Você tem sobra de capim e não sabe o que fazer com ele? Saiba que é possível armazenar o capim para que o animal possa comer depois! Uma das estratégias é fazer o processo de fenação. Mas quando e como fazer?
Bom, o processo não se resume em simplesmente armazenar o capim, é preciso cuidar de vários pontos para que o animal receba um alimento nutritivo e de qualidade.
Neste artigo você saberá tudo sobre produção de feno, continue a leitura e descubra!
Condições climáticas afetam a nutrição bovina
O Brasil é um país continental e que tem regiões onde uma parte do ano conta com um bom regime de chuva e de clima favorável para a produção de forragem, porém em outra parte do ano não temos a mesma condição e com isso se dá a estacionalidade de produção de forragem.
Quando mantemos animais em regime somente a pasto, acabam ganhando peso na melhor condição das pastagens, e no período de escassez como consequência da má qualidade dos pastos e da falta de massa de forragem eles perdem peso.
O fornecimento da suplementação de alimentos volumosos conservados para os ruminantes nos períodos críticos do ano como a silagem, feno e pré-secados são comumente usados há muitos anos nas fazendas brasileiras, seja para animais que precisam desta suplementação para buscar uma alta produção ou até mesmo para cumprir o mínimo de exigência de fibra, energia e proteína que um animal requer.
Muitos produtores acabam produzindo silagem, feno ou pré-secado na própria fazenda, o que ajuda muito no custeio da alimentação. E para algumas ocasiões em que tem excesso de forragem ou falta de tempo de colocar os animais para consumir esse alimento.
Para aqueles que não têm equipamentos ou área suficiente para produção acabam comprando de outros produtores.
Como se faz a fenação?
A diferenciação dos alimentos volumosos conservados basicamente é a forma que é feito o processo de conservação, o feno e o pré-secado são cortados no campo e sofrem um processo de desidratação, o que diferem é que o pré secado é estocado e enfardado com teores de umidade de 55 a 65% e o feno de 10 a 15%.
O pré-secado tem uma vantagem em relação ao feno pois fica menos tempo exposto no campo pois o tempo de secagem é menor, porém o produtor tem que contar com equipamentos de envelopamento do material com filme resistente e que tenha uma boa elasticidade e na qual vede bem para não ter entradas de ar.
Após a vedação do material, o pré-secado vai manter seu valor nutritivo através da atividade de anaerobiose dos microrganismos e da acidificação do meio. Podemos adicionar aditivos durante a ensilagem e envelopamento do material a fim de promover a rápida fermentação lática do material a ser ensilado e melhorar o padrão nutricional do pré-secado.
O ato de fenação tem objetivo de conservar ao máximo o valor nutritivo da planta forrageira, através da paralisação da respiração celular da planta e da atividade dos microrganismos. Reduzindo a umidade conseguimos preservar esse alimento, conservando seus nutrientes, maciez, aroma e cor.
O processo envolve em cortar o material verde no campo com alto valor nutritivo e fazer a desidratação desse volumoso através da perda de umidade, muitas vezes para melhorar a desidratação precisamos revolver o material no campo e após perdido umidade suficiente, deve-se enleirar, juntar e armazenar esse material em ambiente seco e protegido de intempéries do clima.
Vantagens do uso do feno
As vantagens do uso do feno na produção animal são várias, uma delas é que podemos armazenar por longos períodos, com pequenas alterações no seu valor nutritivo.
Podemos produzir e utilizar em grande e pequena escala além de que conseguimos atender o requerimento nutricional de diferentes animais como os ruminantes e os de ceco funcional como equinos.
Você sabe quais são as forrageiras que podem ser usadas para a produção de feno? Leia mais no tópico a seguir.
Forrageiras para fenação
Não são todas as forrageiras tropicais que vão se encaixar para esse tipo de atividade, para uma boa escolha de uma forrageira para a fenação, precisamos de uma forrageira que tenha um bom valor nutritivo quando chegar no ponto de corte ideal e que também produza uma quantidade de massa atrativa.
Precisamos de uma boa relação folha/colmo, pois é na folha que vai concentrar o melhor valor nutricional em nível de fibra e de fácil degradabilidade. A facilidade do corte e desidratação também é uma característica desejável.
As plantas forrageiras possuem características morfofisiológicas que necessitam alturas distintas de corte.
Plantas de crescimento cespitoso (possui colmos eretos, forma touceira), quando relacionadas com as estoloníferas (colmos rasteiros com enraizamento nos nós) e decumbentes são mais simples de cortar, porém os capins cespitosos não demonstram resistência quando cortados rente ao solo.
Quando cortamos uma forrageira perene também temos que levar em conta a capacidade dessa planta em rebrotar pois queremos tirar o máximo de cortes durante o ano de produção.
Gramíneas com meristemas apicais, ou seja, pontos de crescimento elevados, acima da altura do solo, terão sua recuperação ou rebrote prejudicado e podem demorar mais para chegar na altura de corte.
Algumas espécies mais utilizadas para a produção de feno são:
- Cynodon de maneira geral (Tifton, Coast-cross, Estrela africana, Jiggs);
- Buffel (Cenchrus ciliaris);
- Panicum maximum (Massai e Aruana);
- Brachiaria (Alguns tipos de);
- Dentre as leguminosas a alfafa (Medicago sativa) é utilizada em uma quantidade expressiva.
Produção de feno: implementação da cultura e plantio
Antes da implementação da pastagem na área a ser destinada para essa atividade de produção devemos nos atentar ao histórico do clima da região, ter uma análise físico-química do solo.
Também é preciso fazer um levantamento das espécies de plantas invasoras e suas respectivas frequências e não menos importante, estudar o terreno que precisará ser mecanizável já que será necessário o uso de máquinas para cortar, juntar, enleirar, enfardar e transportar esse material.
Se o plantio for por sementes, pode-se fazer em sulco de plantio, superficial ou covas. A maioria das espécies do gênero Cynodon são plantadas por mudas, o que torna o processo um pouco mais trabalhoso. A implementação se dá pela distribuição das mudas sobre uma superfície que precisa de uma imediata incorporação por meio de uma leve gradagem, podemos usar espaçamentos de 40 a 50 cm e uma quantidade de mudas de 4,5 toneladas por hectare.
Sempre devemos nos atentar a origem dessas mudas e se tem presença de outras espécies indesejáveis no meio, desta forma podemos impedir infestações.
Se for uma área muito grande podemos plantar corredores de mudas e esperar que a própria planta feche os espaçamentos, esta espécie também tem hábito de crescimento rasteiro na qual apresentam estolões que fixam ao solo pelas raízes que se formam em seus nós, isto é um modo que a planta tem de colonização da área de forma rápida.
Adubação e fertilidade do solo
As forrageiras que tem as características desejáveis para a produção de feno são em sua maioria exigentes em fertilidade de solo e por isso dependem de um solo corrigido e adubado.
Com o corte precisamos da reposição dos nutrientes, sejam eles macro e microelementos. Provido da análise de solo e recomendação de um profissional, é recomendado que a adubação de plantio desta forrageira seja com fontes de fósforo de alta solubilidade para maior aproveitamento e vigor na formação de raízes.
Para cobertura ou para cada corte que vamos realizar na pastagem preconizamos a reposição de nutrientes e com a adubação de nitrogênio e potássio como fontes principais para gerar mais vigor nas rebrotas e mais folhas disponíveis e consequentemente melhorar o valor nutritivo.
A Mosaic Fertilizantes consta com uma linha de fertilizantes especialmente desenvolvida para pastagem o MPasto na qual traz soluções para o produtor que busca uma maior produtividade e valor nutritivo da pastagem.
Processos da fenação
Para se obter um bom feno precisamos seguir e respeitar algumas premissas como a altura do corte. Cada forrageira tem características morfofisiológicas distintas o que muda seu modo de crescimento, reprodutivo e senescência.
Após o corte, damos início ao revolvimento da forragem, enleiramento do material que foi cortado, o enfardamento, recolhimento dos fardos, transporte e posteriormente a armazenagem dos fardos. Todos os processos são necessariamente importantes para obtermos um bom feno.
A fenação é mais uma alternativa para aqueles produtores que necessitam ou querem fornecer alimento volumoso de qualidade para seus animais.
O uso do feno de maneira estratégica na época de escassez de forragem é uma solução para manter ou aumentar o desempenho dos animais, porém devemos sempre estar respaldados pela viabilidade econômica na qual este volumoso vai causar na orçamentação da produção animal de interesse.
Artigo escrito por Vinicius Gomes | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic Fertilizantes
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