Aprimorando a produtividade pecuária: técnicas avançadas para a reforma de pastagem

8 min de leitura

Descubra como a reforma de pastagem pode ser a chave para desbloquear o potencial inexplorado da sua propriedade rural, aumentando a produtividade e garantindo a sustentabilidade a longo prazo.

Explore nosso artigo e descubra os requisitos essenciais para a reforma de uma pastagem, além de um guia passo a passo detalhado. Desejamos a você uma leitura enriquecedora!

Desafios e Soluções para a Pastagem e Fertilidade do Solo no Brasil

O território nacional dispõe de uma área de pastagem de 165 milhões de hectares, que abriga aproximadamente 190 milhões de cabeças de gado. Destes, 90% têm a pastagem como principal fonte de alimento para o seu desenvolvimento.

A taxa de ocupação atual é de 0,93 UA/ha (1,32 cabeças/ha), um valor significativamente abaixo do potencial que poderíamos atingir com a implementação de tecnologias disponíveis no mercado.

Esta baixa taxa de ocupação impacta diretamente a produção de carne (@/ha), assim como a taxa de aproveitamento, a idade de abate, a exportação e, consequentemente, a arrecadação (U$). Por isso, a pastagem desempenha um papel crucial no nosso sistema nacional de produção de proteína animal.

A produtividade reduzida é consequência da baixa fertilidade do solo, que se caracteriza por uma escassa reserva de fósforo, pH baixo (indicativo de solos ácidos), alta saturação de alumínio (o que causa toxicidade) e uma deficiente concentração de macro e micronutrientes. Esses fatores limitam a produção de forragem, prejudicam o desempenho animal e aceleram a degradação das pastagens e do solo.

De acordo com algumas instituições, uma grande parcela da área destinada à pecuária apresenta algum nível de degradação, que pode variar de leve a severo.

O principal objetivo da adubação de pastagem é proporcionar condições otimizadas para aumentar a produção e a qualidade das pastagens, melhorando assim os índices zootécnicos dentro da propriedade rural.

Além disso, visa aumentar a persistência da forragem na propriedade, reduzindo a necessidade de reforma de pastagem. Isso resulta na produção de alimento de alta qualidade e mais acessível para os animais. A adubação também ajuda a prevenir a degradação das pastagens e do solo, ampliando o intervalo necessário para a reforma das mesmas.

Como saber se é necessário reformar ou apenas recuperação de pastagem?

A degradação das pastagens é um fenômeno progressivo de declínio na produtividade. Isso implica que, na ausência de intervenções corretivas, a taxa de degradação tende a se intensificar. Em geral, quanto mais avançado é o estado de degradação das pastagens, mais complexo, custoso e demorado se torna o processo de recuperação.

Para aprimorar nosso entendimento do processo de degradação das pastagens, podemos estabelecer uma classificação que compreende quatro níveis de degradação (Figura 1). Essa classificação se fundamenta nas diversas mudanças de decomposição agrícola e biológica que podem se manifestar nas pastagens.

Reforma de pastagem - pasto com um gado da raça Nelore
Fonte: Arquivo pessoal do autor

Nível 1 – Leve: A pastagem ainda é produtiva, mas já apresenta algumas áreas com o solo exposto e invasões de plantas indesejadas. É possível notar uma recuperação mais lenta das pastagens, resultando em um período de recuperação mais longo após o pastejo dos animais. Nessas condições, a capacidade de suporte da pastagem é reduzida em cerca de 20% em comparação com pastagens não degradadas.

Quando identificamos áreas de pastagens no nível 1 de degradação, a recomendação é realizar a recuperação. Mesmo com pastagens de menor vigor, presença de plantas invasoras e rebrota lenta, a recuperação é a opção mais assertiva e de baixo custo nessa situação. Neste cenário específico, será necessário aplicar corretivos e fertilizantes para melhorar as condições e a saúde do solo, permitindo assim que a pastagem responda adequadamente ao manejo realizado. Vale lembrar que a dosagem dos corretivos e fertilizantes dependerá dos níveis de minerais no solo, da espécie forrageira e da textura do solo.

Fonte: Arquivo pessoal do autor

Nível 2 – Moderado: Neste estágio, a infestação de plantas invasoras e a exposição do solo são mais acentuadas em comparação ao nível 1. Sob tais condições de pastagem, a capacidade de suporte diminui de 30 a 50%.

Quando identificamos áreas de pastagens no nível 2 de degradação, também é recomendada a sua recuperação. Mesmo com um vigor reduzido das pastagens, a presença de plantas invasoras e uma rebrota mais lenta, a recuperação é a escolha mais assertiva e de baixo custo nessa situação.

Neste caso específico, será necessário aplicar corretivos e fertilizantes para melhorar as condições e a saúde do solo, permitindo que a pastagem responda adequadamente ao manejo. Como este nível já apresenta uma maior infestação de plantas invasoras, há a necessidade do uso de herbicidas para eliminá-las antes da aplicação dos corretivos e fertilizantes. Vale lembrar que a dosagem desses produtos dependerá dos níveis de minerais no solo, da espécie forrageira e da textura do solo.

Fonte: Arquivo pessoal do autor

Nível 3 – Forte: A infestação de plantas invasoras e a exposição do solo aumentam expressivamente. É notável uma proporção reduzida de forragem na área, superada pela presença de plantas invasoras.

Para áreas de pastagem classificadas no nível 3, a reforma é altamente recomendada. Isso se deve à alta infestação de plantas invasoras e à grande exposição do solo, indicando uma escassez de forragem na área. Portanto, o replantio é o manejo mais apropriado nestas circunstâncias.

Nesse processo, será necessário aplicar herbicidas para eliminar as plantas invasoras. Após essa etapa, corretivos, fertilizantes e sementes serão utilizados para o replantio da área. É importante lembrar que a quantidade de corretivos e fertilizantes a serem aplicados depende dos teores minerais presentes no solo, da espécie forrageira escolhida e da textura do solo.

Fonte: Arquivo pessoal do autor

Nível 4 – Severo: No nível severo de degradação, o solo descoberto predomina e apresenta sinais evidentes de erosão. Nessas condições, a área praticamente não possui forragem. A capacidade de suporte diminui para 80%.

Para áreas de pastagem classificadas no nível 4, a reforma também é altamente recomendada. Isso ocorre porque essas áreas apresentam alta infestação de plantas invasoras e grande exposição do solo, indicando uma escassez de forragem. Portanto, o replantio é o manejo mais adequado nestas circunstâncias.

Nesse processo, será necessário aplicar herbicidas para eliminar as plantas invasoras. Após essa etapa, corretivos, fertilizantes e sementes serão utilizados para o replantio da área. É importante lembrar que a quantidade de corretivos e fertilizantes a serem aplicados depende dos teores minerais presentes no solo, da espécie forrageira escolhida e da textura do solo.

Além disso, é crucial usar condicionadores de solo e fertilizantes, bem como ajustar a lotação em função da produção de forragem. Essas medidas são importantes para prevenir o avanço da degradação das pastagens e do solo, evitando que o sistema produtivo se torne ineficiente e insustentável

Como planejar e fazer uma boa reforma de pastagem?

As reformas de pastagens geralmente ocorrem entre setembro e novembro, período que coincide com o início das chuvas em quase todo o país. Realizar a reforma nesse período permite que os animais utilizem as pastagens por mais tempo e com qualidade superior. Além disso, devido ao clima chuvoso, as pastagens conseguem se estabelecer de maneira mais eficiente em comparação com outras épocas do ano.

Para realizar a reforma de pastagens, é necessário identificar o grau de degradação, determinar quais áreas serão reformadas e traçar um plano a ser seguido. Esses passos são essenciais para garantir uma reforma eficaz e sustentável das pastagens.

Para realizar esse manejo crucial na fazenda, o primeiro passo é coletar amostras do solo para serem enviadas a um laboratório confiável. Após a elaboração do laudo, é importante analisar todos os pontos relevantes que devem ser considerados para uma correção e adubação eficazes.

Pontos a serem considerados no laudo de solo:

– A concentração de todos os minerais é essencial.

                – É imprescindível para as recomendações de fertilizantes na dose correta.

– A textura do solo (argila, silte, areia) é um fator crucial.

                -É imprescindível para as recomendações de fertilizantes e do gesso agrícola na dose correta.

– A saturação por bases do laudo de solo (V%) é um aspecto fundamental.

                -É imprescindível para as recomendações de calcário na dose correta.

A saturação por bases que pretendo alcançar é um objetivo crucial.

                – É imprescindível para as recomendações de fertilizantes na dose correta. Vale ressaltar que essa variável depende da exigência da forragem escolhida.

A saturação de alumínio (m%) é um indicador importante.

                – Quando a saturação ultrapassa 20%, é necessário intervir com a aplicação de gesso agrícola para neutralizar o alumínio, que é tóxico para os vegetais em geral.

O pH do solo é um parâmetro importante que afeta diretamente a eficiência no uso dos fertilizantes.

                – O pH ótimo deve ficar entre 6 e 6,7, faixa na qual a disponibilidade e absorção dos minerais são otimizadas.

Com o laudo em mãos e considerando os pontos mencionados acima, devemos fazer as recomendações dos corretivos, como o calcário (que aumenta o pH) e o gesso agrícola (que neutraliza o alumínio tóxico). As recomendações de fertilizantes dependerão da espécie forrageira escolhida e do teor dos minerais presentes no solo.

Quais são as etapas para uma boa reforma de pastagem?

Após as recomendações para a área selecionada para reforma, é hora de iniciar o trabalho. O primeiro passo é a aplicação do calcário, que deve ser feita para permitir as reações necessárias de neutralização e aumento do pH. Isso garante a eficiência total do fertilizante.

A aplicação de calcário é crucial, pois este corretivo de solo tem a função de neutralizar os íons H+ presentes no solo, resultando em um pH na faixa de 6 a 6,7. Esta faixa de pH é considerada ideal para a disponibilidade e absorção de todos os minerais. Vale lembrar que o calcário tem um tempo de reação no solo de aproximadamente 90 dias.

Após a aplicação do calcário, o gesso agrícola pode ser aplicado com o objetivo de neutralizar o alumínio, um elemento tóxico para os vegetais.

A presença de alumínio no solo pode afetar negativamente o crescimento, desenvolvimento e absorção dos minerais presentes na solução do solo. Por isso, é importante aplicar o gesso na dose correta para neutralizar o alumínio e transportá-lo para camadas mais profundas do solo. Isso permite que o sistema radicular se desenvolva adequadamente, tanto em tamanho quanto em volume.

Após a correção do solo, podemos prosseguir com a aplicação dos fertilizantes, juntamente com as sementes de pastagem. É importante lembrar que a escolha da semente é um passo crucial, pois para cada realidade, tipo de sistema e intensificação, existe uma forragem que se desempenha melhor em determinadas condições (como pluviosidade, encharcamento, alta lotação, etc.).

Como mencionado anteriormente, a dose de fertilizantes está intimamente relacionada com a exigência da forragem escolhida, a concentração dos nutrientes no solo e a textura do solo.

Após a correção do solo, a aplicação dos fertilizantes e das sementes de pastagem, a germinação das sementes na área começa aproximadamente 10 dias após o plantio. No entanto, só podemos começar a introduzir os animais na área para realizar os primeiros pastejos cerca de 60 dias após o plantio.

Esse primeiro pastejo deve ser realizado por animais mais leves para evitar o arranque da touceira, o que poderia prejudicar a formação e o fechamento da pastagem. Após esse período, podemos introduzir os demais animais na área reformada.

CTA MPasto carne - bovinos da raça Nelore no pasto verde à esquerda e à direita três casas com árvores ao fundo.

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