Se você está envolvido com gado de corte, é provável que já tenha ponderado sobre os benefícios ou tido dúvidas acerca da utilização da ureia para gado. Isso é perfeitamente normal, uma vez que, embora a utilização desse composto seja uma estratégia nutricional de grande relevância, ainda existem pontos críticos que geram inquietações.
Por isso, neste artigo, exploraremos detalhadamente o papel da ureia como alimentação para o gado, abordando suas vantagens e cuidados necessários.
O que é Ureia para gado?
A ureia (CH₄N₂O) é uma composição orgânica rica em nitrogênio não proteico (NNP). Quando utilizada na dieta de ruminantes, estimula o crescimento das uréases, enzimas responsáveis por converter o nitrogênio contido na ureia em proteína microbiana.
Composto que é facilmente digerido e altamente nutritivo, tornando-se uma fonte valiosa de nutrientes para os bovinos, devido ao perfil de aminoácidos.
Para ilustrar a eficiência desse processo, a cada 1,0 grama de ureia fornecida, cerca de 2,9 gramas de proteína microbiana são produzidos.
Por que usar ureia na alimentação de bovinos?
A ureia na alimentação animal, tem sido amplamente adotada ao longo dos anos para atingir dois objetivos principais: elevar o nível de proteína degradável no rúmen (PDR) e reduzir os custos com alimentação.
A eficácia desse processo se revela na substituição parcial ou mesmo total das fontes de proteínas verdadeiras, como o farelo de soja e o farelo de algodão, pela ureia.
Benefícios da uréia na suplementação do gado de corte
Além da eficiência econômica e da elevação da proteína degradável no rúmen, a ureia oferece outras vantagens significativas, tais como:
- Facilidade de Aquisição: a ureia é amplamente disponível e de fácil acesso, tornando-a uma opção prática para os pecuaristas.
- Melhora da Digestibilidade da Fibra: a ureia tem o potencial de aumentar a digestibilidade das fibras, o que se traduz em um maior aproveitamento dos alimentos e, consequentemente, em um aumento da produtividade.
- Aumento do Potencial Produtivo: a suplementação adequada de ureia, otimiza o desempenho e a produtividade do gado, resultando em um crescimento saudável e uma eficiência de conversão alimentar aprimorada.
Ademais, os benefícios da inclusão de ureia na alimentação de ruminantes é comprovado cientificamente há décadas.
Segundo Devant et al. (2001), em dietas com alto teor de concentrado e baixa proteína, há uma perda em síntese microbiana e digestibilidade dos nutrientes, provavelmente pela limitação de nitrogênio (N) disponível aos microrganismos ruminais.
Sustentando esta linha de estudos, Perry e Cecava (1995) observaram que, em dietas com alta concentração de milho, o fornecimento de altos níveis de proteína não degradável no rúmen (PNDR) diminuiu a desempenho animal quando comparado a fontes de proteína degradável no rúmen (PDR).
Fatores que influenciam o aproveitamento da ureia
Uma formulação inadequada, com excesso ou falta de outros nutrientes, pode afetar o desempenho da ureia como fonte de nitrogênio não proteico. Isso porque, o desequilíbrio prejudica a capacidade dos microrganismos ruminais de utilizar a ureia de forma eficaz, afetando negativamente a digestão e a absorção de nutrientes pelos bovinos.
Como utilizar a ureia de forma correta?
A utilização correta da ureia na alimentação de bovinos é crucial para garantir a segurança e eficácia do processo. Por isso separamos alguns pontos essenciais para utilizar a ureia de forma adequada:
O primeiro passo é a escolha da ureia a ser fornecida. A ureia na alimentação de bovinos ideal é a ureia pecuária e não a ureia agrícola, comumente utilizada para manejo da adubação.
Ela além de conter impurezas, tornando-a perigosa à saúde e segurança dos animais, seu fornecimento aos animais é proibido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Adaptação do rebanho
Ademais, a adaptação dos animais ao consumo da ureia é mandatória, além de seu fornecimento diário limitado à capacidade de metabolização e utilização animal.
Preferencialmente, o manejo alimentar de dietas contendo ureia deve ser feito proporcionando seu consumo fracionado ao longo do dia para melhor utilização e menor risco.
Isto porque, devido a sua rápida disponibilidade e absorção ruminal, em doses elevadas, a microbiota não terá tempo para utilizá-la da maneira mais eficiente e o animal, talvez, não seja capaz de metabolizá-la sem haver prejuízo energético ou clínico, podendo causar prejuíza nutrição e imunidade em bovinos.
Dosagem
De acordo com as diretrizes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo, é recomendado limitar o fornecimento de ureia a um máximo de 30 gramas por cada 100 quilos de peso do animal, por dia.
Por exemplo, se você planeja fornecer ureia a novilhos com um peso médio de 300 quilos, a quantidade diária máxima de ureia seria de 90 gramas por animal (30 gramas multiplicados por 300 e divididos por 100 kg).
Caso os animais tenham um peso significativamente maior, a quantidade diária de ureia não deve exceder 200 gramas por animal
Mistura
Ainda pensando em diminuir o risco de intoxicação, é fundamental realizar a mistura de maneira adequada, garantindo que a ureia esteja distribuída uniformemente no cocho.
Isso assegura que todos os animais consumam quantidades controladas e seguras do suplemento. Evitando a concentração excessiva de ureia em uma parte da dieta, reduzimos significativamente a probabilidade de níveis elevados de amônia no sangue de algum animal, o que poderia levar à intoxicação.
Cuidados essenciais para usar ureia na alimentação de bovinos
Fora dos cuidados descritos acima, alguns pontos devem ser reforçados. Devido a sua solubilidade em água, o fornecimento de ureia na alimentação de bovinos nas estações chuvosas deve ser feito com cuidado, cautela ou, até mesmo, evitado dependendo das condições de fornecimento.
Se houver acúmulo de água no cocho ou saleiro, durante o fornecimento, o risco de intoxicação e morte dos animais aumenta. Durante as estações secas, a utilização de ureia é uma prática mais segura e comum em rebanhos a pasto.
Sal ureado e proteinados
A possibilidade de inclusão em sal ureado e proteinados favorece o manejo, pois a ingestão de fontes de N favorecem a manutenção e crescimento microbiano para melhor degradação e aproveitamento das pastagens com menor qualidade.
Pensando nestas condições, o fornecimento de NNP aos ruminantes é uma boa opção, podendo ser incluído desde o suplemento mineral até a dieta total para incremento no N disponível a microbiota ruminal. Melhorando o aproveitamento da dieta fornecida, proporcionando uma melhor conversão alimentar.
E, é sempre importante lembrar: em todas as estratégias nutricionais, dois elementos cruciais são necessários: produtos de qualidade, um manejo com gestão pecuária eficaz. Por isso, descubra como o NutriMosaic pode fornecer produtos de qualidade para otimizar seu manejo e melhorar o desempenho do seu rebanho.
