Carne bovina: como produzir com mais qualidade

7 min de leitura

Há algumas décadas, os sistemas de produção animal eram considerados uma operação tecnológica de nível científico baixo e com ausência de pesquisas focadas no setor. Quando a qualidade da carne bovina começou a ser observada com outros olhos, notou-se que o produto sofria interferência por eventos que partiam desde a propriedade rural até o abate dos animais. 

Quer saber como produzir carne bovina com mais qualidade? Nosso conteúdo fará uma abordagem sobre o tema, confira!

Como é a produção de carne bovina no Brasil?

Com a evolução da tecnologia, a rapidez e facilidade de acesso a informações, os consumidores passaram a ter mais conhecimento e aliado a isso, a exigência por adquirir produtos de qualidade tornou-se crescente. 

Os consumidores também têm se preocupado com a forma que os animais são tratados, o bem-estar animal também é levado em consideração. Mas o princípio da atenção com os cuidados com o bem-estar animal começou nos países importadores. Esses países estabeleceram padrões e condições menos estressantes na criação e abate dos animais.

Com isso, essa maior preocupação dos consumidores relacionado com a maneira como os animais são criados, transportados e abatidos, fez com que a indústria se importasse mais com a forma que os animais são tratados. O comportamento do animal, por fim, passou a ser enxergado com outros olhos. 

O Brasil possui uma grande área, uma diversidade de ecossistemas, aspectos sociais, econômicos e uma variedade de produtores, fazendo com que a pecuária brasileira tenha um conjunto de sistemas de produção de carne de boi. 

Com tantas variáveis e com intuito de gerar menos conflito de dados, os sistemas de produção foram classificados e agrupados de acordo com os regimes alimentares dos rebanhos predominantes no país. Falaremos deles no tópico a seguir, continue a leitura.

Como são classificados os sistemas de produção de bovinos?

Sistema extensivo: criação do rebanho exclusivamente na pastagem

Nesse tipo de sistema, a utilização dos recursos naturais mais comum é o extrativismo. Os animais zebuínos têm baixa produção e produtividade, podendo ter ou não planejamento alimentar, profilático ou sanitário. Não possui controle de reprodução, as instalações são ineficientes e os pastos formados por plantas nativas, sem a utilização de suplementos alimentares, o que acaba prejudicando o ganho de peso e prolongando a idade de abate dos animais.

Sistema semi-intensivo: rebanho na pastagem com suplementação a pasto

São empregados nesse sistema de produção, alimentação balanceada, sal mineral nos cochos e vermifugação. Os animais podem ficar fechados à noite recebendo ração. Como benefícios, os animais atingem peso mais rápido para o abate, quando comparados aos criados em sistema extensivo.

Sistema intensivo: rebanho na pastagem com suplementação e confinamento.

Pastagens mais produtivas, devidamente adubadas e irrigadas são implantadas no sistema intensivo. Existe uma melhoria na alimentação do rebanho associando pasto e suplementação ou pasto confinamento. São realizados planejamentos sanitários, por causa da aproximação do curral com o rebanho. Raças mais produtivas são introduzidas no sistema, de acordo com a adaptabilidade de cada região, substituindo os gados nativos.

O confinamento é definido como criação de bovinos em que os lotes de animais são alojados em piquetes ou currais com área restrita, com alimentos e a água fornecida através da utilização de cochos de forma controlada e balanceada.

Com o confinamento a idade de abate dos animais é antecipado, havendo maior ganho de peso e flexibilização da produção, no entanto, esse sistema de produção de carne de boi é de elevado custo para poder ser implantado e desenvolvido.

Qual maior produtor de carne bovina no mundo?

O maior produtor de carne bovina no mundo, representando 21,5% da produção mundial, é os Estados Unidos, que projeta atingir 12,62 milhões de toneladas, índice de 0,9% menor do observado em 2021 (12,73 milhões), segundo números divulgados no site Farmnews. 

Na sequência do ranking de produção, vem o Brasil em segundo lugar, projetando produzir (9,85 milhões de toneladas) mais que o ano anterior de 2021, no entanto, menor do que os anos de 2018 e 2020 (valores acima de 10 milhões de toneladas).

A China vem logo em seguida, sendo detentora do terceiro lugar em produção de carne bovina mundial, devendo atingir o número de 7 milhões de toneladas, tornando sua produção crescente a cada ano mesmo sendo a maior importadora de carne do Brasil. Ainda de acordo com o Farmnews, os outros maiores produtores na classificação são UE, Índia, Argentina, México e Austrália.

No Brasil, a expectativa da produção no ano de 2022 de carne bovina é que se encerre com 8,115 milhões de toneladas (equivalente carcaça), o menor nível em mais de 20 anos, no entanto, as exportações devem atingir novo recorde, de acordo com projeções publicadas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Muitos esperavam que a guerra no Leste Europeu fosse prejudicar o comércio de carnes brasileiras, mas segundo Malafaia e outros autores, o impacto na demanda por proteínas brasileiras não deve ser forte, pois a Rússia e a Ucrânia são compradores com pouca relevância comparados a outros países. 

Enquanto os conflitos entre os dois países persistirem, as exportações de carne bovina brasileira serão asseguradas pela alta demanda chinesa e norte-americana, observado isso em várias evidências de embarques no mês de março, atingindo volume recorde de 169,41 mil toneladas, comparado ao mesmo mês de 2021, de 133,82 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio.

Como produzir carne bovina de qualidade?

O paladar do consumidor é a principal ferramenta de avaliação da qualidade da carne, no entanto, para que a carne seja considerada de qualidade, são diversos os fatores envolvidos, alguns deles são:

  • Nutrição;
  • Manejo;
  • Genética;
  • Instalações adequadas;
  • Bem-estar animal;
  • Segurança alimentar. 

Agora você já sabe quais são os fatores que estão envolvidos na produção de uma carne de qualidade. Que tal conhecer como é o processamento da carne bovina? Saiba mais detalhes no próximo tópico.

O que é e como é feito o processamento da carne bovina?

Frigorifico com carne bovina

O processamento da carne bovina engloba três elementos: animais, instalações e pessoas. Estes precisam interagir de forma harmônica para que contribuam para um bom manejo e para um produto de qualidade. 

Diante disso, o manejo pré-abate é a ferramenta que está diretamente ligada a qualidade da carne que será destinada até a mesa do consumidor final. Não pode haver falta de cuidados com bem-estar animal, pois se houver, o resultado será carnes de baixa qualidade e perdas significativas no valor comercial.

O período de pré-abate seja na propriedade ou no abatedouro é um dos grandes influenciadores na qualidade da carne. Qualquer estresse que o animal tenha, seja durante o transporte, jejum longo, condições climáticas adversas e até mesmo o comportamento sexual dos machos podem alterar o rigor-mortis, gerando prejuízos à carne. Durante o abate é englobado a sangria, esfola e evisceração. 

Pensando no período pós-abate são os procedimentos realizados pelos abatedouros-frigoríficos que também influenciam a qualidade da carne, começando com o abate dos animais até o seu transporte ao comércio. O rápido resfriamento das carcaças, com ventilação forçada, irá reduzir a quebra do peso, a desnaturação de proteínas e a proliferação de microrganismos. Por fim, no pós-abate são os processos de inspeção, lavagem da carcaça e resfriamento influenciadores na qualidade da carne. 

Quando falamos dos cuidados com o transporte dos bovinos, não somente as condições do caminhão boiadeiro refletem no bem-estar animal, se os motoristas adotarem boas práticas, é possível observar redução nos casos de mortes e diminuição de contusões durante o deslocamento. 

Além disso, não é indicado amedrontar os animais, excitá-los ou maltratá-los para que embarquem e desembarquem nos caminhões.

É de extrema importância, evitar o uso de violência, gritos ou choques elétricos durante o manejo no transporte, devendo ser o mais tranquilo possível e de preferência realizado nas horas mais frescas do dia. 

A segunda maior causa de lesões em carcaças é observada durante o transporte por haver alta densidade de carga associada a maior reação de estresse, risco de contusão e números de quedas, problemas de manejo são mais observadas em relação a chifradas, coices, pisoteio, tombos etc.

Os animais devem ficar em descanso, jejum e dieta hídrica nos currais por 24 horas nos frigoríficos para que eles possam se recuperar do estresse ocasionado pelo deslocamento da propriedade até o local de abate. 

O período de jejum (última alimentação na propriedade até o momento da sangria) deve ter início a partir do embarque. Caso seja realizado antes do embarque pode afetar o bem-estar dos animais devido à fome e ao estresse metabólico, o que pode resultar no comprometimento do rendimento de carcaça.

Mas por que o jejum é tão importante? O objetivo principal do jejum é diminuir o conteúdo gástrico para facilitar a evisceração e evitar a contaminação da carcaça. 

Promover um estado de insensibilidade antes da sangria é necessário para evitar sofrimento e manter as funções vitais dos animais. Podem ser utilizadas martelo pneumático não penetrante, pistola pneumática de penetração, pistola pneumática de penetração com injeção de ar e a pistola de dardo cativo acionada por cartucho de explosão.

Após a insensibilização dos animais, inicia-se o processo de sangria através do corte dos grandes vasos de circulação de sangue do pescoço, isso é feito para promover um rápido e completo escoamento do sangue.

Com sangue escoado, é necessário amarrar os anus e a bexiga para que não contamine a carcaça, e cortar as patas dianteiras para que possa ser feito o aproveitamento do mocotó, e só posteriormente a retirada do couro do animal.

Deve-se ter atenção na retirada do couro realizando cortes em locais específicos para que o processo seja mais fácil e evitar contaminação da carcaça com pelos ou outro tipo de resíduo, o processo é realizado com o uso de máquinas ou manualmente, com facas.

Com o uso de serras elétricas ou manualmente, as carcaças são abertas e as vísceras são removidas e levadas em bandejas para inspeção. Depois de lavada com água quente, as carcaças são direcionadas às câmaras frigoríficas ou à desossa, aqui serão separadas em seções menores e cortes individuais para comercialização.

Apta para o consumo humano, a carcaça após todos os exames, recebe o carimbo de inspeção em locais pré-determinadas, seguindo para as etapas restantes. Em caso de inaptidão, a carcaça não é destinada para o consumo, tomando o Médico Veterinário as providências cabíveis.

Nas câmaras frigoríficas a temperatura da carcaça é submetida com intuito de reduzir a taxa de crescimento dos microrganismos patogênicos e deteriorantes, retardando as atividades enzimáticas que influenciam em alterações físicas e organolépticas da carne.

Segundo Bridi e Constantino, a velocidade com que a temperatura é reduzida é de extrema importância e atenção, pois esta influenciará nas características da carne como maciez, cor, capacidade de retenção de água, pH, perda de peso e grau de contaminação microbiana da carne.

Com todos esses processos realizados da melhor maneira possível, o consumidor pode ficar tranquilo, pois o alimento produzido será de qualidade. 

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