Para que serve a silagem de milho?

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A silagem de milho é o produto da conservação via fermentação anaeróbica da planta inteira do milho, sendo um alimento bastante importante na nutrição de ruminantes, devido seu alto valor nutritivo, principalmente no que se refere ao teor de energia.

No entanto, para que possamos garantir que a silagem de milho apresente os níveis nutricionais adequados que maximizem a produção de leite ou carne, alguns pontos precisam ser levados em consideração.

Neste artigo, iremos fornecer algumas informações primordiais para a produção de uma silagem de qualidade. Para iniciarmos a discussão, precisamos entender como a silagem é feita e quais são os processos fundamentais para que esse alimento possa fornecer os nutrientes necessários aos ruminantes. Continue a leitura e saiba mais!

A escolha da cultivar e época de plantio

Atualmente temos disponíveis no mercado, diversas cultivares de milho que são utilizadas especificamente para a produção de silagem. 

É importante ter em mente que um bom híbrido deve ser capaz de produzir grande quantidade de massa verde (MV) e apresentar alta porcentagem de grãos, e folhas verdes com uma excelente digestibilidade da matéria seca. 

Na literatura podemos encontrar alguns indicadores para a escolha de um bom híbrido para a produção de silagem, tais como: 

  • Apresentar poucas folhas secas na parte inferior da planta (menos de cinco folhas é considerado um bom indicador);
  • Altura entre 1,9 a 2,6 metros, produção de MV acima de 55.000 kg/ha e MS acima de 18.000 kg/ha. 

De acordo com Neumann  e outros autores, as plantas devem apresentar menos de 25% de colmo, mais de 15% de folhas, menos de 20% de palha e sabugo na espiga e mais de 40% de grãos na ensilagem. O período de plantio é basicamente o mesmo para a implantação de um híbrido para colheita de grãos. 

A adubação deve ser específica para a produção de silagem uma vez que, toda a planta é colhida, não deixando material residual no solo. Dessa forma, para uma correta adubação devemos levar em consideração a análise do solo e as necessidades do híbrido escolhido. 

Como é feito o processo de silagem?

O processo de produção da silagem é denominado de ensilagem, que apesar de simples, deve ser assertivo para que o valor nutritivo do material que veio do campo não seja perdido dentro do silo. Por esse motivo, os produtores devem seguir à risca alguns pontos durante o processo de ensilagem.

1. Ponto de colheita

A colheita do milho para silagem deve levar em consideração o teor de matéria seca (MS) e enchimento de grãos. A MS adequada gira em torno de 33 a 35%, com o enchimento de grão correspondente a 2/3 da linha do leite em estágio farináceo e 1/3 leitoso. 

Nesse ponto teremos a combinação entre produção de matéria seca, acúmulo de amido presente nos grãos e teor de açúcar solúvel adequado para a fermentação. 

Mas você deve estar se perguntando, o que acontece se eu colher o milho para silagem fora do ponto ideal?

De maneira geral, quando antecipamos a colheita do milho, temos prejuízo na produção de massa verde (MV), aumentamos a perda dos nutrientes por efluentes (silo chora), e reduzimos a concentração de amido total da silagem, devido ao baixo enchimento dos grãos. 

Além disso, quanto o teor de MS  do material ensilado é muito baixo, aumentam-se os riscos de fermentação acética e principalmente fermentação butírica, perdendo qualidade do material e reduzindo o consumo por parte dos animais devido ao mal cheiro.

No caso de colheita tardia (teor de MS superior a 35%), apesar de apresentar um aumento na produção de MV e maior concentração de amido, o produtor terá maior dificuldade na compactação do silo, o que também irá prejudicar a fermentação devido a dificuldade de expulsão do ar da massa ensilada, além de aumentar a porcentagem de folhas mortas o reduz a digestibilidade da silagem. 

Outro ponto que deve ser levado em consideração é a garantia da quebra dos grãos. Com a maturação da planta e da espiga, os grãos passam do estágio farináceo para grão duro. 

Caso esse grão não seja devidamente quebrado, teremos um aumento significativo na taxa de passagem através do trato gastrointestinal dos animais, e o produtor passa a enxergar os grãos nas fezes dos animais, reduzindo a eficiência em produção de leite ou ganho de peso vivo no caso da pecuária de corte.

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2. Altura do corte e forma de colheita 

A altura de corte da silagem depende muito da meta de produção e de como a propriedade está estruturada em termos de estoque de alimentos. Normalmente recomenda-se uma altura de corte em torno de 20 a 40 cm de altura.

Podó e outros autores (2009) avaliaram quatro alturas de corte para silagem de milho safrinha (20, 45, 70 e 90 cm), os autores constataram que houve um aumento de 20% no teor de MS entre as alturas mais baixa e mais alta. 

O aumento da altura de corte de 20 para 95 cm  resultou em uma redução de 38,5% no teor de lignina do material ensilado.

O que podemos observar na prática é que, quando aumentamos a altura de corte do milho, concentramos a energia devido a maior proporção de grãos e reduzimos a proporção de fibra no material que será ensilado, ou seja, teremos um alimento de melhor qualidade nutricional em comparação a silagens cortadas mais próximas ao solo. 

Por outro lado, quando aumentamos a altura para o corte o rendimento de MS/ha é reduzido. Portanto, a altura na qual a silagem será cortada deve atender as necessidades de cada propriedade e da categoria animal a qual se destina.

Em relação à forma de colheita, os mais comuns são pelo uso de ensiladeiras de arrasto (acopladas ao trator), e as ensiladeiras autopropelidas com rolo processador de grãos. 

No caso das ensiladeiras autopropelidas, temos a vantagem do aumento no processamento dos grãos, o que melhora significativamente a qualidade nutricional e aproveitamento da silagem pelos animais. 

Mas, independente do tipo de ensiladeira utilizada na propriedade, o produtor deve ter em mente que o tamanho ideal das partículas deve estar entre 0,5 e 2,0 cm. 

Dessa forma, o material ensilado será facilmente acomodado dentro do silo, terá uma boa condição para expulsão do ar e melhorar a fermentação e conservação da massa ensilada.

Vale lembrar que para garantir um adequado tamanho de picado, o pecuarista deve ficar atento a manutenção de sua máquina ensiladeira, verificando se as facas estão devidamente afiadas e realizar os ajustes das contrafacas sempre que necessário ou sempre que houver mudança no tamanho de picado ou processamento dos grãos.

3. Compactação e vedação do silo

Para que o processo de fermentação da silagem ocorra de forma eficiente, a compactação do silo deve ser muito bem feita. Para isso, é necessário espalhar a MV dentro do silo formando camadas de 20 cm e passar com o trator sobre esse material com intuito de retirar o máximo de ar e dar as condições necessárias para que a fermentação ocorra em ambiente anaeróbio (sem presença de ar). 

Em estudos Ruppel (1997), indicou que o equipamento utilizado na compactação do silo deve apresentar peso igual ou superior a 40% da massa que chega ao silo. O uso de máquinas mais leves irá aumentar o tempo de compactação e aumentar os custos com combustível.

Após a conclusão do enchimento e compactação da massa, o silo deve ser vedado utilizando lona específica, a literatura indica o uso de lonas com espessura e resistência mecânica variando de 150 a 200 µm de dupla face. 

É imprescindível utilizar uma lona de qualidade que resista ao sol e fique muito bem fixa ao solo (bordas enterradas). Dessa forma teremos as condições ideais para o processo fermentativo e conservação da massa ensilada.

Quanto tempo dura a silagem de milho ensilada?

Silagem de milho sendo colhida.

O processo fermentativo da silagem leva em torno de duas a três semanas (21 dias), após isso já é possível utilizar o material. Porém, o ideal é que o silo permaneça fechado por pelo menos 3 meses, assim teremos aumentos significativos na sua qualidade e digestibilidade, especialmente em relação ao teor de amido. 

De maneira geral, quanto mais tempo o silo permanecer fechado, maior será o aproveitamento dos nutrientes pelos animais. Ou seja, desde que seja garantido as condições adequadas de conservação, onde não temos a entrada de ar ou água na massa ensilada, o silo poderá permanecer fechado por anos. 

Valor nutricional da silagem de milho

O valor nutricional da silagem de milho irá depender diretamente do ponto em que foi colhido. Vale lembrar que o processo de conservação de forragem não melhora sua qualidade, como o próprio nome já diz, “conserva o que veio do campo”. 

Conforme discutido anteriormente, silagens colhidas de maneira antecipada, apresentarão maior digestibilidade do FDN, porém menores teores de amido. Em contrapartida, silagens colhidas tardias, terão maiores teores de amido, com menor digestibilidade de FDN e correm o risco de perda de amido se o grão não for devidamente processado.

Por esse motivo, devemos sempre levar em consideração os pontos abordados ao longo deste texto. O que se tem observado é que, as silagens de milho que apresentam teores de FDN entre 37 e 45% na MS apresentam maior ingestão de alimento e melhor desempenho animal, tanto na pecuária de corte quanto de leite

Além disso, busca-se silagem com teores de amido acima de 32% com digestibilidade do amido superior a 80%.

Em suma, o processo de produção de silagem é relativamente simples, porém deve ser muito bem feito para que o pecuarista não tenha prejuízos futuros. E foi pensando nisso, que a Mosaic Fertilizantes lançou no mercado a linha MPasto, uma linha de fertilizantes específica para a produção de silagens e pastagens que auxilia o produtor a atender as necessidades nutricionais do solo, refletindo em maior qualidade dos volumosos e garantindo maior ganho para os animais.

mpasto

Artigo escrito por Eliana Geremia | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic Fertilizantes

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