Bovinos de corte: quais os tipos e como escolher a raça de maneira certa

4 min de leitura

O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de carne bovina. Esses bovinos passam por diferentes fases — cria, recria e engorda — e o sistema de produção é baseado, principalmente, em pastagens, que é a base da alimentação dos ruminantes.

De acordo com dados preliminares do IBGE, a produção de carne bovina no País atingiu um novo patamar em 2023, com 8,91 milhões de toneladas produzidas. Esse resultado representa um aumento substancial de 11,2% em relação ao ano anterior e supera em 8,6% o antigo recorde, registrado em 2019.

O sucesso do Brasil na pecuária de corte não se deve apenas ao tamanho do rebanho, mas também ao uso de tecnologias avançadas, estratégias de manejo eficazes, melhoramento genético e nutrição de ponta. Confira e entenda mais sobre as características dos bovinos de corte, o manejo adequado e outros aspectos desse setor!

Qual a diferença entre os tipos de bovinos de corte?

A diferença entre os tipos de bovinos de corte está relacionada a várias características, incluindo a origem das raças, adaptação ao clima, eficiência produtiva, qualidade da carne e resistência a doenças.

No Brasil, o Nelore é a raça zebuína mais popular devido à sua adaptação ao clima tropical, enquanto o Angus é amplamente utilizado em cruzamentos para melhorar a qualidade da carne.

Qual é a importância da alimentação na produtividade dos bovinos de corte?

Uma alimentação balanceada é fundamental para a produtividade dos bovinos. Uma dieta adequada fortalece a saúde dos bovinos, reduzindo doenças e custos veterinários. Além disso, a conversão alimentar eficiente, ou seja, a capacidade de transformar alimento em peso, impacta diretamente a rentabilidade da produção.

A otimização da dieta, com a suplementação adequada, é muito importante para garantir o máximo desempenho dos animais e a viabilidade econômica da atividade.

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Como escolher a raça de gado de corte mais adequada?

A escolha da raça dos bovinos de corte depende de diversos fatores, como:

  • Adaptação ao clima: raças zebuínas (Nelore, Brahman) são ideais para climas quentes, enquanto taurinas (Angus, Hereford, Charolês) se adaptam melhor a regiões temperadas;
  • Objetivos de mercado: para carne gourmet, raças como Angus são mais recomendadas. Já para cortes de menor valor agregado, o Nelore se destaca;
  • Eficiência reprodutiva e crescimento: raças com ciclos reprodutivos curtos e crescimento rápido (Angus) são ideais para alta produtividade.
  • Custos e disponibilidade: para cada raça, é necessário avaliar os custos de criação e a disponibilidade de bovinos na região.

Mudanças genéticas nos bovinos de corte brasileiro

A mistura de genes europeus e nativos no Brasil deu origem a raças como Caracu e Pantaneiro. A busca por animais que combinem a rusticidade das raças nativas com o desempenho produtivo das europeias é constante. 

A heterose, ou vigor híbrido, resultante do cruzamento de raças diferentes, é um dos principais objetivos dos programas de melhoramento genético. 

Para alcançar esse objetivo, são avaliados diversos critérios, desde o nascimento até a fase adulta, como peso, idade ao primeiro parto, perímetro escrotal e eficiência alimentar. Além disso, a qualidade da carcaça, medida por características como área do olho de lombo e marmoreio, é fundamental para atender às exigências do mercado de carne.

Quais são os principais tipos de gado para corte?

As principais raças se dividem em quatro grupos. Confira!

1. Raças Zebuínas (Bos taurus indicus)

  • Origem: Índia;
  • Adaptação: excelentes para climas quentes e úmidos e são resistentes a doenças e parasitas;
  • Produtividade: ciclo reprodutivo mais longo;;
  • Carne: menos marmorizada;
  • Exemplos: Nelore, Gir, Guzerá.

2. Raças Taurinas (Bos taurus taurus)

  • Origem: Europa;
  • Adaptação: melhores em climas temperados e podem ter dificuldades em climas muito quentes;
  • Produtividade: ciclo reprodutivo mais curto e possuem bom ganho de peso em confinamento;
  • Carne: alta qualidade, com bom marmoreio e sabor;
  • Exemplos: Angus, Hereford, Charolês, Simental.

3. Raças Sintéticas 

  • Origem: cruzamento entre zebuínas e taurinas;
  • Adaptação: boa adaptação a diferentes climas;
  • Produtividade: combinam características de ambas as raças parentais;
  • Carne: boa qualidade, equilíbrio entre marmoreio e rendimento;
  • Exemplos: Brangus (Angus x Nelore), Braford (Hereford x Nelore), Santa Gertrudes (Shorthorn x Brahman).

4. Raças Compostas 

  • Origem: cruzamentos planejados para obter características específicas;
  • Adaptação: ampla adaptação climática;
  • Produtividade: eficientes, combinando o melhor de suas raças parentais;
  • Exemplos: Montana, Droughtmaster 

Principais fatores que influenciam o ganho de peso do gado de corte

O ganho de peso do gado de corte é influenciado por uma combinação de fatores que afetam diretamente a eficiência produtiva dos animais.

A suplementação é um desses principais fatores e é muito utilizada para compensar a sazonalidade do crescimento das pastagens, sendo especialmente relevante durante a estação seca.

Durante essa estação, quando o teor de proteína bruta (PB) das pastagens cai abaixo de 7%, o principal objetivo da suplementação é suprir as necessidades dos microrganismos ruminais (bactérias, fungos e protozoários). Essas bactérias são responsáveis por aproveitar o alimento ingerido pelos animais, promovendo um processo digestivo eficiente.

Para alcançar esse objetivo, utilizam-se fontes de proteína com alta degradabilidade no rúmen (RDP). A resposta esperada é a manutenção ou um leve aumento no peso vivo do animal (até 200 g/dia), dependendo da disponibilidade de pastagens.

Além disso, se o objetivo da suplementação proteica na estação seca é ajudar diretamente o animal, recomenda-se o uso de fontes de proteína menos degradáveis no rúmen (baixo valor de PDR), proporcionando suporte adicional ao desempenho do gado durante este período crítico.

Como o manejo nutricional pode melhorar a qualidade da carne?

O manejo nutricional desempenha um papel fundamental na melhoria da qualidade da carne bovina, especialmente em sistemas de criação a pasto. 

A qualidade da carne é influenciada por aspectos como o marmoreio, a maciez, o sabor e a suculência, todos diretamente afetados pela dieta dos animais.

Manejo nutricional do gado criado a pasto

No sistema de criação a pasto, é muito importante investir em um manejo nutricional eficaz não só para melhorar a qualidade da carne, mas também para maximizar a sustentabilidade e a lucratividade da pecuária de corte

Como, nesse sistema, a pastagem é uma das principais fontes de alimentação dos bovinos de corte, a suplementação destaca-se como recurso necessário.

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