Você conhece todas as nuances e importância da nutrição animal?
A alimentação corresponde a cerca de 70% dos custos da produção animal, a dieta necessita de níveis adequados de nutrientes para que o animal possa explorar ao máximo sua capacidade produtiva.
Para assegurar que estes nutrientes sejam ingeridos, digeridos, absorvidos e transportados às células do organismo, são incluídos na dieta certos aditivos, na sua maioria, não nutritivos, com a finalidade de um melhor balanceamento dos nutrientes do alimento.
Quer aprofundar mais seus conhecimentos em relação à nutrição animal? Continue a leitura deste artigo!
Nutrição animal em um mundo globalizado
Por causa da globalização, as exigências dos mercados consumidores ampliaram-se, visando à saúde humana, criando determinadas regras para o uso de aditivos na alimentação animal, e anualmente estas regras mudam, restringindo a utilização de alguns.
Em 1999, baseando-se no “Princípio da Precaução” a União Europeia (EU) baniu a utilização de antibióticos como promotores de crescimento, mas a proibição do uso de ionóforos como aditivos alimentares (monensina sódica e lasalocida) somente ocorreu em 2006. Não se assuste com os últimos termos mencionados, eles serão explorados nos próximos tópicos.
Pode-se dizer que o “Princípio da Precaução” serviu como uma espécie de direito especial para que as autoridades da EU, mesmo quando não tivessem dados científicos conclusivos, pudessem adotar uma medida de segurança em relação a uma determinada questão.
Outros países, no entanto, adotam o “Princípio da Prova”, baseando-se em evidências científicas para uma tomada de decisão, como o caso dos Estados Unidos e Brasil. Por este motivo, os compostos naturais alternativos vêm de encontro às necessidades do mercado nacional e especialmente internacional.
Mas afinal, o que são ionóforos, monensina e lasalocida? Saiba o conceito de cada palavra e qual sua ligação com a nutrição animal e como isso pode beneficiar a cadeia produção de ruminantes como um todo.
Ionóforos: o que são e como agem na nutrição animal?
Os ionóforos são antibióticos muito usados nas dietas de ruminantes, também chamados de aditivos, que são elementos adicionados na formulação de rações, com objetivo de preservar, fortalecer ou alterar suas características, contanto que não atrapalhe o valor nutritivo da ração.
Os ionóforos em ruminantes, age diretamente no rúmen, de forma seletiva, eles diminuem ou impedem o crescimento de microrganismos do ambiente ruminal.
Essa ação faz com que dificulte o desenvolvimento de acidose ruminal, e assim os nutrientes serão melhor aproveitados e, consequentemente aumentará o desempenho animal. Os tipos de ionóforos usados na produção animal são:
- Monensina;
- Narasina;
- Salinomicina;
- Maduramicina;
- Semduramicina;
- Lasalocida.
O uso de ionóforos é capaz de trazer uma diminuição na produção de metano, transformando o processo digestivo mais efetivo por meio da redução das perdas energéticas.
Ao usar ionóforos, as bactérias gram-negativas irão prevalecer mais do que as gram-positivas, que são as bactérias dominantemente produtoras de gás metano. Com esse processo ocorre uma queda na produção de metano no sistema fermentativo.
Figura 1- Ionóforos na Nutrição de Ruminantes
No Brasil, a monensina e lasalocida são os ionóforos mais usados para ruminantes, eles melhoram a conversão alimentar e ajudam no aumento do ganho de peso, tanto em animais criados a pasto quanto em confinamento.
Bom, o mistério sobre a definição de monensina e lasalocida já foi desvendado. Sim, todos são antibióticos e tanto a mosensina quanto a lasalocida são classificados como ionóforos, os dois atuam como promotores de crescimento, pois elevam a eficiência e a taxa de ganho de peso vivo. Mas qual a ação individual deles?
Monensina e lasalocida: descubra a atuação na nutrição de ruminantes
A monensina sódica é amplamente usada na pecuária, especialmente com bovinos de leite, é um dos aditivos que é muito consolidado, tanto na literatura quanto nas atividades práticas.
Nos Estados Unidos o uso deste composto em dietas para gado de corte confinado ocorre desde 1976 e em animais em pastejo desde 1978. Esse aditivo é muito usado na nutrição animal, pois tem o papel principal de melhorar a eficiência nutricional.
Quando é incorporada na dieta de vacas, a monensina limita o desenvolvimento de bactérias gram-positivas. Manipulando a fermentação ruminal e com isso viabilizando mais potência para produção de leite.
Já na nutrição de bezerras, a monensina tem sido usada complementada ao concentrado, para evitar a coccidiose, que é uma doença provocada por um protozoário que parasita o epitélio intestinal provocando diarreia líquida, causando diminuição no desenvolvimento das bezerras e elevada taxa de mortandade.
A lasalocida sódica, quando é consumida pelos ruminantes, apresenta diversos efeitos na fermentação ruminal.
Assim como outros ionóforos, proporcionam modificações na constituição do ecossistema ruminal, agilizando os progressos benéficos, como a danificação da fibra, diminuição na produção de metano e excedente de lactato, preservando assim o pH estável.
Quando esse aditivo é correlacionado com a monensina, mostra como benefícios a maior palatabilidade e menos toxidez.
Na flora ruminal, como mencionado alguns parágrafos acima, os ionóforos atuam seletivamente, tendo favoritismo pelas bactérias gram-positivas e elevando as concentrações das gram-negativas. Por isso, além das reduções de produção do gás metano, também diminui a produção de lactato, amônia e eleva a produção de propionato no rúmen.
Com a queda na produção de amônia e lactato, tem um progresso no equilíbrio do pH ruminal, ao mesmo tempo que a elevação na proporção de propionato causa uma maior disponibilidade de energia para o animal.
Relação dos óleos essenciais com os ionóforos na nutrição animal
Mas qual a relação que os óleos essenciais têm com os ionóforos? Os óleos essenciais surgem como a possibilidade de substituir os antibióticos na nutrição animal.
As pesquisas utilizando os compostos químicos provenientes de extratos vegetais, isolados ou em sinergia, ou mesmo a utilização de extratos vegetais na nutrição e manejo de ruminantes tornou-se importante nos últimos anos, apesar dos dados obtidos ainda não serem conclusivos.
Grande parte dos trabalhos de investigação da ação dos extratos vegetais no metabolismo dos ruminantes refere-se, principalmente, à atuação dos extratos no ambiente ruminal. Nestas condições, verificam-se resultados semelhantes à utilização de ionóforos quanto aos produtos resultantes dos processos fermentativos e ao balanço populacional de bactérias e protozoários no ambiente ruminal.
Óleos essenciais são combinações complexas de diversas substâncias que se evaporam com facilidade, tem forte ligação com gorduras, são líquidos e geralmente propagam odores.
São obtidos a partir de diferentes partes da planta, tais como, folhas, raízes, caule ou de mais de uma parte, sendo que a melhor tecnologia para extração desses óleos essenciais é por destilação a vapor, quando comparadas pela extração com metanol ou hidroxi-acetona.
Vários são os óleos essenciais, porém alguns deles já possuem suas funcionalidades conhecidas, além dos métodos de extração serem de fácil operação, são eles:
- Timol (extraído do tomilho – Thymus vulgaris);
- Carvacrol (extraído do orégano – Origanum sativum);
- Alina e alicina (extraídos do alho – Allium sativum):
- Citrol e citronolol (extraídos de diversas plantas cítricas);
- Mentol (extraído da menta – Mentha piperita);
- Cinamaldeído (extraído da canela – Cinnamomum zeylanicum).
Alguns pesquisadores acreditam que, para obtenção de melhores resultados, devem ser administradas combinações de óleos essenciais de diferentes plantas e reforçados pelos princípios ativos mais relevantes.
Como utilizar óleos essenciais para otimizar a nutrição animal?
Dentre os possíveis mecanismos de ação dos óleos essenciais no organismo animal, é possível citar informações da microflora intestinal, aumento na digestibilidade e absorção de nutrientes, através do estímulo da atividade enzimática, melhora da resposta imune, controle na produção de amônia, modificações morfo-histológicas do trato gastro-intestinal e atividade antioxidante.
Apesar das informações existentes, há necessidades de investigações mais profundas da ação dos princípios ativos e seus efeitos in vivo, permitindo ganhos expressivos no desempenho dos animais para que os extratos vegetais possam ser adotados expressivamente na nutrição animal.
Se você gostou deste texto, leia também nosso e-Book sobre adubação de pasto e saiba como melhorar ainda mais o desempenho dos seus animais.
Artigo escrito por Sabrina Coneglian | Especialista em Inovação e Desenvolvimento de Mercado – FEED da Mosaic Fertilizantes
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