimento rápido do solo, tendo como consequência a queda de produtividade e baixa qualidade da silagem em cultivos posteriores.

Dados médios de experimentos conduzidos nos mostram, com uma produção de 18.650 kg/ha de massa seca de silagem, demonstram uma extração média de 231 kg/ha de N, 26 kg/ha de P, 259 kg/ha de K, 58 kg/ha de Ca e 32 kg/ha de Mg. Os autores observaram que as extrações de N, P, K, Ca e Mg aumentaram linearmente com o aumento na produção, e que a maior exigência do milho se refere a nitrogênio e potássio, seguindo-se cálcio, magnésio e fósforo.

No milho, os nutrientes têm diferentes taxas de translocação entre os tecidos (colmos, folhas e grãos), o que se reflete na exportação dos nutrientes. Quando a finalidade é produzir grãos (total de nutrientes extraídos pela planta/total de nutrientes nos grãos), o P é quase todo translocado para os grãos (77% a 86 %), seguindo-se proporcionalmente o N (70% a 77 %), o enxofre (S) 60%, o Mg (47% a 69 %), o K (26% a 43 %) e o Ca (3% a 7 %). Com base nessas taxas de exportação de nutrientes pelos grãos, nota-se que apesar do componente grão possuir grande concentração da maioria dos elementos retirados do solo, ainda sim, a incorporação dos restos culturais devolve ao solo grande parte dos nutrientes, principalmente K e Ca, contidos na fitomassa remanescente.

Alguns autores avaliaram dois cultivares de milho, sendo um cultivar com potencial forrageiro de 13.500 kg/ha de grãos e 32.900 kg/ha de massa seca, e outro cultivar de potencial granífero teve produtividade de 14.700 kg/ha e 29.700 kg/ha de massa seca. O acúmulo total de macronutrientes pelas cultivares, respectivamente, seguiu a seguinte ordem decrescente de valores (expressos em kg/ha): N: 401 e 327; K: 312 e 316; P: 92 e 76; Ca: 61 e 60; Mg: 47 e 37; e S: 30 e 24. 

Os nutrientes de maior impacto na exportação foram o N e o K, para as produções de forragem a exportação observada foi de até 231 e de 259 kg/ha respectivamente, fator que pode levar ao desgaste precoce do solo quanto a esse nutriente.

Autores reforçam que problemas de fertilidade do solo podem se manifestar mais cedo na produção de silagem do que na produção de grãos, principalmente se for obtida por vários anos consecutivos de uma mesma área e sem o devido manejo do solo e adubação. Verificaram que a colheita em altura mais elevada aumentou a adição de resíduos para a reciclagem de matéria orgânica no solo, com retorno de parte dos nutrientes concentrados nos internódios inferiores da planta, que normalmente são extraídos em decorrência da colheita rente ao solo. Tais contribuições devem ser consideradas em um programa de exploração racional das glebas, visando alta produtividade, e merecem avaliação econômica mais criteriosa para justificar a recomendação.

Necessidades nutricionais

As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que esta extrai durante o seu ciclo. Esta extração total dependerá, portanto, do rendimento obtido pela colheita da fitomassa total e da reposição da fitomassa remanescente, que dependerá da altura de colheita. Assim, de acordo com a altura de colheita da silagem será necessário realizar uma adubação diferenciada levando em conta a fertilidade do solo.

Artigo escrito por Vinicius Gomes | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic

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