Acidose ruminal pode prejudicar bovinos confinados?

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O que você sabe sobre acidose ruminal? Neste artigo vamos explorar sobre os impactos que a acidose ruminal causa nos bovinos criados em sistemas produtivos mais intensivos. Se você se interessa pelo assunto, continue lendo, pois o conteúdo está imperdível! Confira!

Antes de falar sobre acidose ruminal, saiba como são os sistemas produtivos mais intensivos.

Terminação Intensiva a Pasto (TIP) e Confinamento

A sazonalidade de produção de pastagens no território nacional durante o período do ano, já é conhecido por todos. Na época do verão, temos o período de chuvas, dias mais longos, altas temperaturas, fatores esses, que dão ótimas condições para o desenvolvimento e melhoria da qualidade das plantas forrageiras. Já no inverno, período seco, as temperaturas caem, as chuvas param e os dias ficam menores e com isso as pastagens param seu crescimento e a qualidade delas pioram.

Em função disso, estratégias de suplementação e terminação foram e continuam sendo desenvolvidas para “driblar” o cenário acima explanado. A terminação intensiva a pasto (TIP) e confinamento (CONF) são duas das diversas ferramentas disponíveis para que consigamos atingir os objetivos e metas sem prejudicar o desempenho e desenvolvimento dos animais durante o ano.

A TIP é uma opção para intensificar a terminação de bovinos à pasto. É uma estratégia que pode ser adotada durante todo o ano, tanto no período seco como no período das águas, porém para o período seco há a necessidade de diferimento ou vedação prévio da pastagem para que haja acúmulo de forragem para todo o período. Nessa estratégia de terminação à pasto, normalmente é fornecido de 1,4 a 2% do peso vivo em concentrado e o volumoso vem das pastagens previamente adubadas.

acidose ruminal - terminação intensiva a pasto

Já o confinamento também é uma alternativa para terminação de bovinos, porém esses animais ficam fechados em baias coletivas, devem ser separados por gênero, grupo genético, idade e grupo contemporâneo. Neste sistema os animais recebem a dieta total (concentrado/ volumoso) em cochos também coletivos que devem ter um espaçamento mínimo para diminuirmos a dominância e todos os animais terem a oportunidade de acesso a dieta.

As estratégias TIP e CONF são preferencialmente usados no período seco do ano, pois como já sabemos é um período que os animais normalmente perdem peso. Estratégias como essas devem ser trabalhadas de maneira inteligente para melhorarmos o desempenho e eficiência dos animais em um período tão crítico do ano.

Para a adoção dessas estratégias TIP e CONF devemos tomar alguns cuidados, para que possamos otimizar o desempenho dos animais bem como a rentabilidade de todo o sistema de produção. Nesses tipos de sistemas mais intensificados, devemos ter uma estrutura maior e mais tecnificada para atender a alta demanda de concentrado durante todo o período.

Veja alguns exemplos de estruturas que podem ajudar nos sistemas mais intensificados:

  • Tratores para fornecer a dieta aos animais;
  • Balança de monitoramento;
  • Equipe treinada.

Tanto na terminação intensiva à pasto e confinamento a inclusão de concentrado é muito alta, dessa forma devemos tomar algumas precauções para não termos problemas principalmente de acidose ruminal e posteriormente claudicação (manqueira) nesses animais durante o período de terminação.

O que é acidose ruminal?

Acidose ruminal é o aumento da produção de ácido lático dentro do rúmen modificando a flora ruminal através da alta ingestão de carboidratos não estruturais (milho, arroz, sorgo, trigo etc.) e dessa forma causando desequilíbrio no ambiente.

O aumento da produção de ácido lático dentro do rúmen causa um decréscimo no pH ruminal, e dessa forma selecionando a flora que tem preferência pela degradação de carboidratos em detrimento das que tem preferência pela fibra (volumoso).

Os sinais mais frequentes apresentados por animais acometidos por acidose ruminal são:

  • Perda de apetite (diminuição do consumo dos animais);
  • Perda de peso;
  • Baixa motilidade ruminal (pouca ruminação);
  • Fezes mais líquidas;
  • Claudicação (laminite/descolamento dos cascos).

Como já foi falado anteriormente, quando inserimos alta quantidade de carboidratos não estruturais na dieta, provocamos uma alteração na flora ruminal, diminuindo a degradação e absorção do alimento. Consequentemente acaba reduzindo a absorção dos nutrientes no trato gastrointestinal, dando consistência mais pastosa/líquida às fezes.

Como prevenir e manter o pH ruminal?

Para prevenir que os animais sejam acometidos pela acidose ruminal, podemos intervir ativamente para diminuir a incidência dessa enfermidade dentro dos sistemas produtivos mais intensivos.

Ações para prevenção da acidose e manutenção do pH ruminal em animais que são desafiados em sistemas mais intensos:

Adaptação dos animais corretamente:

A inclusão de concentrado na dieta deve ser feita de maneira gradual por mais ou menos 15 dias, dessa forma diminuindo e/ou evitando a enfermidade nos animais.

Inclusão de aditivos e tamponantes na dieta:

A inclusão de bicarbonato e aditivos (como monensina, por exemplo) na dieta são ferramentas eficazes para diminuir a incidência de acidose ruminal nos animais. A inclusão desses ingredientes na dieta, manipula a fermentação ruminal, diminuindo a produção de ácido lático e mantendo o pH ruminal em níveis ótimos (5,9-6,2).

Correto balanceamento com relação a fibra efetiva (FE) da dieta:

De maneira geral em dietas de confinamento e/ou de vacas de alta produção leiteira, devemos ficar atentos na fibra efetiva da dieta. Devemos incluir cerca de 25% de fibra efetiva nessas dietas. A FE é considerada a fibra que estimula a mastigação, ruminação, salivação e motilidade ruminal, sendo que seu tamanho deve ser em torno de 1,18mm.

Quando a fibra efetiva está em perfeito equilíbrio na dieta, estimulamos maior desempenho animal, pois a flora ruminal estará intacta e dessa forma o aproveitamento e absorção dos nutrientes serão otimizados.

Monitoramento diário do consumo dos animais:

Animais acometidos por acidose ruminal, normalmente diminuem o consumo da dieta, se o monitoramento do consumo for feito diariamente, podemos pegar o problema logo no começo e diminuir as perdas tanto em desempenho quanto em rentabilidade do sistema.

Monitoramento das fezes dos animais:

Fezes mais líquidas devem ser evitadas, caso contrário, vamos perder eficiência no desempenho dos animais.

Bom, quando os animais são desafiados e submetidos a um sistema de produção de carne ou leite, vários cuidados devem ser tomados para otimização do desempenho deles. É muito importante produzir produtos sustentáveis, levando em consideração o fator econômico e ambiental, bem como a rentabilidade do sistema.

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Artigo escrito por Fábio Ferrari | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic Fertilizantes

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