Hoje falaremos sobre os empresários rurais, também conhecidos como pecuaristas. Vamos desvendar um pouco mais desses profissionais que trabalham para colocar proteína de alto valor biológico em nossas mesas e que, além de buscar a rentabilidade e a sustentabilidade da produção, trabalham com paixão.
Eles atuam na atividade de cria, recria, engorda… ou em todas ao mesmo tempo! São responsáveis por tomar inúmeras decisões diárias — desde a venda e compra de animais, planejamento nutricional, melhoramento genético, até a gestão da propriedade e de pessoas.
Este texto tem como objetivo valorizar o papel dos pecuaristas e, ao mesmo tempo, trazer dados atuais e dicas práticas que podem contribuir para a melhoria da atividade pecuária, com foco em produtividade, sustentabilidade e inovação. Boa leitura!
Qual é a importância dos pecuaristas para o campo?
Os pecuaristas, assim como os agricultores, foram grandes responsáveis por transformar a história da humanidade. Quando o ser humano deixou de ser apenas um coletor e passou a domesticar animais e cultivar a terra, iniciou-se uma verdadeira revolução: o surgimento das primeiras sociedades organizadas.
Segundo antropólogos, a pecuária e a agricultura foram os pilares da civilização. Com elas, surgiram as propriedades rurais, o ser humano se fixou no território, formou comunidades, desenvolveu a escrita, a religião e o comércio.
Atualmente, a importância dos pecuaristas vai muito além do campo — ela se estende até as cidades. Esses profissionais exercem um papel essencial ao criar animais que transformam capim em carne: proteína animal de alto valor biológico.
É graças ao trabalho incansável dos pecuaristas que temos acesso a alimentos seguros, nutritivos e de qualidade, que alimentam milhares de pessoas todos os dias. Além disso, sua atuação movimenta a economia tanto rural quanto urbana, gerando empregos, renda e desenvolvimento.
Onde estamos e onde queremos chegar?
O Brasil é um gigante da pecuária, e somos referência global na produção de carne bovina, que também é responsável por uma boa fatia do PIB nacional.
Dados do Beef Report 2025 apontam que o rebanho bovino brasileiro soma cerca de 194 milhões de cabeças. Em 2024, o desempenho da indústria pecuária foi histórico, com quase 46 milhões de bovinos abatidos (9,5% superior ao de 2023).
Desse volume, exportou-se 2,89 milhões de toneladas de carne, o que representa em torno de 32% do total — principalmente para mercados como China e EUA, como mostrado em nosso artigo sobre exportação de carne bovina no Brasil.
A consolidação da rastreabilidade, associada ao status de país livre de febre aftosa sem vacinação, possivelmente ampliará o acesso a mercados premium e fortalece a imagem do produto brasileiro no exterior.
A área de pastagens, que hoje ocupa cerca de 160 milhões de hectares, vem sendo otimizada. Em duas décadas, houve uma redução de 11% na área total, enquanto a produtividade cresceu mais de 70%, saltando de 2,8 para quase 5 arrobas por hectare/ano. Estamos produzindo mais, em menos espaço — um avanço impulsionado pela tecnologia, manejo eficiente e capacitação técnica.
Com base nesses fundamentos, a pecuária do Brasil caminha para consolidar-se como a mais eficiente e sustentável do mundo. Contudo, o setor reconhece a complexidade da cadeia, com forte presença de pequenos e médios produtores e desafios estruturais, muitos dos quais precisam de políticas públicas eficientes.
Ainda há muito espaço para evoluir. Afinal, a produção média de 5 arrobas por hectare ainda está longe de ser uma produtividade que gera retornos satisfatórios para quem produz.

Figura 01: Evolução dos resultados por nível de tecnologia – R$ corrigidos pelo IGP-DI/há/ano- Ciclo completo. Fonte: Boletim Athenagro (Abril, 2025)
Assim, o futuro da pecuária brasileira rentável passa por adoção de manejo de pastagens com base em dados, nutrição adequada, melhoria genética dos rebanhos, tecnologias de precisão e capacitação contínua dos profissionais do campo.
5 conselhos dos pecuaristas de sucesso para a sua produção
Alcançar bons resultados na pecuária exige mais do que dedicação — envolve estratégia, conhecimento e constante adaptação. Por isso, para quem busca melhorar sua produção, aprender com quem já percorreu esse caminho pode ser um grande diferencial.
Pensando nisso, reunimos cinco conselhos valiosos de pecuaristas que se destacam pela eficiência, inovação e sustentabilidade. Ao aplicar essas práticas — testadas e aprovadas pelos pecuaristas no dia a dia do campo — você poderá transformar a sua produção
1- Tenha os números e os indicadores na palma da mão
Como falamos anteriormente, o perfil dos pecuaristas e das propriedades é altamente variado. Encontramos desde aqueles altamente tecnificados até os que “sempre fizeram assim”, seguindo práticas tradicionais com base na experiência passada de geração em geração. Contudo, as margens da atividade pecuária, atualmente, são apertadas e não permitem mais que ela seja tratada com amadorismo ou sem uma gestão eficiente.
Os pecuaristas de sucesso são também gestores rurais e utilizam dados e metas claras como ferramentas estratégicas para orientar suas decisões dentro da porteira. Como em toda empresa cujo objetivo é “ganhar dinheiro”, a gestão eficiente dos indicadores produtivos na pecuária de corte permite o controle de todos os processos, identificando pontos fortes, corrigindo falhas no manejo e otimizando recursos — resultando em um sistema mais eficiente e rentável.
Assim, planejar a fazenda como um todo, com um calendário bem definido e o uso de ferramentas simples, como planilhas — seja em aplicativo, computador ou caderno — permite acompanhar os números e a produtividade em tempo real, identificar falhas rapidamente e agir com mais rapidez e eficiência.
FASE | INDICADOR | ESPECIFICAÇÃO |
Cria | Taxa de Prenhes | (Total de fêmeas prenhes/total fêmeas que entraram em cobertura)*100 |
Taxa de Natalidade | Total de bezerros nascidos/ total de fêmeas em cobertura)*100 | |
Taxa de Desmame | (Total de bezerros desmamados/Total de fêmeas em cobertura)*100 | |
Taxa de Mortalidade até desmama | (Total de bezerros desmamados – nº de bezerros nascidos)/ nº de bezerros nascidos | |
Peso à desmama | Total de Kg de bezerros desmamados/número de bezerros desmamados | |
Kg desmamados por vaca exposta | (Total de bezerros desmamados x peso médio ao desmame)/ total de matrizes que entraram em monta | |
Bezerros desmamados /ha | Total de bezerros desmamados/área utilizada pela cria | |
Taxa de descarte | (nº de fêmeas substituídas/ nº de fêmeas em estação de monta.) *100 | |
Retorno sobre o Investimento (ROI) | (Receita gerada- custo do investimento)/ custo do investimento*100 | |
Recria | Taxa de lotação | (Total de peso dos animais/ área ocupada em ha)/450 |
Ganho Médio Diário (GMD) | Ganho de em quilos por animal ao dia | |
Produtividade anual | Ganho em @ por área utilizada | |
Idade ao Primeiro Parto | Idade ao primeiro parto das novilhas que entraram em cobertura | |
Custo/@ | Total dos custos (alimentação, manejo, saúde, instalações)/@ produzida | |
Custo Operacional Total (COT) | (Custo Fixo+ variável) | |
Engorda | Ganho Médio Diário (GMD) | Ganho de em quilos por animal ao dia |
Consumo de matéria seca (CMS) | Quantidade total da dieta consumida in natura x o % de MS | |
Conversão Alimentar (CA): | Quantidade total da dieta consumida /ganho de peso | |
Eficiência Alimentar (EA) | Ganho médio diário/consumo de MS | |
Rendimento de carcaça | (Peso da carcaça final / Peso vivo do animal )*100 | |
Rendimento do ganho | ((PCQF – PCQF)/ (PVF-PVI)) x100 | |
Taxa de Mortalidade: | % animais/ % animais entrada | |
Custo/@ | Total dos custos (alimentação, manejo, saúde, instalações)/@ produzida |
2- Conheça bem os 3 principais pilares da pecuária: nutrição, genética e sanidade
Pecuaristas de sucesso reconhecem que a base de uma produção eficiente e sustentável está sustentada em três pilares fundamentais: nutrição, genética e sanidade. Cada um deles exige atenção constante e manejo estratégico, pois o equilíbrio entre esses fatores é o que garante produtividade, rentabilidade e bem-estar animal ao longo de todo o ciclo produtivo.
A seguir, vamos nos aprofundar na importância de cada um desses pilares e apresentar um panorama prático sobre como eles impactam diretamente os resultados da atividade pecuária.
Nutrição
Mais de 80% dos bovinos abatidos no Brasil são provenientes de pasto, e o restante, em algum momento, também passou por ele. Por isso, nada mais justo do que os pecuaristas se preocuparem com a base da nutrição do rebanho: a forragem — e tudo começa no solo.
Assim, avaliações da saturação de bases, da cobertura do solo e o investimento em práticas como a correção com calcário e a adubação adequada contribuem para aumentar a produtividade das forrageiras. Em seguida, entra o manejo das pastagens, que envolve a escolha de espécies adaptadas à região, a colheita na altura ideal, o respeito ao tempo de descanso e, sempre que possível, a adubação de manutenção.
Como todo ano há um período de seca, o planejamento da entressafra é essencial: é preciso garantir, no mínimo, 60 dias de reserva alimentar — seja por meio de silagem, fenação ou diferimento de pastagem.
Por fim, entra a suplementação estratégica, definida com base nas deficiências da pastagem (em quantidade ou qualidade) e nos objetivos da fazenda — sejam eles aumentar o número de bezerros nascidos, o ganho de peso individual ou a lotação por hectare.
Genética
Investir em animais geneticamente superiores pode gerar até 20% a mais de resultados, pois permite aprimorar características de interesse econômico dentro da propriedade. Ganhos como maior ganho de peso, precocidade reprodutiva, resistência a doenças e qualidade da carcaça são exemplos dos benefícios do melhoramento genético, que impactam diretamente a produtividade — utilizando os mesmos recursos, sem aumento de custos.
Sanidade
Estabelecer e implementar um protocolo sanitário, alinhado às características da fazenda e da região, é fundamental. Afinal, com saúde não se brinca, e sanidade não é opcional — ela faz parte da rotina da pecuária e deve ser a última área a sofrer cortes.
Além disso, tratar o manejo sanitário como um “seguro” é uma analogia precisa: embora represente menos de 2% dos custos da propriedade, ele evita perdas que podem ser inestimáveis. A vacinação contra clostridioses, por exemplo, tem baixo custo, mas pode evitar a perda de animais cujo valor individual cobre a vacinação de todo o rebanho.
Por isso, manter um bom calendário de vacinação, vermifugação e manejo sanitário é essencial. Essas práticas impactam diretamente o desempenho dos animais, garantindo, assim, produtividade, bem-estar e segurança para toda a operação.
3 – Entenda e esteja atento ao ciclo da pecuária e das commodities
Pecuaristas prósperos sabem que a pecuária, assim como as commodities — por exemplo, milho e soja — seguem um ciclo de precificação. Por isso, essa informação não fica guardada na gaveta, mas é utilizada no planejamento de médio e longo prazo das metas da propriedade.
Dessa forma, as decisões tomadas durante cada fase do ciclo, como a compra e venda de insumos e de animais, tornam-se fundamentais para a lucratividade do setor — comprando sempre na baixa dos preços e vendendo na alta. Compreender esse ciclo é essencial para otimizar a produtividade e garantir a sustentabilidade da pecuária.
4 – Entenda de pessoas e processos
Como diz Antônio Chaker Neto, pecuaristas precisam ser “bons de gente”, ou seja, saber liderar, atrair, treinar, delegar com clareza e formar uma equipe alinhada e motivada. Pecuaristas inspiram e desenvolvem pessoas na direção certa, e isso exige entender o perfil de cada colaborador e direcioná-lo para as funções adequadas dentro da fazenda.
Além disso, com uma visão clara, comunicam com paixão e conduzem suas equipes com empatia, integridade e propósito. Sabem que mão de obra qualificada é um recurso escasso e, por esse motivo, valorizam, capacitam constantemente e reconhecem o potencial de cada colaborador, incentivando-os a alcançar seu máximo desempenho.
No que diz respeito à gestão de processos, bons líderes são disciplinados e consistentes. Sabem delegar com a firmeza e a gentileza necessárias, estabelecem metas claras e acompanham os resultados com base em números, conhecimento e estratégia. Adicionalmente, outra chave da boa gestão é a cultura da fazenda: valores negativos, como desorganização e falta de zelo, sabotam a produtividade.
É comum que pecuaristas queiram gastar mais tempo com o que mais gostam — geralmente, a produção, o “mão na massa”. No entanto, sabem que a gestão do tempo é essencial. Chaker sugere uma rotina dividida em três partes, equilibrando as atividades entre inspirar e liderar pessoas, gerenciar processos e tomar decisões, e empreender e buscar melhorias. Com isso, atuam de forma estratégica, sem se perder nas muitas urgências do dia a dia.
5 – Esteja sempre em busca de informação estratégica e confiável
Se o vizinho fez e deu certo, a chance de dar certo é grande, correto? Errado. Foi-se o tempo em que pecuaristas apenas observavam e copiavam o que os mais próximos faziam. Hoje em dia, entendem que cada propriedade tem suas próprias vocações.
Pecuaristas modernos sabem que informação é poder — mas não qualquer informação. Por isso, quem se destaca na pecuária busca conhecimento em fontes confiáveis, como sites especializados, revistas do setor, cursos de capacitação e eventos técnicos.
Ainda assim, querem estar próximos e ouvir outros pecuaristas, mas agora com um olhar estratégico: para fazer networking, trocar experiências e fortalecer parcerias — como em grupos de compra e associações — a fim de maximizar o poder de negociação e reduzir custos. Isso é estratégia.
Gestão e paixão: o equilíbrio do sucesso
Pecuaristas de sucesso são aqueles que atuam como verdadeiros empresários rurais, sem perder o orgulho e a paixão pela atividade. São eles que alimentam milhões de pessoas todos os dias. Portanto, reconhecer a importância dos pecuaristas é reconhecer a base da nossa alimentação, da nossa economia e da nossa história.
No Dia do Pecuarista, celebramos mais do que uma profissão — celebramos uma vocação.
Então, da próxima vez que estiver saboreando um bom churrasco, lembre-se de agradecer, entre todos os elos da cadeia, também aos empresários pecuaristas, que garantem a qualidade e a segurança na origem do alimento que chega à sua mesa.
Como os produtos Mosaic podem apoiar os pecuaristas?
Na Mosaic, possuímos um portfólio de soluções tecnológicas desenvolvidas para potencializar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas pecuários — desde a base forrageira até a suplementação mineral.
Na produção de forragens, a linha MPasto é indicada para todas as etapas dos tratos culturais das gramíneas, promovendo maior vigor, perfilhamento e acúmulo de massa seca. Além disso, é uma aliada essencial na produção de silagens, especialmente em períodos críticos como o inverno, garantindo volumoso de qualidade e segurança alimentar ao rebanho.
A linha Foscálcio é a mais pura fonte de fósforo utilizada para a nutrição animal na produção de suplementos e rações. É produzida a partir de rochas ígneas — as mais puras do mundo. O processo verticalizado garante ingredientes de alto valor nutricional, menor teor de flúor e de elementos indesejáveis. Possui perfeito equilíbrio de fosfato monocálcico e bicálcico, o que confere alta biodisponibilidade, traduzida em maior produtividade.
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