O principal objetivo do cultivo do algodão é a obtenção da pluma, para a indústria têxtil, e do óleo, para a indústria alimentícia. Porém, muito se pode aproveitar do algodão para gado com os chamados “subprodutos”. Exemplos destes são o farelo de algodão, caroço de algodão e a torta de algodão.
Quer saber mais sobre os benefícios de usar o algodão na alimentação do seu rebanho? Então não deixe de ler esse artigo!
Como utilizar o algodão na nutrição animal?
A seguir descubra quais são as possibilidades de utilização do algodão na nutrição animal:
Farelo de algodão
Em termos nutricionais, o farelo de algodão é composto por:
- 48% de proteína bruta (PB);
- 1,8% gordura ou extrato etéreo (EE);
- 25% de fibra em detergente neutro (FDN);
- 77% de nutrientes digestíveis totais (NDT).
Essa composição pode variar de acordo com uma maior ou menor adição da casca do algodão, sendo que uma maior adição irá aumentar a porcentagem de fibra bruta (FB) e diminuir o teor de PB. Daí a importância de se conhecer muito bem a análise bromatológica do farelo que você irá comprar.
Comercialmente falando, existe hoje o farelo de algodão 30, com 30% de PB e o farelo 40, com 40% de PB e menor teor de fibras quando comparado ao 30.
Caroço de algodão
O caroço é mais uma forma de usar o algodão para gado, além de ser um alimento 3 em 1, porque reúne características de alimento concentrado, volumoso, concentrado energético e concentrado proteico.
É um alimento riquíssimo e completo que pode ser fornecido tanto para gado de corte, quanto para gado de leite. É utilizado principalmente em dietas de terminação para bovinos.
Sua composição bromatológica é de:
- 27% de PB;
- 20% EE;
- 40% FDN;
- 96% NDT.
Fonte de proteína, energia e fibra, o caroço de algodão pode ser usado na composição de rações, como suplemento alimentar, além de poder ser fornecido tanto na época das águas, como na época das secas.
Além disso, o caroço favorece o ambiente ruminal visto seu maior teor de FDN, que requer do animal uma maior mastigação, com consequente maior produção de saliva, que é um tamponante ruminal.
Usar algodão para gado é um super combo, não é mesmo, produtor?
Torta de algodão
O caroço de algodão é composto por línter, casca e amêndoa. O primeiro e o segundo são fontes de fibra para o animal, já o terceiro é fonte de óleo.
A partir deste óleo são gerados vários produtos, que são destinados para alimentação humana, indústria farmacêutica, têxtil e para nutrição animal. É a partir do esmagamento da amêndoa que é gerado o subproduto chamado de torta de algodão.
A torta de algodão é destinada para a alimentação animal. Ela pode ser usada de forma natural, mas também pode ser moída e peletizada.
Apresenta, em média, 27% de PB. Entretanto, é ruim em energia quando comparada ao caroço. Existem hoje no mercado a “torta gorda”, com 5% de óleo, e a “torta magra”, com 2%.
Benefícios do uso de algodão na nutrição animal
Os subprodutos do algodão — caroço, farelo e torta — oferecem vantagens nutricionais significativas para a alimentação de ruminantes. De modo geral, esses ingredientes contribuem para dietas mais equilibradas, econômicas e sustentáveis.
O caroço de algodão, por exemplo, combina fibras, energia e proteína em um único ingrediente. A presença da casca e do línter fornece fibra efetiva, essencial para a saúde ruminal, enquanto a amêndoa garante aporte energético e proteico. Além disso, sua boa digestibilidade favorece o desempenho produtivo de vacas leiteiras e bovinos de corte.
O farelo de algodão, por sua vez, destaca-se como uma das fontes vegetais mais ricas em proteína bruta, especialmente nas versões com 30% ou 40%. Sua ampla disponibilidade e custo acessível tornam sua inclusão estratégica para melhorar o desempenho animal e reduzir os custos com alimentação.
Já a torta de algodão, obtida do processamento da amêndoa, também é uma fonte proteica relevante, com cerca de 27% de proteína bruta. Graças à sua versatilidade, pode ser utilizada de forma natural, moída ou peletizada, contribuindo para o ganho de peso e aproveitamento eficiente de subprodutos agroindustriais.
Em conjunto, esses ingredientes oferecem soluções nutricionais completas, adaptáveis a diferentes sistemas de produção, desde que utilizados com critério e sob orientação de um especialista.
Gossipol, o que é?
Ao considerar o uso de subprodutos do algodão, é fundamental estar atento à presença do gossipol, uma substância antinutricional presente na semente. Ele pode estar na forma livre (tóxica) ou ligada (não tóxica). Em geral, o caroço de algodão contém mais gossipol na forma livre, enquanto nos farelos predomina a forma ligada.
Embora bovinos adultos sejam mais tolerantes, o gossipol pode causar toxicidade em bezerros e afetar a fertilidade de touros. Por esse motivo, o uso desses subprodutos deve ser evitado em animais jovens e reprodutores.
Caroço de algodão para gado de corte
O caroço de algodão é um subproduto da agroindústria, possui boa digestibilidade e a produção durante todo o ano. E o melhor, seu custo é acessível, um dos motivos de ser um alimento tão interessante para usar na alimentação animal.
Entretanto, seu uso exige atenção, principalmente por conta do elevado teor de óleo. Isto porque, quando fornecido em excesso, esse óleo pode comprometer a fermentação ruminal ao afetar negativamente os microrganismos responsáveis pela digestão. Por isso, é fundamental controlar a quantidade incluída na dieta.
Assim, para garantir um aproveitamento seguro e eficiente, recomenda-se que o fornecimento seja ajustado com base em orientações de um especialista, respeitando os limites adequados para cada categoria animal.
Caroço de algodão para vacas leiteiras
As vacas precisam de uma boa quantidade de energia e proteína, o rúmen da vaca também é favorecido, a fibra presente no caroço auxilia na maior produção de saliva o que acaba estimulando o pH do rúmen, possibilitando que as vacas tenham um ambiente ruminal mais saudável.
Mas atenção, é preciso ter cuidado com a quantidade fornecida para as vacas leiteiras! O caroço de algodão pode trazer alguns efeitos negativos ao animal, se fornecido em excesso, pois a alta quantidade de gordura presente no caroço de algodão, prejudica os microrganismos do rúmen.
Vale a pena usar algodão para gado?
Se for colocar tudo na ponta do lápis, será que o algodão é uma opção válida para nutrição do gado?
E a resposta é sim! O algodão é uma alternativa viável e vantajosa na nutrição animal. É um alimento equilibrado, de baixo custo e disponível ao longo do ano. No entanto, seu uso deve ser feito com critério, respeitando as limitações de cada subproduto e sempre com orientação de um especialista, garantindo segurança e eficiência na alimentação dos animais.
