Carne suína: entenda como funcionam os sistemas de produção

7 min de leitura

Segundo o site Feed&Food os consumidores brasileiros têm realizado mudanças inteligentes para poder sustentar suas famílias com consumo de proteína mais vezes por semana com menor custo, mostrando que no ano de 2021 o balanço de consumo de carne suína teve seu pico de 17,58 kg per capita, maior que o ano de 2020 com 16,9 kg. 

Na Semana Nacional da Carne Suína promovida pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos neste ano em sua 10º edição, foram vendidos 600 mil kg de carne de porco adicionais no período de 15 dias, gerando um impacto de 6500 animais processados e receita de R$5,4 milhões para toda a cadeia produtiva do setor.

Esses números mostram que nos últimos 9 anos houve um crescimento de 32% no consumo de carne suína, passando para 18,10 kg per capita, obtendo consumo interno de 80% da produção nacional, sendo este um número muito significativo pelo Brasil, quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo.

Assim, a exigência e aumento de conhecimento dos consumidores se torna de grande relevância, para que o setor continue evoluindo e gerando alimento de maior qualidade.

Através deste conteúdo será abordado temas relacionados ao sistema de produção de suínos. Continue a leitura e aproveite!

Leia também: Tabela de formulação para suínos: como calcular a quantidade diária? 

Como funciona a cadeia produtiva de suínos?

A criação de suínos possui diversas formas organizacionais, desde pequenos produtores independentes até empresas regionais ou complexos produtivos integrados realizando a comercialização dentro e fora do país. 

De maneira geral, a cadeia produtiva da suinocultura é organizada e estruturada com apoio, produção de matéria-prima, criatórios, industrialização, comercialização e consumidor, buscando como objetivo melhorar a qualidade da carne. Abaixo será explorado cada tópico:

  • Apoio: inicia-se pela genética (responsáveis por melhorar a produção e melhorar a resistência às doenças) e fornecimento de insumos (empresas de rações ou fornecedores de ingredientes, medicamentos, equipamentos e instalações);
  • Criatórios: são os que realizam a criação dos suínos (propriedades rurais ou empresas produtoras rurais que possuem as instalações e os animais);
  • Industrialização: são os abatedouros, frigoríficos (abatem os animais e fazem os cortes de carnes), ou indústrias transformadoras (adicionam carne aos seus produtos ou utilizam os subprodutos da produção de carne suína agregando valor);
  • Comercialização: são varejistas (vendem para pessoas físicas, consumidores finais), atacadistas (vendem para pessoas jurídicas, se tornando um intermediário entre os produtores e os varejistas) e exportadores;
  • Consumidor: são os que realizam as compras, preparam e fazem a utilização do produto final, representados pelos compradores internos e externos.

Sistemas de produção de suínos

O sistema de produção de suínos é classificado de acordo com o tipo de manejo praticado, podendo ser: extensivo, semi-extensivo e intensivo, sendo intensivo de suínos criados ao ar livre ou intensivo de suínos confinados.

Sistema extensivo

Criação de animais soltos, sem nível tecnológico, ofertando sobras de alimentos e/ou culturas agrícolas para os animais, normalmente praticado para consumo próprio dos criadores.

Sistema semi-extensivo

Sistema de criação com instalações para os animais serem manejados e se protegerem das condições climáticas. Os produtores já possuem conhecimento técnico do sistema de produção, buscando produzir mais, garantindo produtos de melhores qualidades, fazendo uso de animais com genética através da seleção dos melhores.

Sistema intensivo de suínos criados ao ar livre

Animais ficam separados por piquetes, produtores possuem nível tecnológico e conhecimento técnico evoluído. Faz o uso de rações para cada lote de desenvolvimento, objetivando um sistema com nível tecnológico satisfatório e a baixo custo.

Sistema intensivo de suínos confinados

nível tecnológico muito bem desenvolvido e utilização de animais com genética com objetivo de se chegar ao produto final rápido. 

Os animais ficam todo o período de criação em instalações com piso e cobertura de forma confinada e totalmente controlada. Cada fase de produção é uma instalação e um tipo de ração desenvolvida para se alcançar o objetivo.

6 principais fases do ciclo de produção de suínos

Porco filhote comendo

Os principais ciclos de produção de suínos são compostos por reprodução, gestação, maternidade, creche, crescimento e terminação. 

Para cada uma delas é destinada uma instalação com várias baias e dietas direcionadas com o balanceamento de nutrientes para cada categoria.

Reprodução

Tanto macho quanto a fêmea possuem características que permitem identificar os melhores e conseguir boa leitegada. Um macho para ser considerado um reprodutor de qualidade deve ter testículos salientes, bons aprumos e comportamento sexual ativo. 

Por outro lado, uma boa matriz observa-se tamanho da vulva, não possuir desvios de coluna, com bom comprimento e profundidade e ter sido gerada de uma leitegada numerosa. 

Após a cobrição, as fêmeas são isoladas dos machos, sendo observadas diariamente para saber se o cio não retornou, se houve abortos, enfermidades ou secreções. 

Gestação

As fêmeas ficam em instalações próprias de forma que fiquem confortáveis sem sofrer qualquer tipo de estresse. 

Permanecerão nessas instalações desde a cobrição e confirmação da gestação (ultrassom após 30 dias da cobrição) até 7 dias antes da provável data de parto (levada para maternidade para adaptação do ambiente), ou seja, período de gestação mais ou menos de 114 dias ou 3 meses, 3 semanas e 3 dias. 

A ração é específica para essa fase de produção de suínos e água à vontade.

Maternidade

Nesse local ficam a leitoa e sua leitegada por um período de 28 dias após o parto. Todo o parto deve ser acompanhado para poder dar auxílio à fêmea e aos seus leitões em casos de necessidade. 

A sala maternidade deve ter uma temperatura máxima de até 24ºC para as fêmeas, e mínimo de 32ºC para os leitões, cela parideira para evitar esmagamento de recém-nascidos e limpeza diária. 

No dia do parto as porcas não recebem ração, deixando à disposição apenas água, quando em lactação deve ser fornecida ração à vontade. Para os leitões as rações devem ser fornecidas após os 7 dias de vida até o desmame. 

Cuidados e procedimentos devem ser tomados no momento do nascimento: higienização das narinas e boca dos leitões; massagens na região lombar, amarração do umbigo no comprimento de 4-5 cm e corte à 1 cm abaixo da amarração, desinfetando com iodo; orientar os leitões nas mamadas, priorizando os menores nas tetas dianteiras; e somente após a parição de toda leitegada realizar o corte dos dentes e caudas dos leitões.

Creche

Os leitões chegam à creche com 28 dias após parto, separados por lotes de idade e sexo, pesando aproximadamente 8 kg e ficam até 10 semanas de vida, com peso médio de 20 kg. 

Toda atenção deve ser dada nesse ciclo, pois animais acabaram de sair da amamentação e serão alimentados exclusivamente por rações. 

Devem ser vermifugados e observados várias vezes no dia, realizando as limpezas e observando bebedouros, comedouros e o controle da temperatura (26ºC nos primeiros 14 dias e de 24ºC nos dias seguintes).

Crescimento e terminação

ficam neste local até o abate, sendo os lotes de animais os mesmos que estavam na creche. Normalmente são dois tipos de rações nas instalações de crescimento e terminação, sendo utilizado um tipo até atingirem peso de aproximadamente 55 a 60 kg de peso vivo e outra até o peso de 100 kg, quando são abatidos. 

As instalações devem ser monitoradas, se atentando a limpeza, bebedouros, comedouros e temperatura ambiente entre 16 e 18ºC. 

Quais são os benefícios da carne suína?

Carne suína servida em tábua

Os consumidores de carne no mundo, atualmente já têm maior preferência de consumo da carne suína como fonte de proteína animal, principalmente, na Europa e países asiáticos, por ser considerada uma carne mais leve, saborosa e versátil, tendo facilidade no seu preparo, aliado a suas fontes de vitaminas e minerais, o que tem contribuído para uma alimentação mais balanceada.

A composição da carne de porco é de em média 72% de água, 20% de proteína, 7% de gordura, 1% de minerais e menos de 1% de hidratos de carbono e é considerada carne de coloração vermelha. 

A carne suína está entre as principais fontes de vitaminas do complexo B, ferro de alta disponibilidade, proteína de alto valor biológico, tendo em sua composição todos os aminoácidos essenciais em maiores quantidades quando comparado à carne bovina, além de serem altamente digestíveis, possuírem menor teor de gordura e calorias do que muitas outras carnes.

Tipos de carne suína

Os mais variados cortes na carne suína podem ser realizados, sendo as principais:

  • Bisteca ou carré: possui gordura garantindo suculência;
  • Copa-lombo: carne muito marmorizada, considerada uma das mais saborosas;
  • Coxão-duro: corte muito saboroso e textura harmônica que a torna tão nobre quanto à alcatra;  
  • Filé-mignon: seu valor é a metade do valor do mesmo corte da carne bovina, mas com as mesmas funções gastronômicas;  
  • Panceta: corte muito suculento, pois tem boa quantidade de carne e gordura;
  • Pé, focinho, orelha e rabo: culturalmente no Brasil, são ingredientes que enriquecem a feijoada, no entanto, o pé na Europa tem preparo sofisticado, sendo assado na França e recheado na Itália;
  • Suã: corte que fica entre o lombo e a cauda do suíno;
  • Pernil: nesse corte é encontrada a alcatra, picanha e maminha podendo ser preparados assados, cortado em cubinhos e escalopes ou até mesmo os cortes nobres utilizados em churrascos;
  • Fraldinha: corte suculento que preserva a gordura que fica ligeiramente acima da barriga do porco;
  • Lombo: corte mais magro, sendo comparada ao corte de contra-filé bovino;
  • Ossobuco: corte localizado acima do pé traseiro;
  • Costela: corte de preferência dos consumidores de carne suína;
  • Maminha: podendo ser preparada em grill, frigideira ou churrasqueira quando na forma de bife;
  • Alcatra: corte que deve ficar atento ao preparo, quando bem passado, perde umidade e resseca a carne;
  • Picanha: corte suculento;
  • Paleta: corte localizado na dianteira do porco;
  • Papada: muito utilizado para fazer o torresmo; 
  • Joelho: corte muito tradicional em outros países, no entanto, no Brasil, não faz parte das refeições diárias.

Produção de carne suína no Brasil

A fonte de proteína mais importante ingerida mundialmente apresentou recorde de exportações brasileiras no ano de 2017, gerando empregos e renda, se tornando uma grande importância na economia nacional. 

A produção de carne de porco foi maior que 3 milhões de toneladas tornando o Brasil o quarto maior produtor mundial de carne suína, desse total, a maior parte é destinada ao mercado interno, cerca de 81%, e o outros 19% destinadas para o mercado exterior. 

No mundo os maiores consumidores per capita de carne suína são Hong Kong (68,60 kg), Tailândia (42,30 kg), União Europeia (41,90 kg) e China (37,50 kg) de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína. No Brasil, o consumo de carne de porco per capita em 2010 foi de 14,1 kg/hab. e avançou para 15,3 kg/hab. no ano de 2019.

Pelo maior número de abates de suínos, o estado de Santa Catarina se destaca na produção suinocultura no Brasil. No entanto, o Brasil possui uma grande diversidade de granjas em relação à produção, sendo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste os mais tecnificados e com altos índices de produtividade, e as regiões Norte e Nordeste apresentam uma produção mais rústica e de subsistência.

De forma geral, os suinocultores têm procurado garantir produtos de maior qualidade e mais competitivo ao mercado, buscando sistemas de produção mais adequados às condições de criação, realizando manejo sanitário, nutricional, reprodutivo e produtivo para tornar a atividade economicamente viável.

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