Frequência de fornecimento de alimentos para bovinos em confinamento

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As condições de estacionalidade produtiva das forragens que representam a base alimentar da pecuária de corte bovina no Brasil, bem como sua interação com fatores econômicos e mercadológicos mantém o interesse de produtores e pesquisadores em conhecer e avaliar técnicas que possam incrementar a rentabilidade na atividade. O confinamento consolidou-se como uma ferramenta importante na produção de carne bovina. Os estudos sobre ambiência e manejo evoluem continuamente, com importância de contexto equivalente à qualidade genética do rebanho, sua sanidade e a nutrição.

O padrão de procura de alimento por bovinos confinados, quando alimentados ad libitum, é bem característico, com dois momentos principais, início da manhã e final da tarde (BURGER et al., 2000).

A ingestão de matéria seca é o principal fator de influência no desempenho animal. Em sistema de confinamento, a rotina diária do comportamento é determinada pelo tempo de alimentação, com as outras atividades sendo acomodadas a ela. Os bovinos podem modificar o comportamento ingestivo de acordo com o tipo, quantidade, acessibilidade do alimento e práticas de manejo. Tradicionalmente os produtores fornecem dieta completa em uma, duas ou até três vezes ao dia, adequando-se às condições das instalações, vida útil do alimento no comedouro e ao dispêndio econômico envolvido na atividade.

De acordo com VAN SOEST (1994), a hipótese mais aceita por um grande grupo de pesquisadores é que o consumo é controlado por vários fatores, com ação variável de acordo com a situação. FAVERDIN et al. (1995) identificou variações de consumo pelos fatores de manejo e ambiente (tempo de acesso ao alimento, freqüência de alimentação, disponibilidade, espaço, fotoperíodo, temperatura e umidade).

O ato de fornecer alimento estimula o animal a ingerir, alterando o seu padrão de comportamento ingestivo e a concentração de metabólitos ruminais o que pode refletir em aumento no consumo de matéria seca e desempenho produtivo. Vários estudos relatam que animais estabulados são estimulados a procurar o alimento nos momentos da oferta.

O volume de alimento ingerido está diretamente relacionado ao comportamento ingestivo, compreendendo o número de refeições diárias, sua duração e a taxa de ingestão. Variações no consumo de alimento podem ser evidenciadas através da avaliação do comportamento alimentar, no entanto, novas técnicas de alimentação modificam o comportamento, não só alimentar, como também o físico-metabólico do animal.

Elevando-se a freqüência de alimentação observam-se concentrações mais uniformes na fermentação ruminal, reduzindo a flutuação no pH ruminal e elevando-se a digestão da fibra.

Muitos experimentos mostram que animais alimentados várias vezes apresentam melhor desempenho que os alimentados apenas uma vez ao dia.

Embora muito já se saiba sobre os fatores de estímulo e regulação do consumo, a ação de fornecer o alimento ainda é um assunto que desafia muitos pesquisadores.

Não se pode esquecer que juntamente com a frequência de fornecimento, um bom dimensionamento de cocho é fundamental para o sucesso do confinamento, pois assim evitamos que os animais dominantes comam mais ou não permitam que os demais deixem de comer por falta de espaço.

Dessa forma, o tamanho de cocho deve ser determinado em função do tipo de dieta que será fornecida, ou seja, se ração completa (volumoso e concentrado fornecidos em mistura homogênea) ou não (volumoso e concentrado fornecidos separadamente).

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Se a ração não for completa deve-se utilizar de 50 a 70 cm lineares de cocho por animal; se a ração for completa, essa medida pode ser menor (Neto, 1994). Essa diferença é por conta das vantagens que a ração completa oferece: controle efetivo da quantidade fornecida, restrição da seleção de alimentos pelos animais e estabilidade da população microbiana ao longo do dia, devido a menores oscilações de pH acarretadas pelo fornecimento irregular do concentrado.

Segundo Martin (1987), o cocho para confinamento pode ser de dois tipos: 1. Aquele ao qual os animais têm acesso pelos dois lados, localizado no centro do curral, cuja vantagem é um maior número de animais podendo se alimentar ao mesmo tempo; ou 2. Aquele ao qual os animais têm acesso à ração apenas por um dos lados. O segundo exemplo possibilita que o fornecimento da ração seja feito externamente ao curral, proporcionando a vantagem da facilidade de manejo, pois evita a entrada de máquinas na área dos animais.

Nos dois casos o cocho deve estar localizado na parte mais alta do curral, a fim de evitarmos o acúmulo de água junto ao mesmo.

Em minha dissertação realizada através do programa de Pós-Graduação em Zootecnia/UFSM intitulada “Desempenho e comportamento ingestivo de novilhos e vacas sob frequências de alimentação em confinamento” é possível se aprofundar mais no tema.

http://coralx.ufsm.br/ppgz/conteudo/Defesas/Dissertacoes/Julcemir_Joao_Ferreira.pdf

Escrito por Julcemir Ferreira | Gerente Comercial Mosaic Fertilizantes

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