Pecuária de corte: desafios de produtividade no contexto brasileiro

6 min de leitura

Quais são os principais desafios de produtividade enfrentados na pecuária de corte no Brasil?

O agronegócio brasileiro tem experimentado um crescimento constante, tornando-se um dos setores mais importantes para o Brasil. Em 2022, o agronegócio representou 25% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dentre os segmentos desse setor, a pecuária de corte desempenha um papel significativo, contribuindo com 27,8% do total (CNA). Esses números colocam o Brasil como o maior exportador de carne bovina do mundo. Um diferencial importante é que os animais são criados a pasto, o que confere qualidade à carne produzida. Para compreender melhor os desafios enfrentados nesse setor e obter insights sobre a realidade dentro da porteira, continue a leitura!

Uma das principais preocupações enfrentadas por aqueles envolvidos na pecuária de corte em todo o Brasil é a escassez crescente de mão-de-obra. Manter trabalhadores no meio rural tornou-se um desafio cada vez maior, visto o grande movimento de êxodo rural visto na últimas décadas. Além disso, tanto a pecuária quanto a agricultura, estão passando por uma revolução tecnológica, demandando uma mão-de-obra cada vez mais especializada capaz de operar máquinas avançadas e tomar decisões que afetam diretamente a produtividade animal.

Um outro desafio enfrentado na pecuária de corte é devido ao sistema ser baseado em pastagem, especialmente em um país de clima tropical como o Brasil. A forragem, que é a base alimentar dos ruminantes, é sazonal e não produz de forma suficiente para atender à demanda durante todo o ano. Isso cria um gargalo de produção em fazendas por todo o país. Em algumas regiões, enfrenta-se períodos de 3 a 4 meses sem chuvas volumosas, enquanto em outras áreas, a seca pode se estender por mais de 6 meses sem uma gota de chuva. Mesmo com condições climáticas favoráveis e luz adequada, a distribuição de produção ao longo do ano é desafiadora. Para lidar com essa situação, os pecuarista de corte precisam tomar decisões estratégicas, como:

Produção de feno: armazenar forragem em forma de feno para uso durante os períodos de escassez.

Silagem: destinar áreas para a produção de silagem, que é uma forma conservada de forragem.

Pré-Secado: realizar o pré-secado da forragem para garantir sua disponibilidade.

Suplementação: fornecer suplementos alimentares para atender às necessidades nutricionais dos animais durante esses períodos críticos.

Essas estratégias ajudam a evitar a perda de peso dos animais e garantem que suas demandas por alimento sejam atendidas, mesmo quando a forragem natural é insuficiente

Qual é o impacto da qualidade nutricional do pasto na eficiência da produção da pecuária de corte?

A qualidade nutricional das pastagens exerce um impacto significativo na pecuária de corte. Quando as pastagens são bem nutridas e manejadas adequadamente, apresentam um alto teor de nutrientes, como proteínas e minerais, além de uma fibra de melhor qualidade com menor concentração de lignina. Esses fatores contribuem para o crescimento e desenvolvimento saudável dos bovinos, resultando em maior ganho de peso e melhor conversão alimentar. No entanto, quando as pastagens sofrem deficiência nutricional ou não recebem os nutrientes necessários do solo devido à falta de adubação, o crescimento é retardado. Isso significa que as pastagens demoram mais para atingir a altura adequada para o pastejo dos animais, o que pode levar a problemas com insetos e doenças, resultando em queda na produção na pecuária de corte.

O componente mais desejado em uma forrageira é a produção de folhas, pois elas possuem maior valor nutritivo para os bovinos. Em pastagens degradadas ou mal formadas, observa-se menor produção animal por área e por indivíduo, o que também afeta a eficiência reprodutiva das fêmeas, aumenta a mortalidade de bezerros e contribui para problemas de saúde devido à baixa imunidade.

Aqui estão algumas maneiras pelas quais a degradação ou má formação das pastagens pode afetar diretamente os índices da fazenda:

Menor qualidade nutricional: pastagens degradadas geralmente possuem menor teor de nutrientes essenciais, como proteínas e minerais. Além disso, a qualidade da fibra muitas vezes é inferior, resultando em uma dieta inadequada para os bovinos, o que, por sua vez, leva a menor ganho de peso diário e menor produtividade por área.

Menor disponibilidade de forragem: pastagens degradadas oferecem menos quantidade de forragem disponível para os animais. Isso significa que os bovinos têm um suprimento reduzido de alimento volumoso para consumir, resultando em menor ingestão e, consequentemente, em menor produção animal.

Competição por recursos: pastagens mal formadas podem levar a uma competição mais intensa entre os animais por recursos limitados, como espaço para pastar e acesso à forragem. Isso pode afetar negativamente a produtividade geral da pecuária de corte.

Quais são os problemas de saúde mais comuns no gado de corte e como eles afetam a produtividade?

Alguns dos problemas de saúde mais comuns na pecuária de corte incluem doenças respiratórias, parasitárias, metabólicas e distúrbios digestivos. Esses problemas podem afetar a produtividade do gado de várias maneiras, incluindo redução do ganho de peso, diminuição da eficiência alimentar, aumento da mortalidade e custos adicionais com tratamentos veterinários. Por exemplo, doenças respiratórias como a pneumonia bovina, podem resultar em tosse, dificuldade respiratória e redução do apetite, levando a uma diminuição no ganho de peso. Parasitas intestinais podem causar anemia, diarreia e perda de peso. Distúrbios metabólicos, como a acidose ruminal, podem resultar em problemas digestivos e queda na ingestão de alimentos. Portanto, manter o gado saudável é essencial para garantir uma produção eficiente e lucrativa na pecuária de corte.

Prevenir doenças na pecuária envolvem uma combinação de boas práticas de manejo, nutrição adequada, controle de parasitas e vigilância sanitária. Abaixo, estão algumas medidas importantes para o setor:

  • Manejo sanitário adequado: inclui vacinação regular contra doenças comuns, como pneumonia bovina, clostridioses, febre aftosa, entre outras. Além disso, é importante garantir boas condições de higiene nos locais onde os animais são mantidos.
  • Controle de parasitas: implementar um programa de controle de parasitas é essencial para prevenir infestações por vermes intestinais, carrapatos e moscas. Isso pode incluir o uso de medicamentos antiparasitários e práticas de manejo, como rotação de pastagens e limpeza regular dos locais de acesso dos animais e locais de alimentação.
  • Nutrição balanceada: sempre que possível, fornecer uma dieta equilibrada e de alta qualidade é fundamental para manter a saúde dos bovinos. Isso inclui garantir acesso a água limpa e fresca, suplementação adequada de minerais e vitaminas, e evitar mudanças repentinas na dieta que possam causar distúrbios digestivos, como a acidose ruminal.
  • Monitoramento da saúde: sempre se deve atentar aos sinais de doenças, como perda de apetite, mudanças no comportamento, secreções nasais ou oculares anormais, e problemas respiratórios. Realize exames de saúde regulares e consulte um veterinário ao primeiro sinal de problemas.
  • Manejo do estresse: busque sempre reduzir o estresse dos animais, fornecendo condições ambientais confortáveis, evitando superlotação na pastagem, garantindo espaço adequado para os animais consumirem a suplementação, espaço adequado no confinamento para movimentação e minimize a exposição a condições climáticas extremas.

Essas são algumas das medidas básicas que podem ajudar a prevenir doenças dos bovinos e manter os animais saudáveis e produtivos na pecuária de corte.

Quais tecnologias e práticas de gestão podem ser implementadas para aumentar a eficiência na produção de carne bovina no Brasil?

Existem várias tecnologias, das mais simples as mais complexas, para melhorar a pecuária de corte. Elas podem ser implementadas para aumentar a eficiência na produção dentro da fazenda e melhorar os índices produtivos do rebanho. Aqui estão algumas delas:

  • Rastreabilidade e gestão de dados: a utilização de sistemas de rastreabilidade para monitorar o histórico de cada animal, desde o nascimento até o abate, permite uma melhor gestão da cadeia de produção. Além disso, a coleta e análise de dados sobre desempenho animal, nutrição, saúde e manejo podem ajudar a identificar áreas de melhoria e tomar decisões mais embasadas.
  • Gestão de pastagens: a implementação de técnicas de manejo de pastagens, como rotação de pastagens, adubação, divisão de piquetes, controle de plantas invasoras e manejo integrado de pragas, pode aumentar a produtividade e sustentabilidade dos sistemas de produção de carne bovina a pasto.
  • Melhoramento genético: a seleção de animais com características desejáveis, como maior ganho de peso, eficiência alimentar e resistência a doenças, por meio de programas de melhoramento genético e uso de tecnologias como inseminação artificial e genômica, pode aumentar a produtividade e qualidade da carne produzida em curtos espaços de tempo.
  • Tecnologias de alimentação: utilizando as tecnologias de alimentação, como dietas balanceadas, suplementação nutricional e sistemas de alimentação automatizados, pode-se otimizar a conversão alimentar e o ganho de peso dos animais, reduzindo custos e aumentando a eficiência produtiva.
  • Gestão da saúde animal: implementar programas de prevenção de doenças, como vacinação, controle de parasitas e monitoramento da saúde animal, pode reduzir a incidência de doenças e aumentar a produtividade do rebanho.
  • Uso de tecnologia digital: a adoção de tecnologias digitais, como sensores de monitoramento de saúde e bem-estar animal, sistemas de gestão de fazendas baseados em nuvem e aplicativos móveis para gestão de rebanho, pode facilitar a tomada de decisão e aumentar a eficiência operacional.

Essas são apenas algumas das tecnologias e práticas de gestão que podem ser implementadas para aumentar a eficiência na pecuária de corte brasileira. O uso combinado dessas ferramentas pode ajudar os produtores a melhorar a produtividade, reduzir os custos de produção e garantir a sustentabilidade a longo prazo do setor.

Referências:

Panorama do Agro | Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) (cnabrasil.org.br)

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