Tipos de culturas de silagem

6 min de leitura

A silagem é uma técnica essencial na agricultura moderna, especialmente para a alimentação de ruminantes durante períodos de escassez de pastagem. Este processo consiste na fermentação controlada de forragens, preservando seus nutrientes por longos períodos. Entender as plantas mais utilizadas, os diferentes tipos de silagem e qual delas é a mais efetiva pode otimizar a produção e garantir a qualidade nutricional do alimento oferecido ao gado. Continue a leitura para entender mais!

Quais as plantas são mais utilizadas na silagem?

Embora seja um tema controverso, a seca pode ser benéfica, pois ocorre anualmente e exige planejamento por parte dos consultores e produtores de ruminantes (como bovinos leiteiros, de corte, ovinos, caprinos e bubalinos). Esse planejamento começa com a seleção das culturas para silagem e a respectiva adubação, visando atingir a produção necessária.

No Brasil central, os ciclos de chuva e seca determinam os ritmos de produção das espécies vegetais. Durante o período seco, algumas culturas de silagem adequadas incluem milho, sorgo, gramíneas forrageiras como capim elefante e os Panicuns de porte alto (capim Mombaça, Zuri,  Paredão, Myagui), além da cana-de-açúcar.

Quantos tipos de silagem existem?

Conceitualmente, silagem é o produto da fermentação de culturas agrícolas, em condições de anaerobiose. O princípio básico da silagem é a fermentação de açúcares por bactérias, com produção de ácidos orgânicos e consequente redução do pH da massa ensilada. Dito isso, existem basicamente 6 tipos de silagem:  

1.     Silagem de planta inteira:

Trata-se da planta inteira picada, incluindo folhas, caules, sabugos e grãos. O tamanho ideal das partículas deve variar entre 0,5 cm e 2,0 cm para facilitar a compactação do material e a digestão pelos animais. As principais espécies vegetais utilizadas nesse processo são milho, sorgo, cana-de-açúcar, capim elefante e Panicuns de grande porte. Quando se opta pelo milho, que é o mais comum, a colheita deve ser feita com aproximadamente 32,0% a 38,0% de matéria seca (MS), o que pode ser determinado pela observação da “linha do leite”. Esta linha é uma marca fictícia no grão que divide a parte farinácea da parte dura do milho, a qual deve ocupar de 1/2 a 2/3 do grão.”

2.     Silagem de espigas (Snaplage):

Trata-se de grãos de milho que são ensilados juntamente com espigas e palhas, geralmente recolhidos por uma colhedora de forragem com uma plataforma especial para retirar apenas parte da haste da espiga, que é picada e utilizada na ensilagem. O momento correto para a colheita é quando o teor de matéria seca estiver entre 60 e 65%, o que corresponde a 35 a 40% de umidade no material coletado.

3.     Silagem de espigas – sem palhas (Earlage):

O earlage consiste no milho armazenado em forma de silagem juntamente com as espigas, porém sem as palhas. O earlage é indicado para dietas de crescimento e finalização de bovinos de corte, além de ser uma opção válida na alimentação de vacas leiteiras em lactação. Apesar de não ser muito comum no Brasil, sua produção requer dois processos mecânicos: a colheita da espiga e a remoção da palha.

4.     Silagem da parte superior da planta (Toplage):

A silagem é produzida a partir da colheita da inserção da espiga principal, que inclui a colheita da espiga, do colmo e das folhas superiores. Esse processo tem como objetivo aumentar a quantidade de grãos presentes na massa ensilada. Já o “stalklage” provém da parte inferior da planta de milho, composta por colmo e folhas, sendo um alimento volumoso com menor valor nutricional e conteúdo de fibras mais elevado. Ela pode ser utilizada na alimentação de categorias de animais com baixas exigências nutricionais.

5.     Silagem de grãos úmidos:

A silagem de grãos úmidos consiste em colher o milho com alta umidade (30 a 35%), quando os grãos estão muito próximos da maturação fisiológica. Neste estágio de desenvolvimento ainda não está consolidada a matriz proteica do endosperma, a qual envolve as frações energéticas do grão (amido e óleo). Por isso, a silagem de grãos úmidos permite o melhor aproveitamento do amido quanto à digestibilidade.

6.     Silagem de grãos reidratados ou reconstituídos:

A silagem de grãos reidratados veio como uma alternativa ao grão úmido. Neste tipo de silagem, a água deve ser adicionada ao grão seco, para que este tenha 25 – 30% de umidade. Recomenda-se acrescentar de 250 a 300 litros de água por tonelada de milho, com umidade original de 12 a 14%.

 

Culturas de silagem

 

1.     Milho:

A silagem de milho é a principal fonte de energia para dietas de ruminantes em todo o mundo. Esta espécie tem uma grande quantidade de MS (matéria seca) ideal, alta quantidade de carboidratos solúveis e baixo poder tamponante no momento ideal do corte, o que favorece a fermentação da massa.

O escalonamento da semeadura é um importante fator nas fazendas que usam silagem de milho. O plantio das áreas de produção deve ser feito de acordo com a perspectiva de colheita, já que, em média, a planta tem um aumento de 0,5% por dia no teor de MS, o que requer um intervalo de 10 dias para uma evolução de 30 a 35% em termos de MS.

2.     Sorgo:

O sorgo é uma fonte de energia que tem sido destaque em rações de bovinos em todo o mundo. Assim como o milho, a planta de sorgo tem uma boa concentração de MS, alta concentração de carboidratos solúveis e baixo poder tamponante no momento ideal do corte, o que favorece o processo fermentativo.

Por apresentar menor sensibilidade ao fotoperíodo e à escassez de água em comparação ao milho, essa espécie é uma ótima opção para o cultivo secundário (safrinha). Além disso, é flexível em relação ao uso (silagem completa da planta, silagem dos grãos ou grãos secos).

3.     Capins de clima tropical:

A silagem de gramíneas tropicais é uma opção bastante viável devido ao seu grande potencial produtivo e por ser mais barata que o sorgo e o milho. Apesar do potencial de produção de capim, a alta umidade durante a colheita e a baixa quantidade de carboidratos solúveis são obstáculos que prejudicam o processo fermentativo adequado e podem resultar em perdas de nutrientes, resultando em uma silagem de má qualidade.

Existem diversas espécies de capins tropicais no Brasil, os quais podem ser feitos silagem, incluindo: capim Elefante, capim Mombaça, capim Tanzânia, capim Marandu e capins do gênero Cynodon (Tifton 85 e Coastcross).

Em relação aos aspectos fermentativos, os capins tropicais apresentam alta umidade, baixa concentração de carboidratos solúveis e alto poder tamponante no momento ideal de corte, o que prejudica a fermentação e aumenta os riscos de conservação não se concretizar. Por isso, é necessário corrigir os níveis de MS para assegurar o êxito do processo.

4.     Cana-de-açúcar:

A cana-de-açúcar tem alta produtividade e um valor nutritivo satisfatório, o que justifica o seu uso. Além disso, a espécie é agronomicamente simples quando comparada ao milho e sorgo, devido à necessidade de cuidados culturais menos frequentes e intensos. A colheita ocorre durante o período seco do ano e com uma janela de corte ampla, o que torna o processo de ensilagem mais fácil.

Outras razões também podem ser apontadas como possíveis para fazer silagem de cana-de-açúcar:

a) Melhor uso agronômico de talhões;

b) Resolve o problema do corte diário/semanal;

c) Soluciona o problema de fogo acidental ou criminoso no canavial.

Embora possua todas essas vantagens e possua características que favorecem a fermentação, a cana-de-açúcar é cultivada com leveduras, o que favorece a fermentação alcoólica, resultando em perdas elevadas. Assim, ao se optar por essa espécie como volumoso suplementar, é imprescindível adicionar um aditivo para evitar a fermentação indesejada que a cultura sofre quando é destinada à produção de silagem.

Qual tipo de silagem é mais efetiva?

A silagem compõe os sistemas de produção animal, fornecendo fibras efetivas e energia, a ruminantes confinados, ou como tamponante de dieta, em momentos de déficit forrageiro: veranicos, pastos degradados. Portanto, a fim de posicionar o uso de culturas de silagem, deve-se conhecer o perfil de nutrientes da silagem e o objetivo do sistema de produção.

Em sistemas de produção de vacas leiteiras (alta produtividade), é necessário silagens que forneçam fibras (FDN) e carboidratos solúveis (indicado nesse caso, silagem de milho), que permite a motilidade ruminal e o fornecimento de energia. Essa silagem não pode apresentar odores fétidos ou manchas de mofo, indicativos de percas de nutrientes.

Já em sistemas de bovinos, ovinos, caprinos, bubalinos em pastejo, que, por condições de déficit forrageiro (ocasionado por taxa de lotação inadequada, acima da capacidade da planta forrageira), ou que está passando por períodos de déficit hídrico (veranico), a silagem deve ser utilizada como tamponante da dieta total.

Portanto o sucesso da cultura de silagem começa com o dimensionamento e adubação, depois deve-se decidir o tipo e a espécie forrageira, que serão utilizados e, por fim, seu uso no sistema zootécnico.   ‘

Soluções Mosaic para silagem

A fim de auxiliar no dimensionamento do volume de silagem necessário, o time de especialistas da Mosaic desenvolveu a Calculadora de Silagem, uma ferramenta prática para que produtores possam fazer o plano forrageiro de silagem. Assim, o produtor insere os dados requeridos e tem noção da produtividade e área necessária, conforme a programação de produtividade do sistema zootécnico.

Além disso, a Mosaic conta também com a linha MPasto, que são fertilizantes premium que podem ser utilizados, além da pastagem, na plantação de milho silagem.

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