Antes de chegar o momento de abater os animais, é preciso lançar mão de estratégias que ajudarão na redução dos custos. O produtor pode usar táticas que vão auxiliar no manejo de pastagem e fazer outras ações que irão colaborar com o aumento da produção de carne.
Você quer reduzir a idade de abate dos seus animais? Sabe qual é a definição de semiconfinamento? Essas e outras perguntas serão respondidas neste artigo. Bateu a curiosidade? Confira as informações no texto a seguir. Boa leitura!
Fatores que diminuem o desempenho da pastagem e dos animais
Ao decorrer do ano a produção e valor nutritivo das pastagens oscilam muito, se os bovinos criados a pasto não tiverem uma alimentação alternativa, o desenvolvimento deste animal não será o mesmo, inevitavelmente a performance cairá.
No período das chuvas somado a um bom manejo de pastagem, o pasto consegue aumentar a sua produção, melhorar o valor nutritivo e aumentar a qualidade, assim, esses animais terão maior ganho de peso diário e o desempenho será satisfatório.
Porém, quando chega o período da seca, o pasto não tem condições mínimas para produzir e a qualidade nutritiva, inevitavelmente, acaba caindo. Nessas condições, os animais não têm volume e qualidade suficientes de alimento para sua mantença e, a falta de capim nutritivo reflete diretamente no desempenho animal com perda de peso.
Outro fator importante que tem grande influência na produção e no valor nutritivo das pastagens no território nacional é a baixa fertilidade dos solos.
A carência de fertilidade dos solos brasileiros tem por principais características a pouca reserva de fósforo, pH baixos (solos ácidos), alta saturação por alumínio, que provoca limitações no crescimento do capim, causando toxicidade para as plantas.
Por fim, todas essas condições colaboram com a limitação da performance da planta forrageira e respectivamente o rendimento animal.
Em função dos fatores citados nos parágrafos acima, os animais acabam atingindo o tempo de abate com idade avançada. A idade média de abate de bovinos em território nacional é de aproximadamente 48 meses. Fazendo uma breve comparação, nos Estados Unidos a idade média não ultrapassa de 24 meses.
Mas é bom deixar claro que os sistemas de produção, raças e outros aspectos são distintos por lá, no entanto, é possível que o Brasil utilize táticas que impactarão diretamente na redução da fase de terminação dos bovinos.
Sistemas de terminação: saiba as diferenças entre semiconfinamento, confinamento e Terminação Intensiva a Pasto (TIP)
Os produtores rurais de bovinos deparam-se com muitos desafios para engordar seus animais. Eles sempre buscam fazer uso de manobras que ajudarão a driblar as alterações climáticas, melhorar a nutrição, reduzir os custos de produção, alterar a taxa de lotação, enfim, são várias causas que no final, impactarão diretamente nos preços finais de venda dos animais. E essas estratégias valem tanto para criação de bovinos em sistema extensivo ou intensivo.
O semiconfinamento é um sistema de terminação de bovinos a pasto, esse tipo de sistema possibilita ao criador elevar o ganho de peso diário e o rendimento de carcaça de bovinos sustentados livremente no pasto. A tática usada nesse processo é corrigir as carências nutricionais que as pastagens demonstram ao longo dos anos, principalmente na época seca do ano. Desta forma, se faz necessária a suplementação com concentrado no cocho (corretamente dimensionado) para que os animais atinjam o desempenho desejado na fase final de criação.
Quando falamos em confinamento, o termo traz a ideia de confinar, ou seja, limitar o espaço. Dito isso, confinamento nada mais é do que fechar os animais num espaço, onde ele receberá alimento e água no cocho. Esses animais não terão acesso a pastagem, eles comerão 100% da sua dieta num espaço delimitado.
Já na Terminação Intensiva a Pasto (TIP), a oferta de concentrado é maior do que a oferecida no semiconfinamento e menor do que a ofertada no confinamento. Na TIP, normalmente é fornecido de 1,4% a 2% do peso vivo concentrado. E o volumoso vem das pastagens antecipadamente adubadas para regular a lotação durante o ano. De forma geral, trabalha-se com a taxa de lotação mais alta do que no primeiro sistema mencionado, aqui os animais não dependerão tanto do pasto.
Quais as vantagens e desvantagens do semiconfinamento?
A terminação de bovinos a pasto é um sistema capacitado para promover vários benefícios ao pecuarista, não é à toa que seu uso cresceu bastante no Brasil. As principais vantagens no semiconfinamento são:
- Redução da idade de abate;
- Aumento na produção de arrobas;
- Ampliação do giro de capital;
- Aumento nos índices de produtividade;
- Maior possibilidade de programação dos abates anuais;
- Aumento da lucratividade por ano;
- Possibilita descanso do pasto, em especial na época de seca.
Não direi que é uma desvantagem, mas sim um ponto limitante, que é a estacionalidade de produção das plantas forrageiras, o que já é de esperar. Porém, o fato de ter oferta de suplementos para complementar a alimentação dos animais, não quer dizer que a pastagem não precisará de cuidados. Por isso é importante que o pecuarista esteja preparado para usar outros métodos como vedar o pasto na época da seca e fertilizar o solo.
A adoção de algumas tecnologias disponíveis como correção de solo (calagem e gessagem), adubação, suplementação durante o período do ano e utilizar o cruzamento entre raças (complementariedade) são aliados importantes para melhorar a produtividade do setor pecuário, bem como diminuir a idade de abate dos animais. Os benefícios em se utilizar as tecnologias citadas acima vão da cria até a terminação. Também vai ajudar a melhorar os índices reprodutivos das reprodutoras e aumentar a rentabilidade do pecuarista, ou seja, essas tecnologias exercem grande e positiva influência dentro do ciclo pecuário como um todo.
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Semiconfinamento com fêmeas mestiças
Atualmente, o uso de semiconfinamento em fêmeas meio sangue Nelore/Angus cresceu muito. Esse crescimento, se deve ao menor ciclo de produção dessas vacas mestiças, baixo investimento em infraestrutura, em relação ao confinamento convencional; dieta relativamente barata, desempenho superior a suplementação estratégica e valor agregado ao produto final a ser comercializado.
Vale salientar que com o semiconfinamento no período seco, existirá a necessidade de diferimento prévio da pastagem para que haja acúmulo de forragem para todo o período. Para esse método de terminação, é comum o fornecimento de 0,7 a 1,5% do peso vivo em concentrado e o volumoso sendo o pasto diferido no final do período das águas, para ser utilizado pelos animais durante o período seco em regime de semiconfinamento.
Para realizarmos essa tática nutricional de maneira mais assertiva, devemos adequar a adubação dos pastos para posterior diferimento. Levando em consideração o número de animais que vamos alojar na área escolhida, deve-se considerar também a raça ou grupo genéticos dos animais. Mas porque a raça? Pois algumas raças, como os animais taurinos, por exemplo, têm consumo maior que os zebuínos.
O diferimento de pastagem para adesão do semiconfinamento como estratégia alimentar de terminação, deve permitir acúmulo de forragem em torno de 6 toneladas de matéria seca (MS).
Com o acúmulo dessa massa, o período do semiconfinamento deve ser de aproximadamente 60 dias, pois sabemos que no período seco há baixo crescimento e perda de qualidade nutricional das pastagens ao longo do tempo.
Diante dos números citados acima, segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Rodrigo Gomes e outros cientistas, a recomendação é que a lotação inicial seja de 1 a 2 UA/ha.
Estratégia alimentar para fêmeas em semiconfinamento
Para formulação da dieta do semiconfinamento, podemos utilizar produtos e coprodutos disponíveis na região para baratearmos a dieta dos animais e deixar a engorda a pasto mais atrativa economicamente. Normalmente utilizamos fontes proteicas e energéticas, ureia pecuária e um núcleo mineral com todos os minerais, vitaminas e aditivos.
A inclusão desses ingredientes irá depender do grau de intensificação e do volume de concentrado que será fornecido aos animais.
O desempenho dos animais utilizando o semiconfinamento, irá depender da raça ou grupo genético, gênero e porcentagem do peso vivo concentrado. Porém, de maneira geral, o desempenho dos animais nesse sistema de produção é muito bom, podendo ir de 1,2 a 1,5kg/cabeça/dia, com inclusões maiores de concentrado (1,5%). E sem falar que no semiconfinamento, normalmente o rendimento de carcaça dos animais é maior quando comparados a um sistema de suplementação convencional.
Isso se deve ao fato que os animais ingerem uma boa quantidade de concentrado e menos alimento volumoso (fibra). Com isso há menor distensão e/ou aumento do trato gastrointestinal dos animais (menor volume de vísceras), o que faz com que os animais tenham menores perdas durante a evisceração, aumentando o rendimento de carcaça.
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O que esperar da estratégia de semiconfinamento?
O semiconfinamento é um ótimo método para engorda de animais a pasto. Essa técnica nutricional, nos possibilita melhorar o acabamento de carcaça, em função do aumento da deposição de gordura subcutânea (espessura de gordura), que tem o papel de proteger a carcaça contra o escurecimento e a rigidez do músculo, o qual é causado pela baixa temperatura da câmara fria.
Caso a carcaça não apresente o mínimo de gordura subcutânea, que é de 3mm, durante o período que ficar na câmara fria ela irá sofrer escurecimento dos cortes cárneos, encurtamento pelo frio, tornando a carne mais rígida (mais dura) e terá alterações nos processos bioquímicos na transformação do músculo em carne, o que pode acarretar maior rejeição desses cortes pelos consumidores.
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Artigo escrito por Fábio Ferrari | Especialista em Desenvolvimento de Mercado em Pecuária da Mosaic Fertilizantes.
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