Como solucionar deficiência de cálcio e fósforo em animais?

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A presença de cálcio e fósforo é crucial para o corpo dos animais, tendo em vista que o primeiro mineral representa cerca de 99% da concentração presente nos ossos e o segundo corresponde a aproximadamente 80%. Vale ressaltar que esses minerais também desempenham funções vitais em outros tecidos do organismo.

Os organismos dos animais precisam essencialmente de minerais na sua dieta para conseguirem realizar manutenção do seu crescimento e de suas funções biológicas. 

Os minerais estão presentes nos alimentos e são considerados indispensáveis no organismo dos animais, tendo funções estruturais de órgãos e tecidos. Além disso, eles podem ser catalisadores e cofatores em sistemas hormonais e enzimáticos. Eles são classificados em macrominerais e microminerais, o que diferencia um do outro é a quantidade que é requerida pelo corpo do animal. 

Os macros são exigidos em maiores quantidades para que o organismo desempenhe suas funções adequadamente. Por outro lado, os microminerais são exigidos pelo corpo em menores quantidades.

Neste artigo você saberá tudo sobre cálcio e fósforo, também conhecerá quais são os outros macros e microminerais, além de aprender mais sobre os sintomas da deficiência de cálcio e fósforo no organismo, suas principais funções e a relação adequada dos dois para que o animal tenha ótimo desempenho. Confira! 

Fontes de minerais

Antes de abordar as fontes, é importante conhecer quais minerais compõem o grupo dos macros, ou seja, aqueles minerais que são necessários em maiores quantidades para garantir o correto funcionamento do organismo. São eles:

  • Cálcio (Ca);
  • Fósforo (P);
  • Potássio (K);
  • Sódio (Na);
  • Enxofre (S);
  • Cloro (Cl);
  • Magnésio (Mg). 

Os microminerais são exigidos pelo corpo em menores quantidades, saiba quais são:

  • Ferro (Fe);
  • Zinco (Zn);
  • Cobre (Cu);
  • Iodo (I);
  • Manganês (Mn);
  • Cobalto (Co);
  • Selênio (Se).

As fontes de minerais podem ser de origem animal, vegetal e rochosas. Quando de origem vegetal e animal são denominados de alimentos e de origem de rocha, recebem o nome de suplementos minerais. Porém, a concentração de minerais existente nos alimentos sofre variação dependente da origem do solo e das fertilizações ocorridas na lavoura.

As fontes de cálcio oriundas de animais são proibidas para dieta de ruminantes, porém, dentre as mais conhecidas estão: as farinhas de carne e ossos, vísceras de aves, peixe, ossos calcinados e ostras. Pensando em fontes originadas de rochas, os mais conhecidos são: fosfato monocálcico, monobicálcico, bicálcico e tricálcico. 

Tanto a fonte de minerais advinda de animais quanto as rochosas são permitidas para serem utilizadas na formulação de ração da dieta animal para monogástricos, onde as quantidades a serem adicionadas variam devido à diferença dos minerais em função da fonte, forma física e química.

As fontes de fósforo estão concentradas na Flórida, Carolina do Sul e do Norte, nos Estados Unidos da América, em Marrocos, Israel, e algumas fontes pouco representativas na América do Sul.

O fósforo alimentar de origem vegetal pode ser consumido nas formas de ácido fítico, fosfolipídeos, ácidos nucléicos e outros compostos. 

A maior concentração de fósforo é encontrada nas sementes (50 a 70% do fósforo total da planta) das plantas quando comparado aos componentes de folhas e caules. A variação da quantidade de P depende de fatores como solo, espécie forrageira, estado de maturidade, rendimento, manejo das pastagens e do clima. 

Fontes de origem animal são encontradas em farinha de ossos, farinha de carne, farinha de peixe, no leite e seus resíduos.

As rochas são as maiores fontes de P, onde a forma mais comumente utilizada no Brasil para a formulação de suplementações animais é a fosfato bicálcico. No entanto, deve-se atentar quanto ao aspecto de palatabilidade desse mineral adicionado nas rações, pois elas apresentam variações que dependem da fonte.

Devido à contaminação por outros minerais, principalmente flúor, recomenda-se que o fósforo proveniente de fontes rochosas seja destinado somente à produção vegetal e não animal. No entanto, atualmente, a produção de fosfato bicálcico utiliza o ácido fosfórico de origem rochosa, que foi purificado anteriormente, resultando em níveis aceitáveis de flúor para adição nas dietas animais.

O que a deficiência de cálcio causa nos animais?

Animais jovens com deficiência de Ca sofrem alterações no desenvolvimento ósseo, raquitismo e crescimento retardado. As manifestações clínicas são diversas, abrangendo desde articulações doloridas e inchadas até costas arqueadas, claudicações e hipertrofia dos ossos nas junções costocondrais (rosário raquítico).

Em vacas é observada menor produção leiteira, podendo levar o animal a ter convulsões em caso de deficiências severas de cálcio. Níveis normais de Ca no plasma de bovinos é de 8 mg%, dessa maneira, trabalhos científicos têm mostrado que suplementos de cálcio acima da exigência do animal podem melhorar o ganho ou a eficiência alimentar por reduzir alterações do pH ruminal. 

Ainda pode ser observado em vacas leiteiras hipocalcemia, resultando em febre do leite ou a paresia do parto, apresentando sintomas de excitação, tetania, tremor muscular, repulsa de alimentos, decúbito esternal, focinho sem muco e seco e temperatura corporal menor, o que acaba gerando extremidades frias e com pulso fraco.

O que a deficiência de fósforo pode causar?

Os bovinos e especialmente vacas em pastejo são as espécies que mais sofrem pela deficiência de fósforo, porém, aves e suínos dentre os não ruminantes são os mais suscetíveis. 

Em bovinos as categorias mais sensíveis à deficiência de fósforo são as vacas jovens com cria ao pé (possuem maiores exigências de fósforo) seguidos de vacas adultas, animais em crescimento (macho e fêmeas), animais em acabamento e, por fim, animais recém-desmamados (estes ainda possuem reservas de P durante o aleitamento).

A perda de peso, menos apetite, alterações nos hábitos alimentares com tendência a depravação do apetite, consumo de alimentos e objetos não habituais são os principais sintomas da deficiência de fósforo nos animais, além de serem observadas fraturas e más formações ósseas. Podem ainda ser observados sinais mais evidentes como, por exemplo, ossos frágeis, engrossamento das articulações, ossos longos encurvados e deformações torácicas devido à desmineralização acentuada. 

Autores relatam que a perda de apetite é o primeiro indício de deficiência de P, acarretando menos energia para o metabolismo, o que gera perdas de peso, redução da produção de carne, leite, ovos e menores índices de fertilidade.

Os solos brasileiros em sua maioria são pobres em fósforo disponível para a produção vegetal, ou seja, pastagens com conteúdo de P não atendem a exigência das plantas, sendo mais acentuado em períodos de seca. Um exemplo disso são as braquiárias que no período das águas possuem concentrações de 0,13% de P em média, e na seca são observadas concentrações médias de 0,05% a 0,07% na matéria seca.

As concentrações de P consideradas normais são maiores que 4,5 mg%.

Animais com deficiência de fósforo possuem alimentação depravada, daí a recomendação de remover cadáveres ou ossadas presentes nas pastagens, pois os animais quando em contato pode contrair toxinas produzidas pelos Clostridium botulinum e se intoxicarem, ocasionando síndrome da vaca caída. A doença já causou mortalidades e percas consideráveis na pecuária de corte do Brasil Central.

Importância do controle da relação cálcio e fósforo na dieta dos animais?

Vaca com pelagem preta e branca comendo em cocho.

No organismo animal o cálcio e fósforo são os principais macrominerais presentes, dessa maneira, a relação desses dois minerais é de extrema importância, pois a concentração de cálcio presente na dieta pode interferir no metabolismo do fósforo. 

O cálcio e fósforo estão interligados no trato intestinal, nos fluidos celulares e no sistema ósseo-sanguíneo, para que seus metabolismos apresentem comportamentos biológicos semelhantes.

Dessa maneira, é de extrema importância saber as exigências nutricionais em bovinos nos mais variados sistemas de produção, tanto exigência de mantença quanto de ganho, para que as formulações de suplementos minerais resultem em melhoria nos índices reprodutivos e produtivos na pecuária.

Para que os minerais sejam aproveitados pelo organismo animal, é necessário que estejam balanceados e fornecidos em quantidades adequadas nas dietas, pois excessos ou deficiências de minerais podem agir de forma negativa na absorção de outros nutrientes.

Principais funções do cálcio e fósforo

A abundância do Ca presente no organismo animal, em torno de 1,5 a 2,0 %, o torna um dos minerais com maior importância. Sua maior concentração está nos esqueletos, servindo também como reserva de Ca em casos de calcemia. 

Esse mineral é encontrado também no meio intracelular, plasma sanguíneo ligado às proteínas e presente nos ovos e no leite de animais. No plasma sanguíneo, a forma dele ionizada é a mais abundante, participando da ossificação, ações enzimáticas e excitação neuromuscular. 

O Ca tem relação com outros minerais tendo funções importantes no organismo, como por exemplo, quando se liga ao fósforo e o magnésio, eles participam das funções plásticas, ou seja, formam o tecido ósseo, que consiste na transformação do tecido mole em tecido ósseo por meio da deposição de minerais. 

Outras funções importantes do cálcio estão relacionadas à contração muscular, por meio do acoplamento de actina e miosina, e ao auxílio no acoplamento do evento elétrico e mecânico do coração (considerado um deflagrador nas células do marca-passo do coração, que conseguem se despolarizar de forma autônoma).

O controle de entrada e saída de substâncias na célula é devido à presença de Ca no organismo, que auxilia o transporte intermembrana plasmática e manutenção da estabilidade dessas ao se ligar a proteínas transportadoras.

O cálcio e fósforo juntos compõem mais de 70% do total de matéria mineral do corpo animal, sendo 80% de todo o fósforo localizado nos ossos e dentes dos animais e os outros 20% localizado nas hemácias, músculos e tecido nervoso. 

Nesses tecidos moles, esse mineral tem importância relevante no crescimento dos animais, pois o P presente está em maior parte na forma orgânica, fazendo parte de fosfoproteínas, fosfolipídeos constituintes de membranas, fosfocreatina, como depósito de energia, nucleoproteínas, como participantes do DNA e RNA e fosfato-hexoses, como constituinte do metabolismo dos carboidratos. 

Assim, funções que envolvem a produção de energia, respostas hormonais, estímulos à síntese e a secreção de determinadas células e órgãos envolvidos na atividade reprodutiva são devidas à presença de P.

Nos ossos, a participação do P está relacionada à rigidez da estrutura de sustentação para a musculatura, e funciona como o principal reservatório de cálcio e fósforo no organismo, os quais podem ser removidos em períodos de maior demanda ou de hipofosfatemia.

Grandes quantidades de fósforo são necessárias para as bactérias celulolíticas no rúmen, a fim de garantir o funcionamento adequado do sistema digestivo dos ruminantes. Esse mineral também é essencial para a produção e secreção do leite em animais de produção e, nas aves, é necessário para a formação de ovos.

Relação de cálcio e fósforo para bovinos

Já se sabe da importância da relação cálcio e fósforo na absorção dos dois minerais pelo organismo, no entanto, essa relação é menos crítica para bovinos de corte do que para os demais animais. 

Pesquisas têm indicado que bovinos de corte toleram a relação Ca:P de até 7:1 sem efeitos maléficos entre ambos. No entanto, o consumo insuficiente de cálcio pode levar a elevados níveis de excreção metabólica de fósforo devido à falta de cálcio para a calcificação óssea, resultando em excesso de P no organismo e perda desse mineral, conforme demonstrado por pesquisas.

No metabolismo animal considerando a absorção, existe uma associação de fósforo e o cálcio dietéticos, sendo priorizada a recomendação de pelo menos 2:1 (cálcio: fósforo) para que a taxa de absorção seja eficiente. Ocorrendo desbalanceamento desses minerais pode haver interferência no processo de homeostase dos dois componentes. 

De acordo com as recomendações do NRC (2000), o cálculo das necessidades de cálcio e fósforo é baseado no ganho diário de proteína, sendo sugerido um valor de 7,1 g por 100 g de aumento, no que se refere à relação proteína-cálcio-fósforo, é recomendado um valor de 3,9 g de cálcio e fósforo por cada 100 g de ganho proteico.

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